sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Apesar de Justiça mandar liberar estradas, bloqueios seguem na sexta

27/02/2015 07h59 - Atualizado em 27/02/2015 19h56

Apesar de Justiça mandar liberar estradas, bloqueios seguem na sexta

Governo diz que vai punir manifestantes que descumprem decisões.
Caminhoneiros protestam contra aumento do diesel e valor do frete.

Do G1, em São Paulo
A Justiça determinou a liberação das rodovias federais em 11 estados, mas caminhoneiros ainda mantêm bloqueios no Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, nesta sexta-feira (27). Há manifestações sem interdição de vias na Bahia.
Nesta tarde, caminhoneiros fecharam o km 228 da Via Dutra, na saída de São Paulo,provocando um grande congestionamento.
Em Três Cachoeiras, no Rio Grande de Sul, o clima ficou tenso durante a manhã. A polícia usou bombas de gás para liberar trecho da BR-101
(Veja abaixo a situação em cada estado e aquios pontos de bloqueio)
A categoria critica o aumento do preço do litro do óleo diesel e o valor pago pelos frentes, que considera baixo.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta quinta-feira (26) que determinou às superintendências da Polícia Federal (PF) a abertura de inquéritos para apurar se ocorreram abusos nos protestos.
Cardozo também disse ter mandado a Polícia Rodoviária Federal (PRF) multar os motoristas que estão bloqueando as estradas federais. Segundo ele, as multas serão utilizadas para identificar quem descumpriu as ordens judiciais de desbloqueio.
Os juízes fixaram multas que variam de R$ 1 mil a R$ 50 mil para cada hora que os manifestantes se recusarem a liberar as pistas.
Negociações
Sindicatos e associações aceitaram a proposta do governo nesta quarta-feira (25) para acabar com os bloqueios. Entre os pontos do acordo, está a sanção integral da Lei do Caminhoneiro, que regulamenta a profissão de motorista, e o compromisso da Petrobras de que o diesel não sofrerá reajuste nos próximos seis meses. 
A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) divulgou, nesta quinta, uma notacriticando a possível sanção sem vetos da Lei dos Caminhoneiros. A entidade não concorda com artigos da lei que aumentam o sobrepeso dos veículos transportadores de carga e que isentam os que estão vazios do pagamento de eixo suspenso.
O acordo com o governo não contou com o apoio de Ivar Luiz Schmidt, que se diz representante do Comando Nacional do Transporte. Segundo ele, o CNT é responsável por cerca de 100 bloqueios nas estradas.
Como a liderança do movimento não é centralizada, há manifestantes que continuam parados alegando que não foram notificados ou que o grupo que negociou com o governo não tem legitimidade.
Uma nova reunião foi marcada entre caminhoneiros e empresários, com mediação do governo, para o dia 10 de março. O encontro servirá para que as duas partes cheguem a um acordo sobre uma tabela que calculará os novos preços dos fretes.
Decisões judiciais
Divulgadas entre terça e quarta-feira, decisões judiciais impedem os motoristas de fecharem todas as rodovias federais de Minas GeraisBahiaMato Grosso do SulMato GrossoSão Paulo eCeará, e em 14 municípios de outros cinco estados – ParanáGoiásTocantinsRio Grande do Sul e Santa Catarina.
Como as determinações se referem apenas às rodovias federais, em alguns estados os caminhoneiros têm mantido fechados trechos de estradas estaduais.
VEJA COMO ESTÁ A SITUAÇÃO EM CADA ESTADO ÀS 18H:
Dezenas de caminhões estão parados também em Xanxerê (Foto: PRF/Divulgação)Dezenas de caminhões estão parados também em
Xanxerê (Foto: PRF/Divulgação)
SC
Caminhoneiros fecharam as entradas do porto de Itajaí e do Terminal de Navegantesno fim da manhã desta sexta-feira. Até as 13h eles seguiam impedindo a passagem.
A categoria mantém bloqueios em cerca de 20 trechos de rodovias catarinenses no décimo dia de protestos no estado.
A Justiça de Santa Catarina determinou que caminhoneiros que impedirem a passagem de caminhões nas rodovias estaduais sejam multados em R$ 10 mil por dia. A multa parabloqueio de estradas federais já havia sido estabelecida. 
Devido aos bloqueios nas estradas, que impedem o transporte de mercadorias, quase 90% dos grandes frigoríficos de Santa Catarina estão parados e 30 mil funcionários não estão trabalhando, segundo o Sindicato das Indústrias e Derivados de Carne do estado. Já falta carne nos mercados do oeste e problema pode chegar ao litoral. 

Caminhoneiros fazem paralisação na PR-218, em Astorga (Foto: Ramon Rosa/Arquivo Pessoal)Caminhoneiros fazem paralisação na PR-218, em
Astorga (Foto: Ramon Rosa/Arquivo Pessoal)
PR
Os protestos de caminhoneiros nas rodovias do Paraná completam 15 dias nesta sexta-feira. Na maioria dos trechos fechados, apenas os veículos de carga, com exceção dos com cargas vivas, são impedidos de seguir viagem.
Até as 18h desta sexta, os protestos eram realizados em cerca de 50 trechos de rodovias estaduais e federais.
Nas rodovias federais, os caminhoneiros descumprem uma determinação da Justiça que proíbe bloqueios em rodovias em Curitiba, Foz do Iguaçu, Toledo, Guarapuava e Londrina.
Com os veículos parados nas estradas, os protestos começam a refletir em vários setores da economia do estado. A Prefeitura de Pitanga, na região central do Paraná, decretou estado de emergência na tarde de quinta-feira. Começam a faltar alimentos nos supermercados, e o estoque de gás de cozinha já chegou ao fim. A falta de combustíveis impossibilitou o abastecimento dos veículos, e as aulas foram suspensas.
Os aeroportos de Cascavel e Foz do Iguaçu estão sem combustível para as aeronaves.Também falta combustível em várias outras cidades, além de alimentos e medicamentos. Indústrias e frigoríficos também tiveram que suspender as atividades por falta de matéria-prima e, em alguns casos, de embalagens.
O porto de Paranaguá, principal terminal de exportação de produtos agrícolas do país, ficou praticamente vazio, e as exportações começaram a ficar comprometidas. No oeste e no sudoeste do Paraná, indústrias suspenderam a coleta de leite e o abate de aves.
Em Umuarama, no noroeste do Paraná, a coleta de lixo comum foi suspensa. De acordo com a Secretaria Municipal de Serviços Públicos, os caminhões não conseguem descarregar o lixo coletado no aterro sanitário que fica na rodovia PR-480, pois o trecho está bloqueado.

Bombas de gás são usadas para liberar a BR-101, em Três Cachoeiras (Foto: Alessandro Castro/PRF)Bombas de gás são usadas para liberar a BR-101,
em Três Cachoeiras (Foto: Alessandro Castro/PRF)
RS
A presidente Dilma Rousseff foi recebida com protesto de cerca de 200 pessoas, entre elas caminhoneiros e agricultores,  nesta sexta em Santa Vitória do Palmar, onde foi inaugurar um parque eólico.
Os bloqueios de rodovias seguem no estado, tanto em vias federais quanto estaduais, pelo quinto dia consecutivo.
Até as 18h desta sexta-feira (27), havia bloqueio em quase 70 trechos de rodovias no estado. Nos locais onde há protesto, apenas carros de passeio, ônibus e veículos com cargas vivas são autorizados a seguir viagem.
A BR-101, em Três Cachoeiras, tem um dos pontos mais críticos, onde, nesta manhã, a polícia jogou bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral para dissipar os manifestantes. A rodovia foi liberada após a ação. Na quinta, um caminhoneiro foi preso no local.
Duas pessoas foram presas por vandalismo. Segundo a PRF, crianças foram levadas pelos próprios pais para a manifestação. "Houve uma mudança no comportamento dos manifestantes. Moradores da cidade trouxeram crianças e estão bloqueando a pista. Alertamos para sair da pista, e eles não saem. Agora acionamos o choque da PRF e da Força Nacional de Segurança", explicou o inspetor Alessandro Castro à Rádio Gaúcha, pouco antes do uso das bombas de gás.
A paralisação dos caminhoneiros já afeta diversos setores produtivos no estado. Indústrias de laticínios e frigoríficos, por exemplo, estão com produção reduzida por falta de matéria-prima e já contabilizam prejuízos. Caso a circulação de mercadorias não seja normalizada, os supermercados afirmam que podem faltar produtos nas prateleiras.

Após desentendimento entre caminhoneiros, soja é derramada em Nova Mutum (MT) (Foto: Arquivo pessoal/Luiz Carlos Gonçalves)Soja foi despejada na BR-163, em Nova Mutum
(Foto: Arquivo pessoal/Luiz Carlos Gonçalves)
MT
Onze trechos de rodovias permaneciam bloqueados em Mato Grosso às 18h desta sexta-feira. Os protestos dos caminhoneiros se concentram nas BRs 163, 364 e 070, em Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Sorriso, Sinop, Rondonópolis, Diamantino e Primavera do Leste.
Para evitar que caminhoneiros que não aderiram ao movimento sigam viagem, desviando do trecho bloqueado na BR-364 em Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá, osmanifestantes montaram outra barreira no perímetro urbano da cidade. Na Avenida Francisco Goulart, perto do Horto Florestal, os motoristas que tentam desviar por essa rota alternativa, dentro da cidade, são impedidos de passar, como informou a Secretaria de Trânsito do município.
Por volta do meio-dia, na altura do km 269 da BR-163, em Nova Mutum, houve briga entre caminhoneiro contra e a favor do protesto. A via, que tinha sido liberada uma hora antes, voltou a ser interditada. Uma carga de soja foi espalhada na pista.
O protesto na capital teve início na segunda-feira (23), dia em que o número de interdições foi ampliado no estado.

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