Em meio a uma verdadeira guerra de palavras que antecede o UFC 190, programado para esse sábado (1º) no Rio de Janeiro, Ronda Rousey deu uma aliviada no discurso ácido e mostrou que não enxerga apenas defeitos em Bethe Correia, desafiante ao título peso-galo (61 kg) feminino do Ultimate.
Em conversa com jornalistas no hotel onde está hospedada no Rio, a campeã foi questionada sobre o que mais faz ela odiar a brasileira e, nesse momento, aproveitou para esclarecer que não odeia Bethe Correia.
“Eu não uso a palavra odiar. Acho isso muito forte. Eu uso não gostar. Não tenho respeito pela personalidade dela, mas como lutadora eu a respeito bastante”, garantiu a americana, que ainda revelou o que ela considera como a melhor característica no jogo da brasileira.
“Eu respeito o fato de ela realmente ir para lutar. Ela não é uma lutadora que se esconde. Ela tenta lutar em todas as áreas. Não é aquele tipo de lutadora que assim que se vê em uma situação ruim para ela faz de tudo para voltar ao seu ponto de conforto. Ela faz parte da nova geração de lutadores de MMA”, afirmou.
Na semana em que esteve no Brasil, Ronda pôde perceber que ela tem bastante fãs locais. Ela, que chegou até a ser vaiada pouco mais de dois anos atrás em Las Vegas (EUA), foi bastante festejada e até ovacionada por brasileiros durante semana. Ronda foi tranquila ao comentar a situação curiosa.
“Isso não é engraçado? (risos) Sou vaiada pelos americanos e os brasileiros torcem por mim. Por isso que eu amo aqui. É uma mentalidade diferente […] Não sei se a minha imagem mudou ou não. Eu continuo sendo a mesma pessoa de sempre. Não sei. Talvez os brasileiros não gostem de pessoas arrogantes e talvez a minha oponente tenha ido um pouco além. Eu sempre tento ser bem honesta. As pessoas podem dizer o que quiserem, eu continuarei assim. Eu não quero ter que fazer um papel durante 10 horas do meu dia e depois ser eu mesmo. Eventualmente, posso me tornar essa imagem e eu não quero isso”, disse.
Finalização ou nocaute?
A campeã também foi questionada sobre de que forma ela preferiria encerrar a luta deste sábado: nocauteando ou finalizando. Com nove finalizações e duas vitórias por nocaute na carreira, Ronda deixou em aberto, mas usou admitiu que fazer Bethe dar os três tapinhas no Brasil teria um gosto especial.
“Acho que as duas situações iriam me satisfazer, porque estou tentando desenvolver cada vez mais o meu jogo e gastei muito tempo melhorando meu striking. Eu sei que dá para ver o meu progresso nisso. Mas por estar no país que desenvolveu o jiu-jitsu brasileiro seria uma honra muito grande vencer com uma finalização”, finalizou.
Confira o card completo do UFC Rio 7:
Ronda Rousey vs Bethe Correia Mauricio ‘Shogun’ vs Rogério ‘Minotouro’ Fernando Açougueiro vs Glaico França Dileno Lopes vs Reginaldo Vieira Stefan Struve vs Rodrigo ‘Minotauro’ Antônio ‘Pezão’ vs Soa Palelei Cláudia Gadelha vs Jessica Aguilar Demian Maia vs Neil Magny Rafael ‘Feijão’ vs Patrick Cummins Warlley Alves vs Nordine Taleb Iuri ‘Marajó’ vs Leandro Issa Vitor Miranda vs Clint Hester Hugo ‘Wolverine’ vs Guido Cannetti
Em entrevista à revista alemã de economia Capital, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu a presidente Dilma Rousseff, afirmando que ela não está envolvida no escândalo de corrupção na Petrobras.
"Não, não diretamente. Mas o partido dela, sim, claro. O tesoureiro está na cadeia", afirma FHC em entrevista publicada – em alemão – na edição deste sábado (01/08) da revista. "Eu a considero uma pessoa honrada, e eu não tenho nenhuma consideração por ódio na política, também não pelo ódio dentro do meu partido, [ódio] que se volta agora contra o PT."
FHC atribui ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a responsabilidade política pelo escândalo de corrupção na Petrobras. "Os escândalos começaram no governo dele", argumenta. "Tudo começou bem antes, em 2004, com o Lula, com o escândalo do mensalão."
Questionado se Lula estaria envolvido, FHC responde: "Não sei em que medida. Politicamente responsável ele é com certeza. Os escândalos começaram no governo dele".
O ex-presidente, uma das principais lideranças do PSDB, afirma que era impossível que Lula não soubesse do mensalão. "Para colocá-lo atrás das grades, é necessário haver algo muito concreto. Talvez ele tenha que depor como testemunha. Isso já seria suficientemente desmoralizante", comenta.
Mas FHC afirma que seria ir longe demais colocar Lula na cadeia: "Isso dividiria o país. Lula é um líder popular. Não se deve quebrar esse símbolo, mesmo que isso fosse vantajoso para o meu próprio partido. É necessário sempre ter em mente o futuro do país."
Em outro ponto da entrevista, FHC elogia Lula. "Ele certamente tem muitos méritos e uma história pessoal emocionante. Um trabalhador humilde que conseguiu ser presidente da sétima maior economia do mundo."
Mais adiante, FHC afirma que Lula era como um Cristo. "Eles fizeram dele um deus, mas ele apenas levou adiante a minha política."
FHC diz ainda que há um lado bom na atual crise. "Os cidadãos veem: as instituições funcionam – Ministério Público, Polícia Federal, toda essa Operação Lava Jato."
A detenção em 19 de junho de Marcelo Odebrecht, presidente damaior construtora da América Latina, durante a Operação Lava Jato, que investiga os esquemas de corrupção na Petrobras, não foi um golpe apenas para o Brasil. Vários países da região, entre os quais a Colômbia, Venezuela, Peru e Panamá, acompanham com inquietação o desdobramento dos processos e avaliam as consequências que teria uma condenação da Odebrecht. Seus tentáculos se estendem pelas obras mais importantes da América do Sul.
O primeiro a reagir, naquela sexta-feira de junho, foi o vice-presidente da Colômbia. Germán Vargas Llera, que garantiu que “qualquer condenação internacional em matéria de suborno” inviabilizaria as licitações e a execução das obras da construtora no país durante 20 anos. O assunto não é frívolo. A Odebrecht, a sétima construtora da Colômbia, com receita de cerca de 150 milhões de dólares (505 milhões de reais) está realizando cinco obras, duas delas das mais importantes em andamento no país: a navegabilidade do rio Magdalena, entre Barranquilla e Puerto Salgar, que abarcaria 908 quilômetros do rio, e a construção de um setor da Rota do Sol, que já avançou 40%. Para ambos os projetos o orçamento é de 6,1 bilhões de pesos (pouco mais de 7,4 bilhões de reais).
Além disso, a construtora poderá ter problemas em três licitações que está disputando: a construção do Transmilênio Boyacá, a adequação de uma estrada entre Bogotá e Girardot e a recuperação do rio Bogotá. Os três projetos devem superar mais de 2,7 bilhões de dólares (9 bilhões de reais). Segundo a Odebrecht, as autoridades colombianas aplicarão a presunção da inocência e diz, por meio da assessoria de imprensa, que a Secretaria de Transparência da Presidência assegurou que não haveria razão para investigar a companhia no seu país.
A relação entre García e a Odebrechet está marcada pelo Cristo do Pacífico, uma réplica do Corcovado do Rio de Janeiro, avaliada em 830.000 dólares ,que foi doada pela Associação Odebrecht. Na empresa dizem que a doação foi ao país, não ao presidente, e argumentam que ela feita por meio de um ato público e com conhecimento das autoridades.Enquanto no Equador começaram as auditorias nos contratos da Odebrecht, na semana passada o procurador-geral do Peru, Pablo Sánchez, informou que uma delegação de promotores do país iria até o Brasil realizar uma série de investigações e coletar dados sobre possíveis concessões ilícitas. Um dos focos seria um suposto pagamento de subornos de diretores da Odebrecht para que fosse inflado o custo de uma estrada que une aAmazônia brasileira com os portos do Pacífico peruano, construída entre 2005 e 2011, durante os Governos de Alejandro Toledo e Alan García. A empreiteira argumenta que as suspeitas de suborno ocorreram em um trecho que não é de responsabilidade dela.
A Odebrecht desenvolve há 35 anos múltiplos projetos no Peru, onde tem 15.000 funcionários 99% deles, peruanos. Segundo dados da construtora, os projetos dos quais participou propiciaram, nos últimos 10 anos, 13,25 bilhões em investimento privado e concessões pelo equivalente a 1,82 bilhão de dólares de investimento público.
No caso da Venezuela, a relação com a Odebrecht vem de longe. Desde que iniciou obras no Estado de Zulia, há 23 anos, a empresa, que hoje afirma contar com 12.000 empregados no país, vem crescendo, informa Ewald Scharfenberg. O chavismo confiou seus mais importantes projetos de infraestrutura à Odebrecht, em parte pela influência do Brasil como fiador político de Caracas na região, mas também porque o ex-presidente Hugo Chávez sempre desconfiou dos empresários venezuelanos e preferiu favorecer os estrangeiros. Com frequência, o falecido presidente mencionava os brasileiros como empresários-modelo de um desenvolvimento nacional autônomo.
Segundo indicou a ONG Transparência Venezuela em maio, a Odebrecht é responsável no momento pelos seguintes projetos: a ponte Nigale, ou segunda ponte sobre o lago Maracaibo; a linha 5 do metrô de Caracas; a ponte do Mercosul, ou terceira ponte sobre o rio Orinoco; o metrô entre Caracas e Guatira e o metrô Caracas-Los Toques. Todos os projetos estão em andamento e têm em comum o atraso nas metas e sobrepreços com relação aos cálculos iniciais. As obras que estão sendo feitas tinham orçamentos num total somado de 5 bilhões de dólares.
Onde os interesses da Odebrecht parecem estar a salvo é no Panamá. Na sexta-feira, a construtora brasileira firmou o contrato pelo qual vai liderar o consórcio encarregado de construir a segunda linha de metrô da capital panamenha, pelo valor de 1,85 bilhão de dólares. A licitação foi outorgada em 20 de maio e, ao lado da empresa brasileira, participará a espanhola Fomento, Contratas y Construcciones (FCC).
Um cachorro dormiu durante oito dias na porta de uma unidade hospitalar de Sidrolândia, a 64 quilômetros de Campo Grande, à espera da dona, uma mulher de 82 anos. Internada no dia 22 de julho, a idosa morreu no domingo (26) e, mesmo assim, o cão continuou esperando na entrada do hospital Dona Elmíria Silvério Barbosa.
Segundo um funcionário do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a idosa tinha bronquite asmática e constantemente precisava receber atendimento. “A gente ia buscá-la direto em casa e o cachorro sempre estava lá. Ela foi encaminhada para o hospital e provavelmente o cachorro acompanhou um familiar e ficou por lá mesmo”, contou.
Cachorro ficou na porta do hospital por oito dias (Foto: Reprodução/ Greice Batista da Silva)
A recepcionista da unidade, Olga Caroline Baldin, disse ao G1 que o animal não saía da porta por nada. "Ele olhava para dentro como se estivesse esperando alguém e não ia embora. Ele ficava de prontidão, olhando para dentro, à espera, era impressionante. Tinha hora que as pessoas tinham que pular para entrar no hospital, porque ele não saía de jeito nenhum”, relatou.
Wanda Camilo é diretora do hospital e afirmou que se sentiu em uma cena de filme. "Muitas pessoas querem adotá-lo, muitas pessoas vieram até mim para querer levar o cachorro, recebi muitas ligações. Até um médico nosso quis adotar."
Com a repercussão da espera, funcionários de um pet shop levaram o cão para que ele recebesse cuidados.
Foi aprovado o projeto que torna crime maus-tratos praticados contra cães e gatos. De acordo com o texto do projeto de lei, provocar a morte dos animais pode ser punido com até 8 anos de prisão.
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou a proposta que torna crime a prática de atos contra a vida, a saúde ou a integridade física e mental de cães e gatos. O texto ainda precisa ser votado pelo Plenário de acordo com a Agência Câmara Notícias.
Atualmente, a Lei nº 9.605/1988, em vigor, é a que dispõe sobre as penas em relação aos crimes contra o meio ambiente, o que inclui os maus-tratos contra animais silvestres e domésticos. De acordo com a atual legislação, quem comete esse tipo de crime pode pagar multa ou ter de cumprir de 3 meses a um ano de prisão.
No projeto da nova Lei, nº 2.833/2011, aprovado pela CCJ, a pena pode se tornar mais dura: o tempo de detenção para quem maltratar animais aumenta para no mínimo 3 anos. Podem ser levados em conta, no julgamento, se houve crueldade na morte do animal, que será considerado um agravante, podendo elevar a pena para 6 a 10 anos de prisão.
O projeto prevê, ainda, a aplicação da pena em dobro se o crime for cometido por duas ou mais pessoas, ou pelo proprietário do animal. Para quem cometer crime culposo (sem intenção), a punição será de três meses a um ano, além de multa.
Ainda é prevista punição para quem deixar de prestar assistência ou socorro a cão ou gato, promover luta entre cães, e para quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. O relator na comissão, deputado Márcio Macêdo (PT-SE), defendeu a aprovação do Projeto de Lei 2.833/2011, do deputado icardo Tripoli (PSDB-SP), com emenda que abrandou algumas penas em comparação ao texto original.
Ex-combatentes talibãs em cerimônia em Jalalabad: o dirigente talibã não aparecia em público desde que foi tirado do poder em 2001 após a invasão americana
Cabul - A notícia da morte do líder supremo dos talibãs, o mulá Omar, representa um duro golpe para a unidade deste grupo insurgente, põe em xeque as conversas iniciadas com o governo do Afeganistão e deixa o movimento talibãentre a ruptura e novas aventuras como a do Estado Islâmico (EI).
O anúncio feito pelo governo afegão na quarta-feira da morte do líder talibã, confirmada hoje por seus próprios seguidores, veio referendar uma realidade que para muitos era evidente há tempos.
O dirigente talibã não aparecia em público desde que foi tirado do poder em 2001 após a invasão americana, mas em duas ocasiões enviou mensagens de felicitação pelo fim do Ramadã, o mês de jejum muçulmano.
Há menos de 15 dias, os talibãs divulgaram uma mensagem atribuída a ele na qual pela primeira vez o líder insurgente aceitava que a solução política para a guerra afegã era legítima.
A mensagem, ainda hoje no site talibã, foi elogiada pelo presidente afegão, Ashraf Ghani, que agradeceu a mulá Omar por sua flexível postura em relação às conversas.
O mulá Omar exercia um papel importante como símbolo da unidade para os comandantes talibãs, que lutam contra o governo e o contingente militar internacional presente no país há 14 anos.
Essa unidade, segundo afirmaram analistas consultados pela Agência Efe, não poderá ser mantida perante a iminente luta interna por poder e a reacomodação de forças e posições, o que representará a mais que segura ruptura entre as diferentes facções.
O segundo no comando e chefe militar talibã, o mulá Akhtar Muhammad Mansour, considerado próximo ao Paquistão e apontado como favorito para assumir a liderança talibã, não tem o respaldo da família de Omar, nem do escritório dos talibãs no Catar nem do mulá Abdul Qayum Zakir, número três do grupo insurgente, segundo disse à Efe o diplomata afegão Ahmad Sayeedi.
"Vendo estas fendas, os talibãs não se manterão juntos após a morte do mulá Omar", disse este especialista em insurgência.
Sayeedi acrescentou ainda que o mulá Omar tinha sugerido como sucessores o mulá Obaidullah, já morto, e o mulá Brother, atualmente sob prisão domiciliar no Paquistão, razão pela qual, em sua opinião, quem assumir a liderança não será aceito por todos os grupos talibãs.
A insurgência mantida durante 14 anos também se debilitará após a morte de seu líder. Alguns de seus comandantes aceitarão as conversas de paz que começaram este mês com o governo e aqueles que se oponham não terão mais alternativa que unir-se ao braço local do Estado Islâmico, declarou à Efe o ex-oficial de inteligência afegão, Javid Kohistani.
"O status de Amirul Muminin (comandante dos fiéis, outorgado a Omar) respaldado por 1.500 ulemás (doutores no Corão) já não é viável para os talibãs; portanto as fatwa (ordens do comandante) não serão efetivas nem aceitas pelos comandantes talibãs", opinou Kohistani.
Em sua opinião, este será o último ano durante o qual os talibãs mostrarão todo seu poder militar.
Vários comandantes talibãs desertaram nos últimos meses para unir-se ao EI, motivo pelo qual o grupo insurgente advertiu Abu Bakr al-Baghdadi, líder dessa organização, para que não criasse uma segunda frente jihadista no país se não queria se ver confrontado e derrotado pela força.
Mas o anúncio da morte do mulá Omar chegou após a tão ansiada primeira rodada de conversas entre os talibãs e o governo, no último dia 7 de julho, e o momento em que se preparava a segunda, adiada a pedido dos insurgentes perante os últimos eventos.
"A morte do mulá Omar terá sérias consequências para as conversas de paz no curto prazo e as complicará mais, mas em longo prazo é vista como uma oportunidade para o governo alcançar uma paz com aqueles insurgentes a quem seus companheiros não permitiram buscar um acordo no passado", disse à Efe Mohammad Natiqi, da delegação afegã nas conversas.
Nesse sentido, Natiqi lembrou que as facções mais influentes dos talibãs são o grupo do mulá Akhtar Mansour e a rede Haqqani, que mostraram no passado o desejo de conseguir um acordo para acabar com a guerra.
"Se o governo alcançar um acordo com estes dois grupos, os demais talibãs não terão outro remédio que submeter-se ao acordo de paz", concluiu Natiqi.
São Paulo – A noite do dia 6 de julho era para ser como outra segunda-feira qualquer no Parque Nacional de Hwange (Zimbábue), até que o leão carinhosamente chamado de Cecil se deparou com um grupo de caçadores que determinariam o seu destino final.
Cecil era especialmente famoso no meio conservacionista e era amado em todo o país. Morto aos 13 anos de idade, o leão teve praticamente toda a sua vida monitorada por cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, que estudavam a conservação de leões no Zimbábue.
Para se ter uma ideia da relevância de Cecil, o jornal britânico The Guardian o descreveu como sendo ”um dos mais famosos leões em toda a África e a estrela do Parque Nacional de Hwange”. Apesar da a fama e proteção que recebeu ao longo da vida, a sua morte não poderia ter sido mais cruel.
Naquela noite, os caçadores amarraram a carcaça de um animal à traseira de uma caminhonete. Deste modo, conseguiram levar o leão para fora do parque, onde a caça é proibida. Quando conseguiram chegar a cerca de um quilometro de distância do limite entre o parque e uma fazenda, o dentista americano Walter James Palmer o acertou com uma flecha. Mas Cecil não morreu.
Depois de caçá-lo por mais 40 horas, os homens conseguiram encontrar Cecil novamente. Desta vez, para não errar, usaram uma arma. Com o leão morto, lhe arrancaram a cabeça, a pele e tentaram sem sucesso destruir o aparelho de GPS que o animal usava, uma vez que era monitorado tanto pelo parque.
Segundo a agência do Zimbábue responsável pela administração dos parques (ZCTF), Palmer pagou 50 mil dólares para Theo Bronkhorst, um experiente caçador especializado neste tipo de empreitada. Bronkhorst, contudo, agora enfrenta a justiça do país. Foi preso e liberado sob fiança de mil dólares, mas se for condenado por caça ilegal, poderá passar 15 anos na cadeia.
A repercussão mundial do episódio chegou até os subúrbios de Minneapolis (Minnesota), onde vive o dentista, e fez com que Palmer desaparecesse dos olhos do público desde o início da semana. Seu consultório permanece com as portas fechadas e não há rastros seus nas redes sociais.
Sua única manifestação foi uma nota na qual declarou que jamais soube que o leão em questão era uma “celebridade local” e disse ter confiado na experiência dos guias locais para “caçar dentro da legalidade”. Por fim, se colocou à disposição das autoridades do Zimbábue e dos EUA para prestar quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessários.
Apesar de toda a polêmica, esta não é a primeira vez que o dentista se envolve em problemas relacionados à prática da caça. Informações da agência de notíciasAssociated Press revelaram que, em 2008, Palmer matou um urso negro em uma zona proibida. Ao órgão americano que regula a caça, contudo, informou ter matado o animal em outro lugar.
Repercussão
No site da Casa Branca, 70 mil pessoas já assinaram um abaixo-assinado pedindo que Palmer fosse extraditado para o Zimbábue para que seja julgado de acordo com as leis do país. Nas redes sociais, o clima também é de comoção.
Desde que a notícia da morte de Cecil veio à tona, celebridades e usuários do Twitter se manifestaram em apoio às autoridades do Zimbábue e desferiram duros comentários contra Palmer e a atividade da caça.
O comediante britânico Rick Gervais, notório ativista pelos direitos dos animais, foi um deles e fez uma bonita homenagem a Cecil. Na rede social, Gervais escreveu estar “lutando para imaginar alguma coisa mais bela do que isso”. O tuíte foi acompanhado de uma majestosa foto de Cecil. Veja abaixo:
A advogada Beatriz Catta Preta afirmou em entrevista ao repórter César Tralli, na edição desta quinta-feira (30) do Jornal Nacional, que decidiu deixar os casos dos clientes que defendia na Operação Lava Jato porque se sentia ameaçada e intimidada por integrantes da CPI da Petrobras. Ela disse que, devido às supostas ameaças, fechou o escritório e decidiu abandonar a carreira.
Após a aprovação no último dia 9 do requerimento que a convocou para depor à comissão, a advogada desistiu de continuar defendendo três clientes que fizeram acordo de delação premiada no âmbito da investigação do esquema de corrupção na Petrobras. A CPI quer que ela explique a origem do dinheiro recebido a título de honorários.
Indagada sobre quais eram os autores das supostas tentativas de intimidação, Catta Preta respondeu: "Vem dos integrantes da CPI, daqueles que votaram a favor da minha convocação", declarou.
Sem citar nomes, Catta Preta, especializada em acordos de delação premiada, disse que decidiu encerrar a carreira a fim de zelar pela segurança da família.
"Depois de tudo que está acontecendo, e por zelar pela segurança da minha familia, dos meus filhos, eu decidi encerrar a minha carreira na advocacia. Eu fechei o escritório", declarou.
A advogada disse na entrevista ao JN que recebeu ameaças de maneira "velada". "Não recebi ameaças de morte, não recebi ameaças diretas, mas elas vêm de forma velada, elas vêm cifradas", disse.
Beatriz Catta Preta atuou em nove dos 18 acordos de delação premiada firmados por investigados da Operação Lava Jato com o Ministério Público. Esses nove delatores são os executivos Júlio Camargo e Augusto Mendonça (Toyo Setal); o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco; o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, a esposa dele, as duas filhas e dois genros. Embora tenha atuado nesses nove casos, se mantinha na defesa de três – Barusco, Julio Camargo e Augusto Mendonça.
Membros da CPI contestam O deputado Hugo Motta afirmou por meio da assessoria que a convocação para depoimento não significa perseguição à advogada.
"O requerimento de convocação da advogada Beatriz Catta Preta foi aprovado por unanimidade no plenário da CPI da Petrobras. A vontade de investigar a origem dos honorários da advogada é suprapartidária, o que afasta de vez a acusação de perseguição", declarou em nota.
O autor do requerimento de convocação da advogada, deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), disse que apresentou o pedido dentro do seu direito de cidadão e de deputado e afirmou que a aprovação foi consensual. Segundo ele, Beatriz Catta Preta não será intimidada pela CPI.
Inicialmente, em depoimento do acordo de delação premiada, ele disse que não tinha conhecimento de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras de pessoas com foro privilegiado. Depois, declarou que o presidente da Câmara,Eduardo Cunha(PMDB-RJ), tinha pedido US$ 5 milhões de propina – o deputado nega.Júlio Camargo Catta Preta afirmou na entrevista que passou a sofrer intimidação depois que o empresário Júlio Camargo, que ela defendia, mudou o teor do que tinha afirmado.
Depois da revelação, Catta Preta foi convocada para depor à CPI. "Vamos dizer que [depois do depoimento de Júlio Camargo] aumentou essa pressão, aumentou essa tentativa de intimidação a mim e à minha família", declarou.
Indagada sobre o motivo pelo qual Júlio Camargo não tinha mencionado Eduardo Cunha inicialmente, a advogada disse que foi por medo. "Receio. Ele tinha medo de chegar ao presidente da Câmara", disse. Segundo ela, ele mudou de ideia devido "à colaboração dele, a fidelidade, a fidedignidade da colaboração, o fato de que um colaborador não pode omitir fatos, não pode mentir".
De acordo com a advogada, Camargo apresentou provas. "Todos os depoimentos prestados sempre vieram respaldados. Com informações, dados, documentos, provas definitivas. Nunca houve só o dizer por dizer", declarou.
Eduardo Cunha Nesta quinta, Eduardo Cunha não quis falar sobre o assunto. “Eu não comento sobre isso. Eu não comento isso. Então, pergunte à CPI. Sobre isso eu não falo", declarou.
O advogado do deputado, Antonio Fernando de Souza, disse que as declarações de Beatriz Catta Preta não fazem sentido, uma vez que Júlio Camargo já havia negado o envolvimento de Cunha publicamente. No entendimento do advogado, as declarações da advogada dão a impressão de "coisa montada".
Antônio Fernando voltou a negar veementemente o envolvimento do presidente da Câmara nas fraudes e disse ter certeza de que Júlio Camargo não tem nenhum documento que ligue Eduardo Cunha às irregularidades.
Honorários Catta Preta negou ter recebido mais de R$ 20 milhões de honorários. "Esse número é absurdo. Não chega perto da metade disso", disse. Segundo ela, o dinheiro foi recebido no Brasil por meio de transferência bancária ou em cheque, com emissão de nota fiscal e recolhimento de impostos.
Nesta quarta, a pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, criticou a convocação pela CPI e autorizou a advogada a não se manifestar à comissão sobre assuntos que envolvam sigilo profissional, como o recebimento de honorários advocatícios. A data do depoimento da advogada à CPI ainda não foi marcada.
"Se eu tiver que ir à CPI, infelizmente tudo o que eu vou poder dizer a eles é que eu mantenho o sigilo profissional e não vou revelar nenhum dado que esteja protegido por sigilo", declarou.
Estados Unidos A advogada também afirmou na entrevista que não se mudou para Miami (EUA) em razão das supostas ameaças, mas viajou de férias com os filhos para os Estados Unidos, onde permaneceu por 34 dias.
"Nunca cogitei sair do país ou fugir do país como está sendo dito na imprensa", disse.
“Bandido tem que ir para a cadeia”, “comandante Hamilton, na tela!” e “onde estão os direitos humanos das vítimas?” Bordões repetidos à exaustão por José Luiz Datena no programa policialescoBrasil Urgente, da TV Bandeirantes, estarão em breve em uma propaganda eleitoral perto de você. O apresentador, que se filiou esta semana ao conservador Partido Progressista (PP), é pré-candidato àPrefeitura de São Paulo nas eleições do ano que vem. Ele chegou a ser sondado também pelo PSB e pelo PSDB. O vice da chapa será o também pepista deputado estadual Delegado Olim, que costurou o acordo.
A aposta da candidatura de Datena é surfar na chamada onda conservadora, insuflada por políticos como Jair Bolsonaro ou Eduardo Cunha, que mistura pregação da mano dura contra os criminosos, defesa intrasigente da polícia e da ordem e apelo religioso. O apresentador deve começar a campanha em alta, já que se trata de um rosto conhecido que encampa um discurso moralizante e radical que encontra eco em uma parcela dos paulistanos, mas terá de provar que pode ser competitivo até o final e evitar o efeito Russomanno, que por erros em 2012 viu suas intenções de votos evaporarem.A chegada de Datena na corrida eleitoral complica cenários de uma disputa que ainda não tem favorito claro e soma novos competidores —depois de Datena, nesta quarta foi a vez de o empresário João Dóriaafirmar que pretende lutar para ser candidato pelo PSDB, publicou o Estado de S. Paulo. Datena pretende se medir nas urnas com outro nome da TV, o deputado Celso Russomanno, pré-candidato do PRB, e com a ex-prefeita e senadora Marta Suplicy, ainda em busca de um novo partido para acomodar suas ambições eleitorais. Todos querem o cargo de Fernando Haddad (PT), que lutará contra os problemas de caixa e a crise de seu próprio partido para permanecer na prefeitura.
Se na telinha José Luiz Datena é defensor da ordem, e do trabalho da polícia, na política, o apresentador escolheu o partido com mais investigados na Lava Jato: são 31 políticos sob suspeita (ante 8 do PT e 8 do PMDB). A legenda também abriga o deputado federal Paulo Maluf (SP), ex-prefeito da capital procurado pela Interpol e ficha-suja —que conseguiu manter o mandato na Câmara graças a uma decisão da Justiça.
Datena consegue narrar graves violações de direitos humanos cometidas pela PM – inclusive execuções - como se fossem uma partida de futebol
Defensor da redução da maioridade penal – “[os menores] matam mais que todos os 007 juntos, [eles têm] licença para matar" –, Datena faz parte de um grupo de jornalistas conservadores que jogam com osentimento de insegurança em São Paulo e são recompensados com audiência. Hoje o Estado tem 9,3 mortes por 100.000 habitantes (inferior às taxas de grandes cidades americanas).
A relação entre o apresentador e a polícia é simbiótica: ele precisa ter boas relações com a PM para que sua equipe seja informada com antecedência dos flagrantes, operações e prisões, fundamentais para sua audiência. E os policiais encontram nele um árduo defensor. A fórmula funciona: o Brasil Urgente tem uma das maiores audiências da TV Bandeirantes.
Parte do apelo de Datena está em narrar graves violações de direitos humanos cometidas pela PM —inclusive execuções— como se fossem um jogo de futebol. No final de junho, durante uma perseguição a dois homens em uma moto, um policial dispara contra os suspeitos caídos no chão e aparentemente rendidos. Tudo transmitido ao vivo no Brasil Urgente. "Viatura de Rota [Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, a tropa de elite da PM de São Paulo], viatura líder tentando prender bandidos em fuga, bandidos em fuga!”, começou o apresentador, eufórico. Depois que o policial disparou, ele comenta: “O cara tacou o capacete na polícia, acho que houve tiro ali! Teve tiro aí. Tiro do policial. Não sei se na hora que o cara caiu apontou o revólver para o policial...”. O PM foi detido administrativamente após o incidente, a Corregedoria da corporação investiga o caso, e o secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, afirmou que o policial cometeu uma "séria irregularidade".
Datena terá que provar que consegue apresentar respostas e soluções para os problemas da cidade, que não serão resolvidos com a ajuda da Rota e da PM
Mas as polêmicas de Datena não se restringem a uma defesa da polícia. Ele também se notabilizou por colocar a culpa da violêncianos ateus e na “ausência de Deus” no coração, uma muleta recorrente no debate sobre o assunto no Brasil. Ao comentar a morte de um jovem fuzilado em 2012, Datena afirmou que “o sujeito que não respeita os limites de Deus, é porque não sei, não respeita limite nenhum”. De acordo com ele, “é por isso que o mundo está essa porcaria. Guerra, peste, fome e tudo mais, entendeu? São os caras do mal. Se bem que tem ateu que não é do mal, mas, é…”. Por esse comentário, a Band foi condenada na Justiça a exibir um vídeo sobre a importância do Estado laico no Brasil.
Outro momento no qual o apresentador ganhou notoriedade ocorreu durante os protestos de junho de 2013, contra o aumento das tarifas no transporte. Ele acompanhava uma manifestação em São Paulo, criticando duramente os protestos e a depredação e os atos de vandalismo nas ruas. Em dado momento, lançou a enquete "Você é a favor de protesto com baderna?". Por telefone, o público votou massivamente apoiando a "baderna". “Deve ter algum erro”, dizia ele enquanto o Sim da enquete crescia em detrimento Não. E foi aí que ele mudou e opinião, e começou a tratar o ato como "um show de democracia". “Fazia muito tempo que não via uma manifestação democrática e pacífica assim. É o povo", disse. Até a revogação do aumento ele defendeu: "O povo está descontente. Eu falei que ninguém queria aumento."
Efeito Russomanno
Se, por um lado, mesmo com episódios controversos, a exposição na mídia é uma vantagem para Datena sobre outros candidatos, por outro, ela pode fornecer munição de sobra para seus opositores.Numa entrevista, concedida há três anos para o colunista da Folha de S. Paulo Maurício Stycer, ele criticou o fato de o deputado Russomanno, que moldou sua carreira política como apresentador de TV, candidatar-se à prefeitura naquele ano. “O cara está confundindo popularidade com credibilidade e capacidade”, afirmou. Na mesma conversa, Datena explicou que não queria aceitar os convites para concorrer a algum cargo político. Lançou: “Sou uma porcaria como administrador. Posso comentar bem alguma coisa. Agora, eu seria um péssimo político e não teria capacidade nenhuma”.
Caso leve adiante a candidatura, Datena pode se beneficiar pelo fatornovidade. Seu principal desafio será mostrar consistência nos debates complexos da maior cidade do Brasil. O caso de Russomanno, na eleição passada, tornou-se exemplar neste sentido. O parlamentar, que também já trabalhou em programas policiais —Aqui e Agora, do SBT — e fez fama na tela defendendo o direito do consumidor, chegou a liderar a corrida por alguns meses em 2012. Na reta final, sua popularidade desidratou quando confrontado com questões práticas da capital. Ele apresentou uma proposta controversa para a duração do bilhete único para as passagens de ônibus, e acabou ficando fora do segundo turno, disputado à época entre Haddad e José Serra.
Apesar de toda a expertise televisiva, Russomanno deu respostas evasivas e também teve dificuldades para lidar com outro ponto de sua candidatura que provocava críticas: a ligação de seu partido, o PRB, e sua emissora, a Record, com a Igreja Universal. “Vamos falar sobre São Paulo?”, disse Russomanno, quando questionado sobre seus vínculos com a Universal, e a frase foi parar em memes na rede.
Quem se apresentar para a disputa de 2016 terá de estar preparado para discutir os problemas financeiros da prefeitura —sem dinheiro para investir e que não conseguiu renegociar a dívida do município nem reajustar impostos. Terá ainda de apresentar propostas para lidar com uma cidade que sofre de graves problemas de mobilidade, infraestrutura e segregação socioespacial, nada que pareça ao alcance da famigerada Rota e da PM. Então, Datena, vamos falar sobre São Paulo?
Bloqueio imposto por Vladimir Putin vigora desde agosto do ano passado (foto: EPA)
29 JULHO, 16:26•MOSCOU•ZLR
(ANSA) - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou nesta quarta-feira (29) um decreto ordenando a destruição de produtos agroalimentares que chegam ao país provenientes do Ocidente, violando o embargo imposto por Moscou em agosto do ano passado. Desde então, o governo russo proíbe a importação de frutas, verduras, lacticínios, carnes e peixes dos Estados Unidos, da União Europeia e de outras nações que aprovaram sanções econômicas por conta da crise no leste da Ucrânia. Apesar do veto, muitos desses produtos chegam ilegalmente à Rússia, sobretudo via Belarus e Cazaquistão. O decreto firmado por Putin estabelece que tais artigos serão regularmente eliminados a partir do próximo dia 6 de agosto. (ANSA)
(Reuters) - A presidente Dilma Rousseff vetou a extensão da regra de correção do salário mínimo para todos os aposentados, segundo despacho publicado no Diário Oficial da União desta quinta-feira.
O veto era esperado desde que o Congresso aprovou a medida no início do mês.
Para ver a íntegra da lei vetada e do despacho com as justificativas ao veto clique em here
Um agente do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), de 28 anos, foi detido por policiais militares com sintomas de embriaguez e uma arma dentro do veículo que conduzia, por volta das 5h20 desta quarta-feira (29/7). A abordagem aconteceu em Águas Claras, quando os profissionais encontraram uma pistola .380, com 14 balas.
O agente não fez o teste do bafômetro. Ele foi conduzido à 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga) e, em seguida, ao Instituto Médico Legal (IML) de Brasília, onde passou por exame clínico, que não constatou a embriaguez.
Ele pagou fiança de R$ 1 mil pelo crime de porte ilegal de arma de fogo e foi liberado. A pistola foi apreendida.
Walter Palmer pode ter escrito uma carta a pedir desculpa pela morte do famoso leão. Mas não se livra de ser, por estes dias, o homem mais detestado na Internet. E o argumento de que não sabia tratar-se de Cecil só serviu para incendiar ainda mais os ânimos
A clínica River Bluff Dental, no estado norte-americano do Minnesota, está encerrada. A página no Facebook e o site do dentista também. Mas aos indignados com a morte do leão-celebridade de um parque nacional no Zimbabué, não têm faltado locais para expressar a sua opinião sobre Walter Palmer e a sugerir formas mais ou menos "criativas" de "castigar o dentista.
Declarado abertamente "o homem mais odiado do mundo", o norte-americano terá pago o equivalente a cerca de 45 mil euros para matar Cecil, numa caçada ilegal que começou por atrair o animal para fora do parque.
O dentista garante que confiou em guias profissionais para encontrar um leão para caçar, a sua atividade de eleição, e que só descobriu que se tratava de Cecil no final da caçada, argumento que só serviu para enfurecer mais a comunidade internacional.
Twitter, Facebook, fóruns, blogues, caixas de comentários de sites noticiosos têm servido para milhares e milhares dos mais variados insultos a Palmer e comentários do que "deveria" acontecer ao dentista, classificado como "uma vergonha para a raça humana": Ser morto a tiro e esfolado, como aconteceu ao animal, é um dos mais frequentes.
O caso de Cleidenilson Pereira da Silva, de 29 anos, espancado e esfaqueado até a morte no início de julho após ser amarrado a um poste em São Luís, no Maranhão, chocou o país. Cercado e atacado por um grupo após uma acusação de roubo, ele foi linchado em plena luz do dia. No Rio de Janeiro, na segunda-feira, Newton Costa Silva também foi espancado até a morte na favela da Rocinha, acusado de tentar matar uma mulher e seus dois filhos.
Em comum, os dois casos trazem à tona a inegável brutalidade dos linchamentos, um fenômeno que tem chamado a atenção no país.
Apesar de justiçamentos pelas próprias mãos configurarem crimes de homicídio ou lesão corporal, o comportamento de alguns setores da população, de parte da polícia e até mesmo da mídia revela por vezes um clima de aceitação da violência quando cometida contra um suposto criminoso, na opinião da pesquisadora Ariadne Natal, doutoranda em Sociologia pela USP.
"Quem lincha sabe que tem respaldo social para isso no Brasil. Quem está ali linchando sabe que não haverá depoimentos de testemunhas nem maiores investigações ou punições", afirma Natal, que analisou 589 casos de linchamento na região metropolitana de São Paulo entre 1980 e 2009.
Outro levantamento do Núcleo de Estudos da Violência (NEV), também da USP, identificou 1.179 linchamentos entre 1980 e 2006 em todo o Brasil.
A pesquisadora cita fatores como a falta de ação da polícia para explicar o clima de aceitação e de impunidade. "Caso a polícia fosse orientada a deter, investigar e ajudar a punir os responsáveis, certamente poderíamos coibir de forma mais intensa os linchamentos ocorridos no país", afirmou a especialista em entrevista à BBC Brasil.
Dos 589 casos que analisou em um período de 30 anos, apenas um foi a julgamento. "É preciso que a polícia passe a ver os linchamentos como um problema, como um crime a ser investigado e punido, e não como uma solução", afirma.
Veja abaixo os principais trechos da entrevista que ela concedeu à BBC Brasil:
BBC Brasil: Recentemente temos visto linchamentos motivados por assaltos e pequenos delitos, quando, em geral, reações semelhantes tendem a ocorrer após crimes chocantes como estupros de crianças. Há uma nova tendência nesse sentido ocorrendo no Brasil, de banalização da violência e da intolerância?
Ariadne Natal: Diferentemente da Justiça, que fixa penas proporcionais à gravidade do crime, o linchamento não tem a mesma lógica. Um linchamento pode ser motivado por crimes contra a vida, contra os costumes - como estupros -, contra o patrimônio. É difícil indicar se há uma tendência clara de banalização, pois há ocorrências de todos os tipos atualmente. No entanto, nos 589 casos que analisei na região metropolitana de São Paulo, entre 1980 e 2009, os motivos variaram ao longo do tempo.
Na década de 1980 havia mais linchamentos por crimes contra o patrimônio. Depois, nos anos 1990 e 2000, essa proporção foi caindo e crimes mais graves passaram a ser respondidos com linchamentos. Podemos estar assistindo a uma nova onda, mas isso também é relativo. Cada vez que ocorre um caso de repercussão nacional, há mais cobertura da mídia. E dependendo de como os casos são retratados pode haver um efeito de "espelhamento", quando as pessoas se sentem compelidas a fazer o mesmo se deparadas com uma situação semelhante.
BBC Brasil: Quem são as pessoas com mais chances de serem linchadas no Brasil?
Natal: O perfil da vítima de linchamento é muito similar ao da vítima de homicídio: 95% homens, jovens, a maior parte entre 15 e 30 anos. É raro uma mulher ser vítima de linchamento, embora haja casos famosos, como o do Guarujá no ano passado. Em geral também são pessoas pobres. A maior parte dos linchamentos ocorre em regiões carentes e periféricas, seja em grandes metrópoles ou cidades do interior, onde o Estado é pouco presente.
BBC Brasil: O linchamento é previsto no Código Penal como crime específico? Torná-lo crime hediondo, por exemplo, poderia coibir sua prática?
Natal: O linchamento não é um tipo penal, ou seja, não existe o crime específico de linchamento no Código Penal brasileiro. Um caso de linchamento pode ser registrado como tentativa de homicídio, homicídio ou lesão corporal. Não acredito que o endurecimento penal possa ter um impacto sobre esse fenômeno. Precisamos promover mudanças nas instituições, incluindo as polícias, o Judiciário e sobretudo a sociedade, que considera linchar alguém algo aceitável.
Além disso, é um crime de difícil apuração. Apesar de ocorrer à luz do dia, em público, há um pacto de silêncio após o término. Juntando a isso a característica da Justiça brasileira, que busca individualizar a ação de cada pessoa, por não prever crimes coletivos, os linchamentos tornam-se situações onde a punição é rara.
BBC Brasil: Qual é o papel da polícia nisso? Como policiais tendem a se comportar quando chegam a uma cena de linchamento, e como poderiam atuar por mais punição?
Natal: O linchamento ocorre a partir de uma suposta acusação inicial. Seja um estupro, um abuso ou um roubo. E quando a polícia chega, de forma geral, vai lidar com aquela situação inicial. A polícia está ali para investigar o roubo, e o linchamento costuma passar a reboque, sem ser problematizado, sobretudo se a vítima já estiver morta.
Frequentemente o crime menos grave, de roubo ou assalto, vai ser o foco da atenção, e não o de lesão corporal ou até homicídio. A polícia não busca os responsáveis, apesar de estar diante de uma pessoa machucada ou morta, e a sociedade aceita isso como natural. Até mesmo a mídia aceita isso como natural, por não questionar a ação da polícia e a ausência de investigações.
BBC Brasil: Como explicar a atitude da polícia?
Natal: A atitude policial diante de um linchamento no Brasil pode variar da prestação de socorro até a participação, omissão e mesmo a incitação. No meu estudo, por exemplo, encontrei um exemplo de linchamento incitado por policiais.
BBC Brasil: Que tipo de participação os policiais tiveram nesse caso de incitamento? Há episódios recentes semelhantes?
Natal: Em São Paulo, na década de 1980, um rapaz foi acusado de roubar um taxista. A PM chegou e prendeu esse homem. Ao longo do caminho para a delegacia, os policiais paravam em pontos de táxi e alertavam que estavam com o suspeito. Esses taxistas começaram a seguir o carro da polícia, e quando a viatura chegou à delegacia foi estacionada a uma distância do prédio policial, deixando o rapaz vulnerável na rua, e ele foi atacado pelos taxistas. Foi um linchamento programado, visivelmente incitado por policiais e documentado pela mídia na época.
No caso recente ocorrido no Maranhão (no início de julho), há imagens que mostram um policial chegando ao local onde o rapaz havia sido linchado. Mas em vez de tentar socorrer a vítima ou preservar a cena do crime e deter os responsáveis, esse policial saca o celular do bolso e começa a filmar também.
É um cenário contraditório. De um lado, a ação da polícia é importante para impedir que uma tentativa de linchamento acabe em morte. E, ao longo dos anos, a ação da polícia fez com que os linchamentos se tornassem menos letais no país.
Mas a atitude perante os linchadores, no entanto, continua a mesma do passado. Por via de regra não são identificados, detidos, interrogados, e o anonimato coletivo é preservado, sem que ninguém seja nem sequer processado.
BBC Brasil: Com base nessas conclusões, é possível afirmar que o linchamento é um crime praticamente impune no Brasil? Até mesmo com filmagens em casos recentes?
Natal: No Brasil o linchamento é um crime de difícil elucidação e há grandes dificuldades para apontar as responsabilidades individuais de cada envolvido. Apesar da omissão e da cultura de aceitação da violência entre as forças policiais, até há tentativas incipientes de investigação. Quanto à impunidade, para se ter uma ideia, de 589 casos analisados num período de 30 anos na região metropolitana de São Paulo, apenas um resultou em julgamento. E há muita subnotificação. Dependemos da mídia para saber, já que não há estatísticas oficiais.
Os vídeos podem ajudar, mas estas filmagens costumam ser feitas no calor dos acontecimentos, de forma irregular e muito movimento, e em geral a câmera foca na vítima, e não nos algozes.
No caso do Maranhão, a polícia conseguiu identificar uma facada no coração como a causa da morte do rapaz linchado, então provavelmente vão agora tentar identificar quem desferiu esse golpe, e essa pessoa, se encontrada, poderá responder pela morte do rapaz.
BBC Brasil: Uma pesquisa da USP listou 1.179 linchamentos ocorridos no Brasil entre 1980 e 2006, sendo 568 em São Paulo, 204 no Rio de Janeiro, e 180 na Bahia, dentre outros Estados. O que se pode fazer, de forma imediata e tangível, para tentar coibir este tipo de crime?
Natal: É preciso que a polícia veja os linchamentos como um problema de segurança pública, e não uma solução. O linchamento não pode ser encarado como uma punição aceitável a quem é acusado de um crime. Trata-se de uma outra forma de violência, outro crime, que merece igual investigação.
O linchamento tem que ser problematizado como algo condenável, e os responsáveis precisam ser punidos. Se houvesse conduta diferente dos policiais ao chegar a uma cena de linchamento, teríamos ao menos uma sensação de receio entre pessoas que um dia possam cogitar participar de algo dessa natureza.
Quem lincha sabe que tem respaldo social para isso no Brasil. Quem está ali linchando sabe que não haverá depoimentos de testemunhas nem maiores investigações ou punições. Do contrário, como explicar alguém que se dispõe a assassinar uma pessoa em praça pública, sem esconder identidade, à luz do dia, sendo até filmada? As ações dos que assistem, da sociedade, da polícia e das instituições dão a essas pessoas a certeza de que estão fazendo algo certo.