sábado, 26 de dezembro de 2015

2015: Dilma derrubou o Brasil. O Brasil não derrubou Dilma Em 2016, o país depende mais do que nunca da Lava Jato para se livrar dela


Moro Dilma montagem
Dilma Rousseff só tem o apoio formal de 159 dos 513 deputados, segundo o Datafolha.
Para atingir os 172 votos necessários para barrar o impeachment ainda na Câmara, ela precisa de mais 13.
Os parlamentares pró-impeachment conseguiram arrebanhar 215 votos. Precisam de mais 127 para atingir os 342 necessários para derrubar Dilma.
A decisão está nas mãos de 138 parlamentares, que ainda não se definiram ou não responderam à pesquisa.
Pode parecer que Dilma está mais próxima de se salvar nesta etapa do que o contrário, mas, se o vice-presidente Michel Temer vencer a disputa interna no PMDB, a esperança é de que os deputados dos demais partidos venham correndo apoiá-lo, especialmente se o agravamento da crise for tão profundo a partir de março, como todos esperam.
Picciani “casaca”
Para acelerar esse processo, a ala pró-impeachment do PMDB tem usado um material de campanha do líder da bancada, Leonardo Picciani, quando apoiou o senador Aécio Neves para a Presidência da República.
Picciani dizia, na propaganda revelada pela coluna Radar, que o Brasil ” não aguenta mais quatro anos nas mãos erradas”.
“O que nos move é a vontade de ter esperança”, dizia o agora fervoroso dilmista, abraçado a Aécio num anúncio em que ainda dizia que o tucano é “ético e competente”.
PIcciani oposição
O material é usado para provar o óbvio: que Picciani mudou de lado devido a cargos no governo e liberação de emendas.
É duro imaginar que um apelo moral funcione com governistas do PMDB, ainda que a imagem já desgastada do partido esteja em jogo também. Temer sabe que seria mais fácil garantir cargos e emendas do eventual governo à rapaziada.
PSDB x PSDB
Já Aécio Neves, em entrevista à Folha, disse o seguinte:
“Apoiamos o impeachment porque estamos convencidos de que a presidente cometeu crimes que o justificam, mas, acontecendo o afastamento e assumindo o vice, passa a ser dele a responsabilidade de propor um novo projeto. A posição da maioria do partido e a minha é de que não devemos nem sequer pensar em cargos”.
“Isso não significa que vamos virar as costas para um eventual governo do vice”, acrescentou o senador.
O tucano Cássio Cunha Lima, considerando o recente golpe do STF que deu todo o poder ao Senado para salvar Dilma, disse ao Globo:
“Com essa nova realidade, o processo de impeachment fica indiscutivelmente mais difícil e o caminho do TSE será a salvação. Em março e abril, a crise será muito mais aprofundada, e o país vai precisar de uma saída via eleição e respaldada pela Constituição”.
Aécio naturalmente prefere a cassação e novas eleições, para as quais todas as pesquisas o colocam hoje como favorito. Suas declarações contra a ocupação de cargos no governo Temer se devem basicamente ao temor de que José Serra, virando ministro do governo peemedebista, ganhe cacife político para as eleições de 2018 e venha a derrotá-lo.
A experiência administrativa de Serra ainda o faria ocupar o cargo como quadro técnico, não como apaniguado, o que torna a hipótese ainda mais desagradável para Aécio e Geraldo Alckmin.
STF e TSE aparelhados
É duro imaginar que governistas como Maria Thereza, Luciana Lóssio e Luiz Fux votem pela cassação, mesmo diante de provas incontestáveis de uso de dinheiro roubado na campanha eleitoral, e que o STF golpista deixe de acatar recurso do governo contra a decisão, mas, assim como o avanço da Lava Jato sobre Renan Calheiros pode favorecer o impeachment, os efeitos demolidores da operação sobre PT e PMDB podem tornar a cassação possível, especialmente se Lula for preso.
No TSE, Temer tenta separar suas contas de campanha das de Dilma para não cair junto com ela e, embora o tribunal jamais tenha separado contas de integrantes da mesma chapa, o vice também torce para que os ministros decidam evitar a derrubada consecutiva de dois presidentes em nome da preservação da estabilidade das instituições.
Em 2015, Dilma derrubou o Brasil, mas o Brasil não derrubou Dilma.
Em 2016, o Brasil depende mais do que nunca da Lava Jato para se livrar dela.

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