domingo, 22 de fevereiro de 2015

Especialistas e autoridades alertam para riscos causados por drones

Edição do dia 22/02/2015
22/02/2015 21h53 - Atualizado em 22/02/2015 21h53

Especialistas e autoridades alertam para riscos causados por drones

De uns tempos para cá, invadiram desde casamentos até presídios. No Brasil, são permitidos voos apenas para esporte ou lazer e longe do público.

Uma das inovações no carnaval carioca, este ano, foi o uso de drones no desfile da Portela. Drone é o nome que se dá a qualquer tipo de veículo aéreo não tripulado. Normalmente, essa engenhoca fica voando e filmando tudo lá do alto. De uns tempos para cá, virou febre, invadindo desde casamentos até presídios. Mas as autoridades agora querem botar ordem nessa moda arriscada.
Eles chegam aonde a gente não poderia chegar. Podem substituir a gente em algumas tarefas. Mas também causam problemas e ameaçam quem vive nos ares.

"América 190. Cuidado. Um drone foi visto perto da rota 27-direita”, diz um piloto em conversa com a torre.

Os drones estão por toda parte. No carnaval do Rio de Janeiro, a Portela levou para a avenida cerca de 400 drones, a maioria enfeitados como águias - o símbolo da escola.

Nos Estados Unidos, esse mercado cresce sem parar. A gente já encontra drones para vender em prateleira de loja. Em uma das maiores de Nova York tinha, no máximo, meia dúzia de modelos quando o local começou a vendê-los, menos de dois anos atrás. Hoje já são mais de 30.

Ideias para o uso do drone não param de aparecer. Ainda mais quando ele tem uma camerazinha a bordo. Pode até levar o cachorro para passear.

Serve para mapeamento de plantações, inspeção de torres e antenas. Vídeos para vender mansões, cenas de cinema e reportagens. Uma simulação mostra como um drone pode ajudar a polícia num acidente com vazamento de produto perigoso.

Mas até onde se pode chegar com esses equipamentos? Esta semana, a agência americana que administra a aviação criou regras para o uso comercial de drones. Eles só podem voar de dia. Existe limite de peso, altitude e velocidade. O piloto não pode perder o equipamento de vista, nem sobrevoar pessoas. E ele precisa fazer um teste, registrar o drone e pagar uma taxa.

Essas regras só devem valer daqui a dois anos. O presidente da maior associação internacional de drones, Brian Wynne, afirma que as regras vão facilitar o uso: "Nos primeiros dez anos após a lei, os drones devem movimentar US$ 82 bilhões e criar mais de 100 mil novos empregos", diz.

Os voos recreativos são permitidos, com restrição de altitude. Há menos de um mês, um desses aviõezinhos caiu no jardim da Casa Branca. O piloto admitiu que estava bêbado e perdeu o controle.

No Brasil, essas engenhocas já estão dando dor de cabeça. No ano passado em São Paulo, a polícia apreendeu um drone que tentava entregar celulares dentro de um presídio. Neste carnaval, no Recife, um drone atingiu o Galo da Madrugada, símbolo do maior bloco de rua do país.

E a performance aérea da Portela acabou chamando a atenção da Agência Nacional de Aviação Civil. A Anac abriu uma investigação porque a escola não tinha autorização para operar os drones.

“A Portela contratou uma firma com brinquedos por controle remoto. O que não existe é uma legalização, ninguém sabe, o que que é drone, o que pode, o que que não pode”, afirma Luiz Carlos Bruno, diretor de carnaval da Portela.
E na noite de sábado (21), a Portela voltou a usar os drones no Desfile das Campeãs do carnaval do Rio.

Segundo a Anac, voos com drones no Brasil estão permitidos apenas para esporte ou lazer. E sempre longe do público. Para qualquer outro tipo de uso, como o da Portela, por exemplo, é preciso que a Agência conceda uma autorização especial.

O país ainda não tem uma legislação específica para os drones e a proposta de regulamentação está em fase de conclusão para ser submetida à consulta popular.

“Hoje os drones podem ser usados tanto para recreação como para uso profissional. Por não existir uma certificação específica, as pessoas estão voando. Isso já é uma realidade. Esses equipamentos possuem sempre umas hélices expostas em alta rotação. Essas hélices, entrando em contato com alguma pessoa, com algum objeto, podem causar danos”, explica Ricardo Cohen, vice-presidente da Associação Brasileira de Multirrotores. 

Uma das pessoas que espera a regulamentação é o Rodrigo Ricetti, de São Carlos, interior de São Paulo. Ele tem uma rede de padarias e queria usar drones para fazer entregas.

“Para os clientes também é muito bom porque a comodidade vai chegar o pãozinho voando em casa, ali no quintal”, diz o empresário.

Nos Estados Unidos, já existem até cursos para voar com drones. O treinamento dura 18 horas. O instrutor Brian Pitre alerta: "Os drones também podem ser perigosos. Por isso, é fundamental aprender o jeito certo de usar".

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