quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Procuradoria deve pedir ao STF para investigar Eduardo Cunha, diz jornal

07/01/2015 12h47 - Atualizado em 07/01/2015 13h45

Procuradoria deve pedir ao STF para investigar Eduardo Cunha, diz jornal

Segundo 'Folha de S.Paulo', líder do PMDB foi citado na Operação Lava Jato.
Candidato à presidência da Câmara, deputado nega ter recebido propina.

Do G1, em Brasília
Deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) publicou mensagens no Twitter sobre possível citação em depoimento na Lava Jato (Foto: Reprodução/Twitter)Eduardo Cunha (PMDB-RJ) publicou mensagens no Twitter comentando a possível citação de seu nome em depoimento da Operação Lava Jato (Foto: Reprodução/Twitter)
Candidato à presidência da Câmara dos Deputados, o líder da bancada do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), foi mencionado em depoimento da Operação Lava Jato como suposto beneficiário do esquema de corrupção que atuava na Petrobras, segundo reportagem publicada nesta quarta-feira (7) pelo jornal "Folha de S.Paulo". Cunha nega a acusação.
A reportagem também afirma que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve solicitar aoSupremo Tribunal Federal (STF), na primeira semana de fevereiro, abertura de inquérito para investigar a suposta participação do deputado do PMDB com a organização criminosa comandada pelo doleiro Alberto Youssef.
De acordo com a publicação, o peemedebista teria recebido suborno por meio do policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como "Careca", acusado de trabalhar para Youssef. O próprio "Careca", informa o jornal, teria revelado à Polícia Federal (PF) que entregou dinheiro na casa do líder do PMDB, no Rio de Janeiro.
Jayme Alves de Oliveira Filho chegou a ser preso em outubro, na mais recente fase da Operação Lava Jato, porém, foi libertado no momento em que expirou o prazo de sua prisão temporária. Na ocasião, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo processo da Lava Jato na primeira instância, determinou que "Careca" fosse afastado temporariamente de suas atribuições na PF.
G1 tentou falar com Eduardo Cunha, mas até a última atualização desta reportagem não havia conseguido localizá-lo. Nesta quarta, ele está em viagem à Região Norte, em campanha pela presidência da Câmara.
Deputado nega
Por meio de sua conta pessoal no microblogTwitter, Eduardo Cunha negou envolvimento com o esquema de lavagem de dinheiro e pagamento de propina operado por Youssef. Ele atribuiu a denúncia a uma supos6a tentativa política de atacar sua candidatura à presidência da Câmara.
Cunha já obteve o apoio formal de PSC, DEM e PRB à candidatura e tenta obter os votos de deputados de PR, PSD e PP.  Eduardo Cunha disputará a presidência da Câmara contra os deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Júlio Delgado (PSB-MG), os outros dois que lançaram candidatura.
"Se a pólvora da bomba deles [adversários na disputa pela presidência da Câmara] é dessa qualidade, será tiro de festim na água. E lamentável que oponentes meus usem desse expediente baixo tentando me desqualificar. Absurdo também que a matéria contenha acusação inexistente, quando, no citado depoimento, de nada fui acusado", escreveu o deputado do PMDB na rede social.
Também por meio do Twitter, Eduardo Cunha disse que tomou conhecimento da citação de seu nome em depoimento da Lava Jato, mas, segundo ele, o policial federal suspeito de envolvimento com o esquema de corrupção não o acusa de nada.
Segundo Cunha, "Careca" relatou à PF que entregou dinheiro em um condomínio da Zona Oeste do Rio supondo se tratar da residência de Cunha. O peemedebista, entretanto, afirma que o endereço mencionado por Oliveira Filho não corresponde ao local onde ele mora.
Eduardo Cunha disse ainda na rede social ter sido informado que o advogado do policial federal investigado pela Lava Jato afirmou que irá apresentar à Justiça Federal uma petição para esclarecer o suposto equívoco na citação do endereço.
"[Careca] fala que ouviu dizer que é o meu [endereço], mas que entregou ao proprietário do imóvel, mas que não pode afirmar que sou eu. Fui informado através de informação dada pelo adv do caso que o endereço é o situado na Rua Fala Amendoeira, condomínio Novo Leblon. Fui informado também que o adv teria peticionado esclarecendo o endereco", comentou Cunha no Twitter.
A assessoria de Eduardo Cunha divulgou nota oficial no site do líder do PMDB. No comunicado, o parlamentar diz rechaçar com "veemência e indignação" a suspeita de que tenha envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobras. O peemedebista também afirma na nota que não conhece o policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho.
Políticos citados
Em dezembro, reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" afirmou que o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso em março pela Operação Lava Jato, revelou em seu acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) o nome de 28 políticos supostamente beneficiados pelo esquema de corrupção que atuava na Petrobras. Na ocasião, o nome de Cunha não foi mencionado.
Segundo o jornal, entre os mencionados por Costa estão o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão; os ex-ministros Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil), Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Mário Negromonte (Cidades); o governador do Acre, Tião Viana (PT); os ex-governadores Sérgio Cabral (Rio) e Eduardo Campos (Pernambuco), além de deputados e senadores de PT, PMDB, PSDB e PP. Todos os políticos citados negam envolvimento com o esquema de corrupção.
Nos depoimentos que prestou aos procuradores da República entre agosto e setembro, informou "O Estado de S. Paulo", Paulo Roberto Costa relatou que parte dos políticos que integravam o esquema de corrupção recebiam repasses de propinas com frequência.
O ex-diretor da Petrobras, que está em prisão domiciliar no Rio de Janeiro, revelou ao MPF que as parcelas de suborno chegaram a superar R$ 1 milhão. O dinheiro, destaca a reportagem, teria sido usado em campanhas eleitorais.
Em depoimento à Justiça Federal do Paraná em outubro, Costa também relatou que parte da propina cobrada de fornecedores da estatal foi usada na campanha eleitoral de 2010. Segundo ele, o dinheiro era direcionado a PT, PMDB e PP.
Nota
Veja a íntegra do comunicado divulgado pela assessoria de Eduardo Cunha:
‘Não vão me constranger com a divulgação de fatos inexistentes. Disso, tenham certeza’
‘Não devo e nada temo. O fato não existe e tampouco há acusação. Isso é única e exclusivamente uma tentativa torpe de envolver meu nome para criar constrangimento’, rebate Eduardo Cunha, desmentindo conteúdo inverídico divulgado pelo jornal Folha de S.Paulo
Rechaço, com veemência e indignação, qualquer veracidade do que foi publicado na Folha de S. Paulo desta quarta-feira, 7. Não admito me designarem como suspeito, como ressalta a reportagem sobre suposto fato que simplesmente não ocorreu. Não conheço o cidadão citado pela Folha, nunca o vi na vida, bem como não conheço o patrão dele, o tal doleiro. O tal depoimento a que se refere o jornal não me acusa de nada.
Ademais, fui informado que durante o depoimento foi mencionado que ele teria entregue determinada quantia em um condomínio que, reforço, não é o em que resido. O depoente teria dito durante o depoimento que supostamente ouviu dizer que é o meu endereço, mas que entregou ao proprietário do imóvel. O mais grave: o depoente teria dito que não pode afirmar que sou eu.
O advogado que trabalha no caso a mim informou que o endereço mencionado pelo depoente é situado à rua Fala Amendoeira, localizada no condomínio Novo Leblon, na Barra da Tijuca. O meu condomínio é outro, a minha rua é outra e a distância do tal endereço citado pelo depoente para o meu é de uns três quilômetros. O mesmo advogado também informou que teria emitido petição para que se esclarecesse esse imbróglio sobre o endereço.
Simplesmente, é um verdadeiro absurdo a divulgação de forma irresponsável de um conteúdo inverídico, cujo objetivo é, obviamente, buscar me igualar a outros envolvidos no caso. Isso é, claramente, uma tentativa política de atacar a minha candidatura para criar constrangimentos que só beneficiam os contrários a mim.
No momento que defendo a Câmara independente, aparecem aqueles patrocinados não sei por quem que inventam e divulgam fatos inexistentes.
O fato a que se refere o jornal não ocorreu, ou seja, não conheço o cidadão mencionado pela Folha, não moro no endereço citado e nem ninguém me acusa de nada. Fazer manchete e página inteira sobre isso baseado numa citação “de que ouvi dizer” que o imóvel seria meu é um verdadeiro absurdo.
Não devo e nada temo. O fato não existe e tampouco há acusação. Isso é única e exclusivamente uma tentativa torpe de envolver meu nome para criar constrangimento.
Qual o motivo de vazarem dessa forma esse conteúdo falso? Qual o motivo de a mim atribuírem um conteúdo de natureza totalmente inverídica? Vamos lá, detratores, qual o motivo de vazarem dessa forma esse conteúdo falso?
Todos nós sabemos quem trabalha dessa forma com o intuito de desconstruir imagens, divulgando caluniosas e criminosas mentiras através de fatos inexistentes. Isso não se sustenta. Provo que o local citado não tem nada a ver com nenhum endereço meu, e estranho não terem procurado o tal policial. Não vão me constranger com a divulgação de fatos inexistentes. Disso, tenham certeza.
Alias, vários apoiadores de minha candidatura à Presidência da Câmara foram procurados por defensores de outra candidatura avisando que havia uma “bomba” contra mim. Se a pólvora da “bomba” deles é dessa qualidade, será tiro de festim na água. É lamentável que meus oponentes usem desse expediente baixo tentando me desqualificar. Absurdo também que a reportagem contenha acusação inexistente, quando no citado depoimento de nada fui acusado. Jamais admitirei uma tentativa política tão espúria de ataque à minha candidatura.
Ass. deputado Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB na Câmara Federal.
VALE ESTE - PRESOS LAVA JATO (28/11) (Foto: Arte/G1)

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