Campanha arrecada 63 bichos de pelúcia para filhotes em Manaus Com brinquedo, animais silvestres sentem-se mais seguros e protegidos. Treze filhotes órfãos vivem no Refúgio da Vida Silvestre Sauim Castanheiras

Filhotes órfãos encontram nos bichinhos de pélucia conforto e segurança, dizem especialistas. (Foto: Arlesson Sicsú/Semcom)

A campanha de arrecadação de bichinhos de pelúcia para atender a necessidade de conforto e diminuição do estresse dos filhotes de animais silvestres resgatados pelo Refúgio da Vida Silvestre Sauim Castanheiras tem resultado positivo. De novembro de 2015 até agora, foram recebidos 63 bichinhos nos três pontos de arrecadação disponibilizados pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas). 

Órfãos, os filhotes mantêm-se agarrados aos bichinhos de pelúcia como se estivessem ligados às suas mães e suprem a necessidade de carinho e aconchego.

Os bichinhos de pelúcia são destinados sobretudo aos filhotes de preguiça, macaco e tamanduá para que sintam-se mais seguros e protegidos. “O animal de pelúcia acaba funcionando como uma mãe num momento em que o filhote precisa do cuidado afetivo e calor, pois ele pensa que aquele é o corpo da mãe”, explica a chefe da Divisão de Áreas Protegidas da Semmas, Socorro Monteiro.

Socorro acrescenta que a ausência da mãe impede que o filhote desenvolva algumas habilidades, como caçar e se proteger. “E ele certamente terá 100% de chances de ser encaminhado para um zoológico, fadado à vida em cativeiro”, disse.

A campanha ganhou também o apoio de empresas do Pólo Industrial de Manaus, para as quais a equipe do Sauim Castanheiras apresentou o projeto. Atualmente, a Moto Honda e a Sony do Brasil estão se engajando à iniciativa e montando pontos de arrecadação nas suas unidades.

De acordo com o administrador do Refúgio, Rômulo Gonçalves, a ideia da campanha surgiu da necessidade de aumentar a quantidade de bichinhos de pelúcia para auxiliar no tratamento dos filhotes internados no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas). “Essa necessidade é constante, uma vez que os filhotes, principalmente de macacos, preguiças e tamanduás, dependem dos bichinhos de pelúcia para que sejam preenchidas lacunas deixadas pela ausência de suas mães, desde a fase de filhote até a fase jovem”, explica.
 

Brinquedos arrecadados são higienizados e
entregues aos 13 filhotes abrigados no refúgio.
(Foto: Arlesson Sicsú/Semcom)

Atualmente, o refúgio mantém abrigados 13 filhotes. Os animais acolhidos são mantidos em tratamento, depois de terem sido resgatados ou entregues na Unidade de Conservação.

Onde doar
A campanha é permanente. Estão disponibilizados três pontos de arrecadações dos bichinhos, na sede da Semmas que fica na Vila da Prata, no Parque Cidade da Criança localizado no bairro Aleixo e, no próprio Refúgio Sauim Castanheiras, no Distrito Industrial 2.

Cuidado parental
Alguns animais silvestres, após o período de gestação, apresentam um comportamento específico que compartilham com os seres humanos, denominado cuidado parental. Esse comportamento reflete-se no cuidado com os filhotes, que varia desde o cuidado com o ninho, como no caso dos crocodilianos e aves, até o desenvolvimento de estruturas específicas para a nutrição dos filhotes, como as glândulas mamárias e o leite nos mamíferos. Outras formas de cuidado parental são: aquecimento e manutenção de temperatura dos filhotes, por meio de contato - aves e mamíferos - e proteção contra predadores.

A proteção dos filhotes contra predadores é realizada de várias formas. Nos mamíferos, as estratégias mais utilizadas são a manutenção em ninhos ou abrigos e o transporte dos filhotes agarrados junto ao corpo. Esta última estratégia é muito usada em primatas (macacos, micos e sauins) e xenarthras (preguiças e tamanduás).

Filhotes de  macaco, preguiça e tamanduá enxergam na pelúcia a figura materna. (Foto: Arlesson Sicsú/Semcom)