Tempestade perfeita - Foto de worldoflard/flickr
O quadro abaixo, com dados da Bloomberg, compara os resultados desta segunda-feira dos índices das bolsas de diversos países, com os de há mês e de há um ano. Nele pode verificar-se que, nesta segunda-feira, só o índice Nikkei do Japão não caiu e que as quedas foram significativamente mais acentuadas nas bolsas europeias. O índice português PSI20 caiu 2,80%. A bolsa grega desceu ao ponto mais baixo desde 1991.
As quedas no último mês, desde praticamente o início do ano, oscilam entre o -1,95% do Dow Jones da bolsa de Nova York e os 11,83% da bolsa de Shanghai. Os índices das bolsas europeias têm baixas acentuadas, sobressaindo as perdas do DAX da Alemanha (-8,83%) e das maiores cotadas europeias – Eurostoxx (-8,a9%).
Quadro - Quedas das bolsas em 8 de fevereiro de 2016, num mês e num ano
Bolsas
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País
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8 de fevereiro (%)
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1 mês (%)
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1 ano (%)
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Dow Jones
|
EUA
|
-1,10
|
-1,95
|
-10,08
|
S&P500
|
EUA
|
-1,42
|
-3,57
|
-9,83
|
Nasdaq
|
EUA
|
-1,82
|
-7,75
|
-9,71
|
Eurostoxx
|
União Europeia
|
-3,27
|
-8,19
|
-18,04
|
FTSE 100
|
Reino Unido
|
-2,71
|
-3,77
|
-16,99
|
DAX
|
Alemanha
|
-3,30
|
-8,83
|
-17,21
|
CAC
|
França
|
-3,20
|
-6,17
|
-13,32
|
Ibex
|
Espanha
|
-4,44
|
-8,83
|
-23,18
|
Nikkei
|
Japão
|
1,10
|
-3,92
|
-4,00
|
Shanghai
|
China
|
-0,70
|
-11,83
|
-10,52
|
Dados da Bloomberg
Bancos europeus caem 5,6%
O Financial Times destaca que o índice das instituições financeiras caiu nesta segunda-feira 5,6%. O Deutsche Bank, o maior banco alemão e um dos dez maiores bancos do mundo, liderou as quedas - a sua cotação baixou 9,5% e chegou a estar a cair mais de 10%. As ações do, igualmente alemão, Commerzbank caíram 9,5%. Os bancos norte-americanos tiveram também quedas significativas em Nova York.
Desde o início do ano o setor financeiro europeu já acumula perdas de 24%.
O risco acrescido de recessão e deflação mundial é um fator importante na queda das ações dos bancos. Para esse aumento de risco contribui fortemente o significativo abrandamento da China e a crise nos restantes países chamados emergentes, à exceção da Índia.
Por outro lado, a queda do preço do petróleo aumenta o risco de falências de empresas e isso poderá vir a ter forte impacto nos bancos e no aumento do crédito mal-parado.
As dificuldades do setor financeiro refletem também a situação na Europa, em que as políticas de austeridade impostas pela Alemanha e pela Comissão Europeia agravam as tendências recessivas e têm vindo a agravar a crise política, agudizada ainda com o crescimento da extrema direita e a crise dos refugiados.
Setor financeiro, deflação e desigualdade
Em artigo publicado em project-syndicate.org, Nouriel Roubini fala da “nova anormalidade da economia mundial” e afirma que ela veio para ficar por algum tempo.
Roubini, que é um analista financeiro, salienta no texto que “a economia real na maioria das economias avançadas e emergentes está gravemente doente” e, lembrando que até há pouco “os mercados financeiros disparavam com o apoio da expansão adicional dos bancos centrais”, pergunta “durante quanto tempo podem divergir os mercados financeiros e a economia em geral”.
Em artigo publicado em 13 de janeiro de 2016 no jornal La Jornada, o economista mexicano Alejandro Nadal afirma, sobre a estagnação da economia mundial, que há um conjunto de forças que levam a que essa estagnação “se aprofunde e se prolongue no tempo” e cita três razões: “o processo de deflação que hoje afeta os centros económicos do mundo”, “a expansão do setor financeiro e a sua hegemonia sobre a economia mundial” e “a profunda desigualdade económica que hoje continua a intensificar-se”.
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