ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta sexta-feira (1º) durante aula inaugural de uma universidade do Rio que há no Brasil uma “operação abafa” em curso, contra o combate à corrupção. Sem usar a expressão “Lava Jato”, Barroso afirmou que existe uma mentalidade no país que a “criminalidade do colarinho branco não é grave”.
“Existe ainda uma velha ordem, incrustada na sociedade brasileira, de que tudo continue como está. Porque há alguém que ganha com o modelo que nós temos. A velha mentalidade de que prender rico é inconstitucional, de que criminalidade do colarinho branco não é grave. E que jurisprudência que oferece o risco de se prender rico deve ser mudada o mais rápido possível.”
O ministro afirmou que o combate à corrupção alcançou “pessoas que não gostam de ser punidas” e que têm “aliados em toda parte”: nos “altos escalões”, nos poderes, na imprensa e “aonde menos seria de se esperar”.
“É claro que há reações. É claro que há ‘operação abafa’. As pessoas não gostam de ser punidas. E, na verdade, o que aconteceu é que esse protesto de enfrentamento da corrupção alcançou pessoas que se consideravam imunes. E consequentemente impunes. Essas pessoas articulam pra permanecer impunes, para não serem responsabilizadas penalmente, é da natureza humana.”
Barroso deu uma aula inaugural de um curso de pósgraduação de advocacia pública da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, em convênio com a Procuradoria-Geral do Estado. Ele falou por cerca de uma hora de dez minutos sobre advocacia público e, nos cinco minutos finais, abortou o combate à corrupção. O ministro reforçou que acredita que “a corrupção não é invencível”.
“Houve muitos avanços. A fotografia do momento atual parece que o crime compensa e que o mal venceu. Não é assim. Acho que há uma semente plantada e há uma demanda imensa na sociedade por integridade, por idealismo, por patriotismo. E é essa energia que muda a história”.
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