Petrobras reduz investimentos e desacelera ritmo de projetos
'Vamos reduzir o investimento e evitar contratar novas dívidas', disse Graça.
Obras em refinarias estão em ritmo mais lento e ativos serão vendidos.
A Petrobras afirmou nesta quinta-feira (29) que irá reduzir os investimentos e desacelerar o ritmo de alguns projetos em razão da atual situação financeira da companhia e das perdas relacionadas ao esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.
Segundo a presidente da estatal, Graça Foster, a carteira de exploração da Petrobras vai se restringir ao "mínimo necessário".
O investimento previsto no plano de negócios foi revisto para US$ 42 bilhões por ano, redução de 25%. No fim de 2015 haverá desinvestimentos (venda de ativos) de US$ 3 bilhões, perto do que foi registrado em 2014 de US$ 3,5 bilhões.
"A essência do plano é a revisão do crescimento da Petrobras em 2016. Vamos reduzir o investimento, e evitar contratar novas dívidas. A área de produção que era prioritária, hoje toma maior dimensão", disse Graça.
A Petrobras estimou que encerrará 2015 com caixa entre US$ 8 bilhões e US$ 12 bilhões, o que permitirá à companhia evitar captações de novos recursos ao longo do ano.
Impacto nas operações
O ritmo das obras está desacelerando tanto no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) como na Refinaria Abreu e Lima (Rnest), disse o diretor de Abastecimento, José Carlos Cosenza. Não há previsão para a entrada em operação do segundo trem da Rnest por conta das investigações das empresas citadas na Operação Lava Jato, situação que também afeta o Comperj.
O ritmo das obras está desacelerando tanto no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) como na Refinaria Abreu e Lima (Rnest), disse o diretor de Abastecimento, José Carlos Cosenza. Não há previsão para a entrada em operação do segundo trem da Rnest por conta das investigações das empresas citadas na Operação Lava Jato, situação que também afeta o Comperj.
O ritmo lento nas obras da refinaria também é um recurso para que a empresa consiga reduzir o investimento em 2015. Assim como a paralisação nas obras da unidade de fertilizantes do Mato Grosso do Sul devido ao rompimento do contrato com os construtores no fim de 2014 e a venda e ativos programada para o fim de 2015 no valor de R$ 3 bilhões.
"Financiabilidade em 2015 é o nosso norte", afirmou o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Formigli. "A empresa vai ter uma seletividade imensa para participar de um futuro leilão de petróleo. A gente vai avaliar muito bem se vale a pena participar", completou.
A presidente da Petrobras, Graça Foster, disse que somente em junho a companhia poderá ter certeza de variáveis como câmbio, preço do Brent, Operação Lava Jato para poder elaborar seu Plano de Gestão e Negócios (PGN).
"Seria prematuro apresentar um plano de gestão e negócios com a robustez que ele precisa ter", disse ela em resposta a perguntas de acionistas.
A produção de petróleo, segundo Formigli, deverá ser de 2.125 mil barris por dia, em média, em 2015, uma aumento de 4,5% em relação a 2014. Mas será menor que a média de dezembro de 2014, de 2.200 mil barris ao dia. Isso porque, segundo Formigli, a empresa precisa melhorar a eficiência das plataformas e as paradas programadas serão maiores do que as ocorridas em 2014.
Cálculo de perdas
Com dois meses de atraso, a Petrobras divulgou na madrugada desta quarta o balanço do terceiro trimestre de 2014, mas sem as baixas por corrupção. A estatal informou que teve lucro líquido de R$ 3,087 bilhões, uma queda de 38% em relação ao trimestre anterior.
Com dois meses de atraso, a Petrobras divulgou na madrugada desta quarta o balanço do terceiro trimestre de 2014, mas sem as baixas por corrupção. A estatal informou que teve lucro líquido de R$ 3,087 bilhões, uma queda de 38% em relação ao trimestre anterior.
Segundo a presidente da Petrobras, as contas auditadas da companhia serão divulgadas no menor prazo possível, mas não deu previsão de quando será isso. Ela disse ainda que as perdas com corrupção podem ser ainda maiores do que os cálculos preliminares, dependendo do andamento das investigações.
"Novas informações oriundas das investigações em curso podem resultar em novos ajustes", destacou Graça. "O caixa da Petrobras não é afetado por ajustes decorrentes da corrupção, nem a geração operacional tem qualquer tipo de influência dos ajustes decorrentes da corrupção", disse a executiva.
Esta semana, a Petrobras deu uma sinalização do tamanho das baixas contábeis que poderá ter que registrar, ao declarar que a avaliação de 52 empreendimentos em construção ou em operação citados na Lava Jato estão com valor contábil mais de R$ 60 bilhões acima de seu valor justo. No entanto, o Conselho optou por não ratificar a abordagem do valor justo para os ativos, por entender que todas as variáveis responsáveis pela baixa ainda não são conhecidas.
"Decidimos não usar a metodologia do valor justo para ajustar os ativos imobilizados devido à corrupção, pois o ajuste seria composto de elementos que não teriam relação direta com pagamentos indevidos", explicou Graça Foster.
Preços dos combustíveis
Graça Foster admitiu que os preços dos combustíveis no Brasil estão acima dos praticados no exterior, mas disse que isso deve ser mantido.
Graça Foster admitiu que os preços dos combustíveis no Brasil estão acima dos praticados no exterior, mas disse que isso deve ser mantido.
"Vou trabalhar, como tenho trabalhado intensamente, para que a gente mantenha esses preços. É importante para o caixa da companhia, mesmo com perda de parte do market share [participação de mercado] porque outra companhias vão entrar no mercado", disse a executiva. "Mas é importante essa diferença a favor do caixa da Petrobras em 2015 e 2016".
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