SÃO PAULO (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), previu nesta segunda-feira que a nova meta de superávit primário anunciada pelo governo não será cumprida e condicionou a votação na Câmara do projeto sobre repatriação de capitais, apontado pelo governo como essencial para se atingir o novo objetivo fiscal, a um envio de uma proposta sobre o tema pelo Executivo.
Na semana passada, a equipe econômica da presidente Dilma Rousseff reduziu a meta de superávit primário para o equivalente a 0,15 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), mas informou que uma cláusula permite que o objetivo seja novamente reduzido caso algumas receitas esperadas pelo governo não se concretizem.
Entre essas receitas está a esperada pelo governo com a repatriação de capitais brasileiros no exterior.
"Se o governo quer a repatriação dos capitais, ele que mande um projeto", disse o parlamentar a uma plateia de empresários em evento organizado pelo Lide em um hotel na zona sul de São Paulo.
O projeto sobre repatriação de capitais é de autoria do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), não uma proposta enviada pelo Executivo ao Legislativo. Ainda assim, passou a ser encampado pelo governo em meio à necessidade de aumentar a arrecadação para reequilibrar as contas públicas.
"Não dá para o governo terceirizar sua iniciativa legislativa a um parlamentar do PSOL, ou de qualquer partido", disse Cunha a jornalistas após a palestra.
Cunha, que recentemente anunciou seu rompimento pessoal com o governo, criticou a possibilidade de a meta de superávit sofrer nova redução caso o governo não obtenha algumas receitas que espera, como as da repatriação, e disse que o governo determina metas que "não são críveis".
O parlamentar centrou fogo também no ajuste fiscal realizado pelo Executivo, que classificou de "pífio", e o comparou a um "cachorro que corre atrás do próprio rabo".
"Quanto mais se ajusta, mais cai a arrecadação e mais se precisa ajustar", criticou Cunha, que diagnosticou a existência de uma crise política e de uma crise econômica que, na avaliação dele, estão "entrelaçadas".
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