segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Para brasilienses, Renato Santana “falou o que não devia” em grampos


Michael Melo/Metrópoles

Pesquisa do Instituto Paraná feita a pedido do Metrópoles revela que a maioria da população local acredita no pagamento de propina envolvendo contratos da saúde pública no DF. Para os entrevistados, o governador estava ciente das irregularidades e o vice tem “jogado contra” o chefe do Executivo



Levantamento do Instituto Paraná Pesquisas feito a pedido doMetrópoles revela que o vice-governador do Distrito Federal, Renato Santana (PSD), terá um trabalho extra na acareação desta segunda-feira (15/8), na CPI da Saúde da Câmara Legislativa. Além de explicar aos distritais as denúncias de corrupção no GDF — flagradas em conversas gravadas pela sindicalista Marli Rodrigues, do SindSaúde —, Santana vai ter que se esforçar para reverter o estrago que o episódio fez na própria imagem. Para 28,8% da população, o vice-governador “falou o que não devia”.



Outros 15% acreditam que o pessedista tem agido contra o governador Rodrigo Rollemberg. Os dados constam de levantamento do instituto Paraná Pesquisas. Em contrapartida, a sondagem aponta que, para 18,3% dos entrevistados, Renato Santana tentava apenas denunciar o esquema.
Outro dado interessante é que 31% da população do DF sequer tinha conhecimento do escândalo comentado pelo vice-governador com Marli Rodrigues. Em áudios divulgados em 15 de julho, os dois falam em um esquema de propinasem contratos da Secretaria de Saúde que giraria em torno de 10% e 30%.
A expectativa é de que os dois falem juntos na manhã desta segunda (15), esclareçam as denúncias e comentem contradições em depoimentos prestados separadamente à comissão. Santana, por exemplo, disse que só havia se encontrado com Marli uma vez. Mas a sindicalista apresentououtro grampo, de uma segunda reunião com o vice-governador.
RollembergA crise que se abateu no Palácio do Buriti desde que o episódio veio a público também afetou a credibilidade no governador. A mesma pesquisa do instituto Paraná revela que, para 60,4% dos brasilienses, Rollembergtinha conhecimento das denúncias de corrupção. Outros  31,5% acreditam que o governador não sabia do caso. Não souberam ou não responderam 8,1%.
A proporção é maior ainda quando a pergunta é se o esquema de corrupção na Secretaria de Saúde de fato existe. Do total de entrevistados, 71,6% acreditam que há pagamento de propina, tal qual comentado por Santana e Marli. Mas 22,8% acham que a denúncia é infundada.
Comentários de RollembergRollemberg disse ao Metrópoles que a percepção dos brasilienses tem relação com a quantidade de notícias negativas veiculadas nos últimos meses. Esse cenário, diz o socialista, contribui para “afetar o humor da população”.
Há mais de dois anos, estamos vivendo um ambiente em que o cidadão é bombardeado com denúncias de corrupção a todo momento. Há um senso comum de que a corrupção nos governos é uma epidemia. O que posso dizer é que, em nossa gestão, temos mudado as práticas, buscando garantir lisura e fazer licitações em muitas áreas em que os serviços são prestados sem contratos"
Rodrigo Rollemberg, governador do DF
Ainda segundo o governador, “na medida em que descobrimos irregularidades, tomamos medidas para corrigi-las”.
Ao ser procurado, o vice-governador do DF estava com o celular desligado e a assessoria dele não atendeu os telefonemas para comentar o assunto.
O Paraná Pesquisas ouviu 1.302 pessoas no DF entre os dias 6 e 8 de agosto. O índice de confiança do levantamento é de 95%, e a margem de erro, de 3%. Os entrevistados foram selecionados aleatoriamente para responder aos questionários, de acordo com cotas de sexo, idade e escolaridade.

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