sexta-feira, 17 de julho de 2015

Dilma se reúne com Chefes de Estado do Mercosul




Brasil e Uruguai demonstraram interesse em dar um foco maior na questão comercial do Mercosul daqui para frente, ampliar parcerias comerciais e reduzir as barreiras não-tarifárias. Nos últimos anos, pouco se avançou nessa área e a maioria dos encontros de cúpula tiveram um enfoque muito mais político.

Agora, enquanto as exportações do bloco encolhem, os maiores países do bloco amargam queda no Produto Interno Bruto (PIB), há uma necessidade de mudanças cada vez mais urgentes. Neste ano, pelas estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), as economias do Brasil, da Argentina e da Venezuela terão queda de 1,5%, 0,3% e 7%, respectivamente. Já Paraguai e Uruguai devem crescer 3,9% e 2,8%, na mesma ordem. Para piorar, em 2014, as exportações entre os países do grupo encolheram 12%, passando de US$ 59,3 bilhões para US$ 51,9 bilhões, de acordo com dados elaborados pelo Itamaraty. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), os embarques brasileiros para os países do bloco despencaram 17,3% no ano passado, para US$ 20,4 bilhões. 

Depois de uma reunião de quase três horas entre os líderes do bloco, houve a cerimônia de abertura da 48a Cúpula do Mecosul, nesta sexta-feira (17/07), no Palácio do Itamaaraty em Brasília. Na ocasião, o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, pediu para falar antes da presidente Dilma Rousseff, e aproveitou para reiterar que é preciso ir além da busca de negociação de acordos com outros blocos regionais, como o que vem sendo buscado com a União Europeia, há mais de 20 anos. “Se avançarmos com outros blocos regionais será bem-vindo, mas precisamos mais. O Mercosul é e será o que somos capazes de fazer. Se hoje não nos satisfaz é porque deve melhorar e há um compromisso para isso”, afirmou.

Em seguida, a presidente Dilma também defendeu não somente a ampliação do intercâmbio comercial dentro do bloco, uma vez que o fim do super boom das commodities e a desaceleração da China vem afetando todas as economias da região. Ela citou uma aproximação dos países da Aliança do Pacífico com um exemplo. “A crise não pode ser razão para criarmos barreiras comerciais entre nós. Pelo contrário. Ela deve reforçar a nossa solidariedade. É importante buscar apoio em outra região”, disse ela citando o encontro realizado em junho em Bruxelas entre os integrantes do Mercosul e da União Europeia e a definição para a troca de propostas no último trimestre deste ano. “Continuamos empenhados em consolidar a União Aduaneira . E os efeitos da crise geram desafios para a região e por isso é possível que as regras reservem espaço para a adoção de políticas adequadas para ações produtivas”, afirmou. “Precisamos encontrar novos caminhos para a inserção de nossos produtos na cadeia de valor global”, emendou.

O presidente do Paraguai, Horácio Cartes, que assume a presidência pró-tempore do bloco, afirmou que considerada o acordo da União Europeia com o Mercosul prioritária. “Vamos buscar acordos que serão necessários para internacionalizar os interesses do Mercosul”, afirmou ele defendendo o livre trânsito e a eliminação de barreiras não alfandegárias na região. “Por essa razão, o Paraguai vem defendendo um plano de ação para a potencialização do Mercosul comercial”, disse.

Pouco antes da cerimônia de abertura da Cúpula do Mercosul, os chanceles dos cinco países do bloco assinaram o protocolo de adesão da Bolívia e os acordos de associação de Suriname e da Guiana.

Os chefes de estado do Mercosul concordaram em prorrogar por mais dez anos o Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem). Criado em 2005, o Fundo soma 44 aprovados em áreas como habitação, transportes, energia, incentivos à microecompresa, biossegurança, capacitação tecnológica, saneamento e educação, no valor de US$ 1,5 bilhão, dos quais US$ 1 bilhão financiado com recursos do Focem e o restante, custeado pelos estados partes.

O líderes dos cinco países ainda renovaram o acordo de exceções vigentes até 2021 para a Argentina e para o Brasil e até 2023 para Paraguai e Uruguai.

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