O alerta dos investigadores do Instituto Pasteur, França, surge numa altura em que estão contabilizados mais de 22 mil casos de infeção com o vírus e quase 9 mil mortos na Guiné, Serra Leoa e Libéria.
Depois de analisar centenas de amostras de sangue de doentes para monitorizar as alterações do vírus, os cientistas, que foram os primeiros a alertar para a epidemia, concluiram que o Ébola "está a mudar bastante".
O vírus é, aliás, à semelhança do VIH e do Influenza, um dos que têm uma elevada taxa de mutação, o que aumenta o potencial de contágio.
"Identificamos vários casos que não têm nenhum sintoma, casos assintomáticos", explica à BBC o geneticista Anavaj Sakuntabhai. "Essas pessoas podem ser as que mais transmitem o vírus, mas ainda não sabemos", adianta o cientista. "Um vírus pode passar por uma mutação e tornar-se menos mortal mas mais contagioso. Isso é algo que nos deixa com medo", concluiu.
No entanto, a maior incidência de infetados assintomáticos não é encarada por todos os especialistas como um sinal de que o vírus se tenha tornado mais contagioso. Jonathan Ball, virologista da Universidade de Nottingham, acredita que poderá tratar-se apenas de um "jogo de números": "quanto mais infeções na população em geral, obviamente veremos mais infeções assintomáticas", argumenta, também em declarações à BBC.
Um dos receios, esse comum, é o de que o Ébola sofra uma mutação que o torne transmissível pelo ar, hipótese que, para já, se mantém afastada - o vírus transmite-se apenas através do contacto direto com fluídos orgânicos contaminados.
"Precisamos estudar mais. Mas alguma coisa mostra que existem mutações", conclui o virologista do Instituto Pasteur Noel Tordo.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, um estudo feito na Serra Leoa mostrou que o vírus passou por uma mutação considerável logo nos primeiros 24 dias do surto.
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