terça-feira, 26 de janeiro de 2016

À PF, ex-ministra admite parceria com advogado preso, mas nega propina Erenice Guerra atuou na Casa Civil entre abril e setembro de 2010. Ela depôs em inquérito que apura compra de MPs para ajudar montadoras. Do G1, com informações do Jornal Hoje

A ex-ministra Erenice Guerra prestou depoimento à Polícia Federal em dezembro no qual confirmou que atuou com um dos investigados da Operação Zelotes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) enquanto ele ainda era conselheiro do órgão, ligado ao Ministério da Fazenda.
Ministra da Casa Civil de abril a setembro de 2010, durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva, Erenice Guerra foi ouvida no inquérito sobre a suposta compra de medidas provisórias que prorrogaram incentivos fiscais a montadoras.
Na edição desta terça-feira, o jornal "Folha de S.Paulo" deu informações sobre o depoimento de Erenice à Polícia Federal.
O Jornal Hoje teve acesso à íntegra do depoimento, do dia 12 de dezembro passado.

Erenice Guerra negou ter recebido oferta de propina para interferir em medidas provisórias.
Mas admitiu atuação conjunta entre o escritorio de advocacia dela e o JR Silva Advogados, de José Ricardo da Silva, preso na Operação Zelotes.
José Ricardo da Silva é ex-conselheiro do Carf. O contrato era para solucionar uma grande divida da empresa chinesa Huawei, que terminaria justamente no carf.
No depoimento, a ex-ministra foi perguntada se considerava ética a subcontratação de advogados  para atuar no orgão em que eram nomeados como conselheiros.
Ela afirmou que conversou diversas vezes com José Ricardo, e que  ele insistia que não havia impedimento para advogar junto ao Carf, mesmo sendo conselheiro do órgão.
Erenice afirmou que seu irmão e sócio no escritorio de advocacia, Antonio Eudacy Alves de Carvalho, pediu a ela para ajudar na nomeação de José Ricardo como conselheiro do Carf.
Ela disse que não tinha  influência para isso e que só se lembrou de ter recebido esse pedido quando já tinha deixado o cargo de ministra da Casa Civil e teve seu sigilo de e-mails quebrado em uma investigacao sobre suposto trafico de influencia, que foi arquivada.
Erenice admite ter levado APS em uma viagem a São Paulo, mas não se recorda quem pagou as despesas. Disse que acha que foi com dinheiro dela.Erenice Guerra disse que conheceu outro lobista,Alexandre Paes dos Santos, conhecido como APS, em 2011. E que apresentou o lobista, hoje preso, a empresários.
Em um e-mail mostrado pela TV Globo em outubro do ano passado, APS dá versao diferente. O lobista pede à secretaria: "Veja o horário que ela quer viajar para São Paulo e voltar para Brasília". Ele diz que a despesa será da Rumo, uma das empresas do investigado Eduardo Valadão.
A defesa de José Ricardo da Silva disse que ele não tinha qualquer impedimento para atuar no caso como advogado, mesmo sendo conselheiro do Carf, e que o tema do processo da empresa Hauwei era aduaneiro.

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