terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Ações emergenciais não evitarão o racionamento de água em São Paulo


Ações emergenciais não evitarão o racionamento de água em São Paulo

Especialistas alertam que as medidas anunciadas pelo governo paulista não serão suficientes para evitar as dificuldades com o desabastecimento em 2015

 
    
 postado em 27/01/2015 06:00
REUTERS/Nacho Doce


O estado de São Paulo prepara medidas emergenciais para atenuar os efeitos da pior seca das últimas décadas. Ontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) anunciou que a Companhia Estadual de Saneamento Básico (Sabesp) aprovará nesta semana o edital para a obra de transposição do Rio Paraíba do Sul e o aumento de produção dos sistemas Guarapiranga e Alto Tietê. Entretanto, para especialistas ouvidos pelo Correio, as medidas não evitarão que a grande São Paulo sofra em 2015 os mesmos problemas do ano passado. As chuvas abaixo do esperado e as dificuldades técnicas das soluções apresentadas manterão a crise hídrica no topo das preocupações dos políticos e da população nos próximos meses.

Incluída na semana passada pelo governo federal na lista de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a transposição do Paraíba do Sul consistirá em um canal ligando o reservatório Jaguari, em Jacareí (RJ), e a represa de Atibainha, do Sistema Cantareira, em São Paulo. Segundo Alckmin, a licitação será aberta ainda esta semana, e levará cerca de 3 meses. A obra deve ser concluída em um ano e meio, ao custo estimado de R$ 830 milhões. “Essa obra estava prevista para 2020, mas estamos antecipando em cinco anos. Quando se interliga bacias hidrográficas, uma ajuda a outra”, afirmou o governador paulista. A transposição foi viabilizada por um acordo entre os governos de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, no fim do ano passado.

Além disso, o governo de São Paulo anunciou a compra de novos equipamentos de filtragem para ampliar o volume retirado do Sistema Guarapiranga. A estação que trata a água da represa funciona com volume máximo, de 15 metros cúbicos por segundo. Outras medidas, como a retirada de água da represa Billings, também são cogitadas, mas ainda não têm prazo definido.

Para o professor do departamento de hidrologia da Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Campinas (Unicamp) Antônio Carlos Zuffo, a perspectiva é de que o cenário em 2015 seja “ainda mais sombrio” que no ano passado, por causa do mau desempenho das chuvas neste começo de ano. “Hoje, o Sistema Cantareira está em 24,5% negativos. No começo da estação seca do ano passado, em abril, estávamos em 10% positivos. Então, é bem provável que comecemos a seca sem qualquer reserva no Cantareira, em situação bem pior que a do ano passado”, diz. Em dezembro, mês com a 2ª maior média de chuvas do ano em São Paulo, a região recebeu 25% menos que o esperado, segundo Zuffo. “E em janeiro, que tem a maior média do ano, choveu apenas 42% do previsto até agora”, comenta o especialista.

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