terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Bolsas afundam, bancos lideram quedas As bolsas caíram significativamente nesta segunda-feira, depois de um mês de quedas sucessivas. A maior descida foi na Europa e os bancos lideraram perdas, com Deutsche Bank a baixar 9,5%. O risco mundial de recessão e deflação, o abrandamento da China e dos chamados emergentes, a baixa do preço de petróleo e o seu previsível efeito no setor financeiro traçam um cenário, que alguns analistas consideram de tempestade perfeita. 9 de Fevereiro, 2016 - 00:24h

Tempestade perfeita - Foto de worldoflard/flickr
O quadro abaixo, com dados da Bloomberg, compara os resultados desta segunda-feira dos índices das bolsas de diversos países, com os de há mês e de há um ano. Nele pode verificar-se que, nesta segunda-feira, só o índice Nikkei do Japão não caiu e que as quedas foram significativamente mais acentuadas nas bolsas europeias. O índice português PSI20 caiu 2,80%. A bolsa grega desceu ao ponto mais baixo desde 1991.
As quedas no último mês, desde praticamente o início do ano, oscilam entre o -1,95% do Dow Jones da bolsa de Nova York e os 11,83% da bolsa de Shanghai. Os índices das bolsas europeias têm baixas acentuadas, sobressaindo as perdas do DAX da Alemanha (-8,83%) e das maiores cotadas europeias – Eurostoxx (-8,a9%).
Quadro - Quedas das bolsas em 8 de fevereiro de 2016, num mês e num ano
Bolsas
País
8 de fevereiro (%)
1 mês (%)
1 ano (%)
Dow Jones
EUA
-1,10
-1,95
-10,08
S&P500
EUA
-1,42
-3,57
-9,83
Nasdaq
EUA
-1,82
-7,75
-9,71
Eurostoxx
União Europeia
-3,27
-8,19
-18,04
FTSE 100
Reino Unido
-2,71
-3,77
-16,99
DAX
Alemanha
-3,30
-8,83
-17,21
CAC
França
-3,20
-6,17
-13,32
Ibex
Espanha
-4,44
-8,83
-23,18
Nikkei
Japão
1,10
-3,92
-4,00
Shanghai
China
-0,70
-11,83
-10,52
Dados da Bloomberg
Bancos europeus caem 5,6%
Financial Times destaca que o índice das instituições financeiras caiu nesta segunda-feira 5,6%. O Deutsche Bank, o maior banco alemão e um dos dez maiores bancos do mundo, liderou as quedas - a sua cotação baixou 9,5% e chegou a estar a cair mais de 10%. As ações do, igualmente alemão, Commerzbank caíram 9,5%. Os bancos norte-americanos tiveram também quedas significativas em Nova York.
Desde o início do ano o setor financeiro europeu já acumula perdas de 24%.
O risco acrescido de recessão e deflação mundial é um fator importante na queda das ações dos bancos. Para esse aumento de risco contribui fortemente o significativo abrandamento da China e a crise nos restantes países chamados emergentes, à exceção da Índia.
Por outro lado, a queda do preço do petróleo aumenta o risco de falências de empresas e isso poderá vir a ter forte impacto nos bancos e no aumento do crédito mal-parado.
As dificuldades do setor financeiro refletem também a situação na Europa, em que as políticas de austeridade impostas pela Alemanha e pela Comissão Europeia agravam as tendências recessivas e têm vindo a agravar a crise política, agudizada ainda com o crescimento da extrema direita e a crise dos refugiados.
Setor financeiro, deflação e desigualdade
Em artigo publicado em project-syndicate.org, Nouriel Roubini fala da “nova anormalidade da economia mundial” e afirma que ela veio para ficar por algum tempo.
Roubini, que é um analista financeiro, salienta no texto que “a economia real na maioria das economias avançadas e emergentes está gravemente doente” e, lembrando que até há pouco “os mercados financeiros disparavam com o apoio da expansão adicional dos bancos centrais”, pergunta “durante quanto tempo podem divergir os mercados financeiros e a economia em geral”.
Em artigo publicado em 13 de janeiro de 2016 no jornal La Jornada, o economista mexicano Alejandro Nadal afirma, sobre a estagnação da economia mundial, que há um conjunto de forças que levam a que essa estagnação “se aprofunde e se prolongue no tempo” e cita três razões: “o processo de deflação que hoje afeta os centros económicos do mundo”, “a expansão do setor financeiro e a sua hegemonia sobre a economia mundial” e “a profunda desigualdade económica que hoje continua a intensificar-se”.

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