terça-feira, 30 de agosto de 2016

O dia histórico em que nada acontecia (até as bombas de gás na Paulista)

O impeachment de Dilma Rousseff não consegue despertar as paixões que levantou meses atrás
Polícia lança bombas de gás para reprimir ato na av. Paulista.



Brasilia / São Paulo 

Segunda-feira foi o dia histórico em que o Brasil começou, provavelmente, a perder sua presidenta e, também, outra enfadonha jornada em que o labiríntico processo de destituição de Dilma Rousseff continuou com a maratona de sua defesa, em pessoa, no Senado. Nas ruas, praticamente não aconteceu nada - ao contrários dos atos multitudinários, principalmente contra a petista, do último ano e meio. A noite em São Paulo, porém, acabou com bombas de gás lançadas pela Polícia Militar na avenida Paulista paa reprimir uma manifestação contrária à queda da petista.

Em Brasília também se notou certo esgotamento em relação ao julgamento político da presidenta. Em abril, quando o processo ainda estava na Câmara dos Deputados, 100.000 pessoas saíram às ruas. Nesta segunda, no lado de fora do Senado havia uma centena de manifestantes que defendiam o Partido dos Trabalhadores de Dilma Rousseff, cercados por vendedores ambulantes que ofereciam carne de suas churrasqueiras portáteis, empanadas ou bebidas. “Viemos nos manifestar a favor da democracia”, explicou Lucineide Lucinda, de 51 anos, que tinha viajado 550 quilômetros desde Minas Gerais. “Sabemos que aí dentro só tem ladrões”, insiste, apontando para o edifício em frente. Um funcionário público de Brasília, Valter Loiola, de 64 anos, concordou. “Não podemos entregar o país aos golpistas com a mão aberta”.
Durante meia hora foi possível encontrar cerca de 12 manifestantes, 52 policiais descansando dentro de um ônibus e dois vendedores ambulantes. “Não consegui vender nada. Nem uma bandeira nem um boné”, disse Paulo Anunciação Alves, de 44 anos. A baixa frequência desagradou especialmente André Rhouglas, publicitário desempregado de 55 anos. Ele foi o primeiro a chegar aqui para se manifestar a favor do impeachment porque Dilma “não pôs freios à corrupção”, conta. “As pessoas pensam que Dilma já caiu, mas ainda não caiu. Temos de vir aqui para pressionar os senadores. Caso contrário, corremos o risco de deixar Dilma na presidência”.
Essa seria a pior notícia que se poderia dar a Elcio Copesky, o funcionário público da avenida Paulista. “Eu só quero que isso acabe.” Não muito longe dele, Rodrigo Mendes andava pela rua com os olhos fixos no celular. Não estava acompanhando o impeachment da presidenta eleito, mas caçando Pokémon. “Eles sempre podem chegar a um acordo. Por isso eu não me interesso por política e não por isso não voto”.
Horas depois, a principal artéria de São Paulo e principal palco de manifestações da cidade veria a política e a repressão policial colocar a normalidade da zona de pernas para o ar de novo. Concentrados desde às 17h na região da Paulista com a Consolação, os manifestantes convocados pelas frentes pró-Dilma Povo Sem Medo e Brasil Popular iniciaram uma caminhada pela avenida, mas encontraram uma barreira policial. Quando tentaram rompê-la, a polícia respondeu com bombas de gás. Ao menos uma pessoa foi detida. Havia 2.000 pessoas no ato, segundo os organizadores e a PM não divulgou estimativa. 
Com informações da Agência Brasil

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