Foto de Nuno Veiga, Lusa.
Em 2013, João Semedo e Helena Pintoquestionaram o então Ministro da Saúdesobre a inexistência, desde o início desse ano, e em virtude do “corte imposto pelo governo no pagamento de horas extraordinárias”, de uma escala preventiva, ao fim de semana, da equipa de Neurorradiologia de Intervenção no Centro Hospitalar de Lisboa Central.
No documento, os deputados bloquistas lembram que “após uma primeira rutura de aneurisma, o tratamento desse mesmo aneurisma deve ser feito o mais precocemente possível, de preferência nas primeiras 24h”, e questionam Paulo Macedo sobre que medidas estaria o Governo a implementar para resolver a situação e “quantos doentes na região sul ficaram privados de verem os seus aneurismas tratados a tempo e horas”. “Quantos morreram em virtude disso?”, questionam ainda.
Apesar de o Chefe do Gabinete do Ministro da Saúde ter reconhecido o problema e sublinhado que esperava que "este constrangimento esteja ultrapassado brevemente", a situação "não só não foi ultrapassada como se deteriorou", já que, em 2014, a equipa de Neurocirurgia Vascular também deixou de ter escala ao fim de semana. Esta realidade levou os dois deputados a questionarem novamente, em fevereiro de 2015, o responsável governamental sobre o tratamento dos aneurismas cerebrais no Hospital de São José, Centro Hospitalar de Lisboa Central.
Sem resposta, e denunciando que o governo "não responde a grande parte das perguntas endereçadas no prazo regimental de 30 dias", Helena Pinto volta à carga e, em 23 de março e 27 de maio, endereça as mesmas questões ao ministro Paulo Macedo.
"Urge aferir quais os procedimentos que vão ser adotados para resolver esta situação, de modo a assegurar o tratamento de aneurismas ao fim de semana, seja no hospital de São José seja garantindo a transferência dos doentes para outra unidade onde o procedimento se efetue", defende a deputada.
O Gabinete do Ministro Paulo Macedo só responde ao Bloco a 29 de setembro de 2015, referindo que, segundo o Conselho de Administração do CHLC, não houve conhecimento de qualquer queixa ou reclamação, via gabinete utente/cidadão, relativamente à não realização de cirurgia de embolização precoce.
No que respeita à transferência de doentes para outras unidades hospitalares, o gabinete de Paulo Macedo elucida que esta é "de facto limitada na medida em que, a imobilização e transporte na fase aguda da hemorragia subaracnoídea por aneurisma roto, não se revela como a mais adequada conduta médica".
"O CHLC poderá, no entanto, ter de recorrer à transferência dos doentes, em casos de necessidade extrema que em função de análise de risco/benefício, não se verificou desde abril de 2014", escreve Luís Vitório, Chefe de Gabinete do Ministro.
Na sequência da morte de David Duarte que, depois de esperar três dias no Hospital São José, em Lisboa, por uma cirurgia urgente para tratar um aneurisma, acabou por falecer no passado dia 14 de dezembro, o deputado bloquista Moisés Ferreira enviou um conjunto de questões ao atual Ministro da Saúde no qual destaca que “o anterior governo reconheceu, por variadas formas, a insuficiência dos serviços prestados no Hospital de São José mas nada fez para ultrapassar essas insuficiências”.
Os bloquistas questionam se “o atual governo tem conhecimento da situação exposta e que medidas urgentes serão aplicadas, de forma imediata, para que o hospital de São José volte a ter as equipas de neurorradiologia e de neurocirurgia vascular durante a os fins de semana”.
Para conhecer a situação existente a nível nacional, o Bloco quer ainda saber “quais as unidades hospitalares do país onde existem equipas de neurocirurgia vascular e quantas destas funcionam aos fins de semana”.
O secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, assegurou, entretanto, que o ministério está a "averiguar e a confirmar" se ocorreram mais quatro mortes no Hospital de São José, em Lisboa, por falta de assistência.
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