O indígena Jair Kuikuro saiu cedo de sua aldeia, aos 15 anos, para se tornar cineasta, mas hoje tem mais uma profissão: locutor de rádio.
Após não conseguir uma licença para criar uma rádio comunitária em sua região no Xingu, ele recorreu ao WhatsApp e começou a Rádio FM Xingu por meio de aplicativo. Sua primeira grande cobertura são os Jogos Mundiais Indígenas, que se encerraram neste sábado em Palmas, no Tocantins.
Jair afirma já ter chegado a postar 500 áudios em um único dia desde o início do evento, além de fotos e mensagens que distribui para seus oito grupos de seguidores e assim manter informados os "parentes" indígenas que não puderam estar presentes na festa.
Enquanto as competições de arco e flecha, arremesso de lança e corrida de tora acontecem no estádio da arena, Jair se reveza entre o microfone e o telefone, já que também é um dos apresentadores do evento.
Um dos criadores do Coletivo Kuikuro de Cinema, que já produziu cinco curtas e um longa-metragem, Jair ainda está registrando tudo que vê nos Jogos para um novo documentário.
"Nosso objetivo é documentar a nossa cultura para mostrar para as novas gerações as tradições de canto, história, reza, tudo que a gente tem", diz ele.
Produção e reportagem: Luciani Gomes e Júlia Dias Carneiro
Cinegrafista: Vitor Brunoro
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