Potências chegam a acordo com Irã sobre programa nuclear (foto: EPA)
14 JULHO, 09:23•VIENA•ZBF
(ANSA) - O Irã e os países do chamado grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e Alemanha) chegaram a um acordo histórico nesta terça-feira (14) sobre o programa nuclear de Teerã,após 22 meses de negociações.
Os termos do acordo, concluído em Viena, na Áustria, serão anunciados nesta manhã, mas, segundo fontes locais, preveem um compromisso entre Washington e Teerã que permitirá aos inspetores da ONU realizarem visitas a plantas militares iranianas. As inspeções eram um dos principais obstáculos nas negociações, já que o governo iraniano e o aiatolá Ali Khamenei consideravam as visitas estrangeiras uma violação às estratégias militares do país e aos segredos de Estado.
O texto pode prever que as sanções econômicas contra o Irã sejam anuladas, enquanto Teerã aumente seus esforços para criar um clima de confiança e de natureza pacífica em seu programa nuclear. Também ficaria proibida a construção de uma bomba nuclear por ao menos 10 anos.
Apenas o embargo da ONU sobre vendas de armas a Teerã deve continuar vigorando pelos próximos cinco anos, de acordo com diplomatas que participaram das conversas em Viena. As restrições das Nações Unidas sobre a transferência ao Irã de tecnologia ligada a mísseis balísticos também deve vigorar por mais oito anos.
Caso o Irã viole alguma cláusula do acordo, as sanções serão reintroduzidas em até 65 dias.
O acordo com o Irã é visto como uma vitória política do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Segundo o jornal "The New York Times", as negociações com Teerã representam "o maior sucesso diplomático da Presidência de Obama" e abrem uma nova etapa nas relações com Teerã, que há quatro décadas são marcadas por tensão.
Em um pronunciamento em rede nacional, Obama enviou um duro recado ao Congresso norte-americano e às autoridades iranianas para que cumpram os termos e não obstruam o tratado. “Graças a este acordo, o Irã não será capaz de produzir uma bomba atômica”, disse.
O mandatário destacou que haverá sérias consequências caso o Irã viole o acordo, como a reinserção das sanções econômicas, e afirmou que o tratado foi alcançado com base nas “inspeções”, e não na confiança entre os países. “O acordo com o Irã não é baseado na confiança, mas sim, nas inspeções. Estaremos na posição de verificar, pela primeira vez, todos esses compromissos. Teremos acesso a todas as instalações iranianas”.
Ao Congresso dos EUA, Obama disse que vetará “qualquer lei que se oponha” às negociações.
Logo após o pronunciamento de Obama, o presidente iraniano, Hassan Rohani, fez um discurso na televisão no qual afirmou que o acordo “abre novos horizontes” e encerra “uma crise não necessária”. “Com este acordo, abre-se uma nova página nas relações entre o Irã e o mundo”, exaltou.
"É uma nova era de esperança", completou ministro das Relações Exteriores do país, Mohammed Javad Zarif.
Já a chanceler italiana e chefe de diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, disse que "a decisão pode abrir caminho para um novo capítulo nas relações internacionais". "Acho que é um sinal de esperança para o mundo inteiro", comentou.
A comunidade internacional, principalmente os países ocidentais liderados pelos EUA, viam o programa nuclear iraniano como uma ameaça à segurança mundial e acusavam Teerã de querer construir armas nucleares. Por sua vez, o Irã sempre negou as acusações, afirmando que o programa tinha fins pacíficos.
Reações
Adversário político do Irã, o governo israelense criticou o acordo do 5+1. "É um erro de proporções históricas", afirmou o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu. "Em todos os pontos em que era necessário negar ao Irã a capacidade de possuir armas atômicas, foram feitas concessões generosas", criticou. "O Estado de Israel agirá com todos os meios possíveis para tentar impedir a ratificação deste acordo", disse a vice-ministra das Relações Exteriores do país, Tzipi Hotovely.
Dificuldades
O staff de Obama terá agora de lutar para convencer o Congresso dos EUA a aprovar o texto do acordo em até 60 dias. Os israelenses, que possuem um lobby consolidado na política norte-americana, já começaram a buscar articulação com os republicanos.
Os iranianos também precisarão convencer a ala mais dura do regime de que o congelamento de suas capacidades tecnológicas nucleares serão compensadas com ganhos reais para o país, principalmente na área econômica. (ANSA)
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