quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Brasília é campeã em trabalhadores com jornadas acima de 10 horas por dia Estudo aponta que a capital federal lidera o ranking entre 12 cidades brasileiras pesquisadas

Pixabay
No imaginário popular, associa-se Brasília a políticos e a marajás, mas aideia de que na capital se trabalha pouco é um mito. A cidade concentra o maior percentual de trabalhadores com jornada superior a 10 horas diárias. São 13%, seis pontos percentuais a mais que a média nacional, de 7%.
Os dados são parte da pesquisa Alelo Hábitos Alimentares do Trabalhador Brasileiro, que ouviu 3.059 pessoas economicamente ativas em 12 capitais brasileiras e 44 cidades.
A consultora de recursos humanos Solange Castro ficou surpresa com os números e suspeita que parte deles seja resultado de trabalhadores contratados por empresas do setor de serviços. “Essas entidades acabam por procurar pessoas que trabalham mais e ganham salários menores. Assim, conseguem manter ofertas atrativas em licitações governamentais.”
Outra parcela desse grupo é composta por algumas classes de autônomos, que aumentam seus ganhos de acordo com as horas trabalhadas. É o caso do taxista Carlos Cruz, de 66 anos, que tem uma jornada de 12 horas diárias, durante seis dias da semana. “Já faço isso há 30 anos, então me acostumei. Mas quando eu consigo parar de trabalhar mais cedo, sinto uma grande diferença”.
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Carlos Cruz, de 66 anos, trabalha 12 horas por dia, dirigindo o táxi .Pedro Alves/Metrópoles
Ainda segundo a consultora, uma jornada de trabalho maior não traz, necessariamente, prejuízos. O importante é a forma como ela é cumprida. “Não é a quantidade de horas que determina a qualidade de vida de um trabalhador. As condições de trabalho é que são importantes. O funcionário precisa se sentir à vontade. Também é importante que ele saiba dividir seu tempo livre entre todos os outros papeis que ocupa fora do emprego”, afirma.
A teoria é confirmada por Felipe Manara, de 20 anos, e Andre Giampaolo, de 26 anos. Os dois são empreendedores e abriram a primeira empresa há pouco tempo. Felipe é sócio-diretor do clube de vantagens Vantago e trabalha, no mínimo, 12 horas por dia. São quatro a menos do que fazia no último emprego, que largou há quatro meses. No entanto, não se arrepende da decisão: “Eu era infeliz onde trabalhava, não fazia o que eu gosto. Agora, estou muito mais satisfeito porque vejo os resultados do que faço”.
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André Giampaolo (esquerda) e Felipe Manara acabaram de abrir os primeiros negócios e também têm uma jornada de trabalho longaGabriel Freire/Divulgação
André concorda com a opinião. Ele é o fundador da Paramag, empresa de tecnologia da informação, e também trabalha pelo menos 12 horas diariamente. Além dessas, costuma virar noites mais de uma vez por semana para terminar projetos. “O número de horas não importa quando se tem prazer”, conclui.
Hábitos saudáveisA pesquisa ainda avaliou a realização de atividades físicas pelos profissionais entrevistados. Brasília e Belém são as campeãs na prática de musculação no país: 28% dos trabalhadores fisicamente ativos disseram praticar a modalidade, contra 22% da média nacional. Quando o assunto é a frequência dos exercícios, porém, há uma diferença. Enquanto a maioria dos paraenses (47%) treina de 4 a 5 vezes por semana, a maior parte dos brasilienses (39%) prefere a prática de 2 a 3 vezes semanais.
A maioria dos trabalhadores de Brasília também trabalha sentada: são 66% contra 56% da média brasileira. Apesar disso, a capital perde quando o assunto é acesso a programas de incentivo à prática de exercícios físicos: 59% dos entrevistados não têm acesso ao benefício, enquanto a média nacional é de 65%.

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