sábado, 25 de julho de 2015

ENTREVISTA-Política fiscal continua neutra ou contracionista, diz Nelson Barbosa

Ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. 09/06/2015. REUTERS/Bruno Domingos
Por Patrícia Duarte e Cesar Bianconi
SÃO PAULO (Reuters) - O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, defendeu nesta sexta-feira que a política fiscal continua neutra ou contracionista, mesmo após a redução das metas de superávit primário, mas reconheceu que, no curto prazo, ela pode pressionar a inflação e obrigar uma resposta de política monetária.
"Você teve uma redução de meta (de superávit primário) com redução de gasto, não houve redução da meta para ampliar gastos.... Acho que a política fiscal continua neutra ou contracionista", afirmou o ministro em entrevista à Reuters, referindo-se às novas metas de economia para pagamento de juros da dívida pública anunciadas na quarta-feira.
"Por outro lado, tem o impacto indireto, que não é fruto da política fiscal, é a reação do mercado à revisão das metas fiscais que, nesse curto prazo, tem sido uma depreciação cambial que pode indiretamente bater na inflação e requerer resposta da política monetária", afirmou, acrescentando ainda que esse movimento pode ser revertido nas "próximas semanas".
Nesta sexta-feira, o dólar atingiu 3,34 reais, máxima em mais de 12 anos no intradia, ainda refletindo preocupações com o risco de o país vir a perder o grau de investimento após a mudança das metas fiscais. Na véspera, a moeda norte-americana já tinha subido mais de 2 por cento.
Segundo Barbosa, o esclarecimento da estratégia fiscal de médio e longo prazos tende a atenuar "essa resposta inicial na taxa de cambio e na taxa de juros, de modo a não criar nenhum problema para a política monetária".
Nesta manhã, o próprio Banco Central informou que surgiram novos riscos inflacionários e reafirmou que é preciso ficar "vigilante" para levar a inflação ao centro da meta --de 4,5 por cento pelo IPCA-- no fim de 2016.
O governo anunciou na quarta-feira uma redução drástica das metas de superávit primário deste e dos próximos dois anos, em meio a um cenário de contração econômica.

A meta em 2015 foi cortada de 1,1 para 0,15 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Para 2016 e 2017, os objetivos foram reduzidos a 0,7 e 1,3 por cento do PIB, respectivamente, contra 2 por cento anteriormente nos dois anos.

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