O Brasil terá de estabelecer uma estratégia para reduzir a emissão de gases de seu complexo industrial e de suas cidades, e não apenas se limitar à promessa de redução o desmatamento. Quem faz o alerta é Achim Steiner, diretor executivo do Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma), que indicou que o compromisso apresentado por governos antes da Conferência do Clima, em Paris ainda está “distante” do que será necessário fazer para modificar a tendência de aquecimento do planeta.
Steiner, brasileiro naturalizado alemão, insistiu que o mero fato de governos apresentarem compromissos e planos de redução de emissões já é “algo histórico”. “Isso é uma demonstração da confiança que eles têm no sistema da ONU”, indicou. Em setembro, a presidente Dilma Rousseff revelou os planos brasileiros durante sua passagem pela Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Mas as metas praticamente apenas se referiam ao corte das taxas de desmatamento.
Rota prevista
Para ele, o Brasil “merece todo o reconhecimento e admiração por ter agido para reduzir o desmatamento, como nenhum outro país do mundo fez nos últimos anos”. “Não estou negando que ainda exista o desmatamento e que, em certos momentos, a taxa aumenta”, explicou. “Mas, ao longo dos anos, muitos olham a redução do desmatamento no Brasil como uma das ações mais significativas adotadas por um país para se desviar da rota prevista pelo IPCC (Painel Internacional de Mudanças Climáticas)”, disse. Mas Steiner alerta que apenas reduzir desmatamento não será suficiente para o Brasil.
“É de interesse dos brasileiros que essa taxa de queda de desmatamento continue. Mas vamos também ser claros: dado os níveis atingidos pelo Brasil, o foco da economia e desenvolvimento será sua infraestrutura industrial”, afirmou. “A sua infraestrutura urbana, a agricultura, e o transporte.” Para ele, o desafio do governo será o de elaborar estratégias para tentar conter emissões nesses segmentos.
Estadão Conteúdo
Nenhum comentário:
Postar um comentário