segunda-feira, 2 de março de 2015

Dólar e Euro tendem a se encontrar?

COTAÇÃO 02/03/2015

Dólar e Euro tendem a se encontrar?

Instabilidade na Zona do Euro e sinais de recuperação nos Estados Unidos. Esse cenário faz com que o Dólar se valorize, enquanto o Euro se mantém estável. Há quem acredite que as moedas tendem a um mesmo patamar
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Não é só o real que vem perdendo valor ante o dólar. A moeda norte-americana vem se valorizando em relação a praticamente todas as moedas. Enquanto o euro se manteve estável em relação ao real nos últimos 12 meses, cotado a R$ 3,22, o dólar registrou valorização de pouco mais de 23%. E no mesmo período, o dólar se valorizou 20% em relação ao euro. Há um ano, o dólar valia 72 centavos de euro e hoje vale 89 centavos. E há quem acredite que a relação entre as moedas pode chegar a um para um no curto ou médio prazo, dependendo do que ocorrer na problemática Zona do Euro, que vem apresentando baixo crescimento.

Os sinais de melhora da economia americana, como os dados sobre criação de empregos, e a expectativa de que o banco central dos Estados Unidos (Fed) eleve os juros já neste semestre são alguns dos fatores que devem contribuir para a valorização da moeda. Com relação ao euro, porém, a possibilidade da saída da Grécia da Zona do Euro, recessão na Suíça, e os conflitos e sanções econômicas na Rússia, de consequências ainda incertas, são alguns dos problemas a serem enfrentados.

“Um dos principais fatores do euro é a incerteza sobre o futuro da economia dos países da Zona do Euro, que estão numa combinação de PIB (Produto Interno bruto) muito baixo com possibilidade de deflação”, diz o economista Vitor Leitão, sócio da SM Consultoria.

Ele ressalta que medidas adotadas pelo banco central europeu para estimular a economia, deve enfraquecer ainda mais a moeda, na medida em que mais euros forem injetados no mercado. “O banco central europeu entrou com compra de títulos no valor de 1 trilhão de euros. O intuito é resgatar esses títulos e deixar esse dinheiro na mão do investidor”, ele diz. “Então acho factível o dólar e o euro no mesmo patamar”.

Apesar da pequena participação da economia grega na Zona do Euro, o impacto da saída do país do bloco econômico levaria ainda mais insegurança ao mercado, aumentando o temor de que o mesmo venha a ocorrer com outros países, como Espanha, Irlanda ou Portugal. Para o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-Ceará), Ênio Arêa Leão, a situação mais provável é a Zona do Euro continue em declínio.

“Não vejo como a Europa possa conseguir resolver seus problemas no curto prazo. O que eu vejo é cada país do bloco querendo se safar. A Alemanha não tem capacidade de financiar essas dificuldades durante muito tempo, principalmente com o novo governo grego se rebelando (contras medidas do programa de resgate financeiro ao país)”, diz Arêa Leão. Para ele, a deterioração da situação da economia europeia tende a fortalecer o dólar, com mais investidores buscando segurança na moeda americana.

Estados Unidos
Apesar da recuperação da economia dos Estados Unidos, com diminuição da taxa de desemprego e aumento do nível de consumo, Leão não acredita que seu crescimento se sustente por muito tempo sem que o resto do mundo também cresça, em particular a própria Europa e China. “O atual crescimento dos Estados Unidos é reflexo do tempo em que sua economia ficou estagnada, mas para continuar crescendo no médio e longo prazo o mundo precisa crescer também”.

Tira-dúvidas

Como o Banco Central interfere no dólar?
Por meio dos leilões diários de “swaps cambiais”. O BC oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida e no dia do vencimento o BC se compromete a pagar uma taxa de juros sobre valor dos contratos e recebe de quem comprou a variação do dólar no mesmo período.

Por que o preço da compra é diferente da venda?
A diferença entre o preço de compra e venda é referente a taxa de lucro e o custo de operação das casas de câmbio e outras instituições que comercializam a moeda.

O que influencia a variação das moedas?
O principal fator é a relação entre oferta e demanda. Ou seja, se tem muita gente comprando e pouco dólar à venda, a moeda fica mais cara. E se há muito dólar no mercado e poucos interessados, a moeda fica mais barata.

O que aumenta a oferta?
As exportações (produtos vendidos pelo Brasil e pagos em dólar), gastos de turistas estrangeiros em cidades brasileiras são fatores que aumentam a oferta da moeda no país. A taxa de juros, quando aumenta, também estimula investidores estrangeiros a colocar mais dólares no Brasil.

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