A quase nove meses das eleições municipais, a corrida pela Prefeitura de São Paulo já teve sua primeira baixa: o apresentador José Luiz Datena, que havia se filiado ao PP no ano passado e se dizia pré-candidato. Com a desistência, os rumos do partido estão incertos. O eterno candidato e deputado federal Paulo Maluf – que tem ordem de prisão contra ele decretada nos Estados Unidos – afirmou em entrevista, quando questionado sobre a possibilidade de concorrer, que “não diz que sim nem que não”. Existe também a possibilidade da legenda continuar apoiando o prefeito Fernando Haddad (PT).
O petista é candidato à reeleição, apesar de lutar contra um índice de rejeição de 56%, ante aprovação de 16%, de acordo com pesquisa Ibope. A seu favor, o petista tem o apoio de uma classe média favorável a algumas de suas políticas públicas de mobilidade, principalmente asciclovias e ciclofaixas, maiores bandeiras da gestão. Por outro lado, Haddad vai batalhar para ser reaproximar das tradicionais bases do partido em São Paulo, o chamadocinturão vermelho – conjunto de bairros periféricos que costumam dar maioria de votos ao PT.
E é aí que entra outra veterana de eleições na cidade: a ex-prefeita e senadora Marta Suplicy (PMDB). Recém filiada ao PMDB justamente para poder disputar as eleições em São Paulo, a peemedebista ainda conta com uma boa base de apoio nas periferias de São Paulo, onde grandes marcas de sua gestão – o Bilhete Único e os CEUs – são frequentemente lembrados pela população. Mas nem só boas lembranças veem à cabeça do paulistano ao pensar em Marta. Para setores da classe média, ela sempre será ‘Martaxa’ (apelido recebido à época em que era prefeita), a mesma do "relaxa e goza" (frase dita aos brasileiros irritados com o caos nos aeroportos). A ida ao PMDB também pode ajudar a pré-candidata a se livrar dos respingos da crise política que aflige o Governo Federal, e que invariavelmente chegarão a Haddad.
O PSDB escolherá seu candidato em uma prévia, realizada no final de fevereiro. Nenhum dos três pré-candidatos já disputou uma eleição para o executivo municipal, mas dois deles têm ampla experiência no Legislativo: o vereadorAndrea Matarazzo e o deputado federal Ricardo Tripoli. Soma-se à trinca o empresário e apresentador de TV João Doria, que recebeu o apoio do governador Geraldo Alckmin. O desafio de qualquer um dos três será conseguir obter o voto do eleitor dos bairros periféricos, historicamente mais alinhado com candidatos do PT.
O PRB deverá repetir este ano o candidato de 2012: o deputado federal e apresentador Celso Russomanno. O parlamentar, que largou bem na corrida eleitoral no pleito anterior - liderando por meses as pesquisas de opinião - mas desidratou na reta final, terá a chance de mostrar se aprendeu com os erros. À época ele foi acusado de não ter plano de Governo, além de ter protagonizado momentos embaraçosos na frente das câmeras ao ser questionado ao vivo na TV Globo sobre as relações de seu partido com a Igreja Universal: "Vamos falar de São Paulo?", respondeu, visivelmente constrangido, ao âncora César Tralli. Russomanno também enfrenta um problema jurídico que pode barrar sua candidatura. Condenado em 2014 por peculato na primeira instância, o parlamentar recorreu ao Supremo Tribunal Federal. Dificilmente a corte analisará a matéria até o prazo da eleição, o que dará carta branca para o candidato disputar a eleição.
Nanicos polêmicos
Outra possível estreia em São Paulo será o deputado federal e pastor Marcos Feliciano, do PSC. Integrante dos mais ativos da bancada evangélica na Câmara, o parlamentar é contrario ao aborto e à união homoafetiva. O religioso ficou famoso por sua atuação na Comissão de Direitos Humanos e Minorias na Câmara, que ele chegou a presidir. À época, um grupo de deputados indignados com a indicação de Feliciano para o cargo chegou a criar uma comissão paralela.
O PRTB deve levar para a corrida eleitoral o incansável Levy Fidelix, conhecido no folclore político como o candidato do aerotrem e por disparar frases de cunho homofóbico durante debates eleitorais ("Aparelho excretor não reproduz", afirmou nas eleições de 2014).
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