quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Policial que espancou comerciante é investigado por agressão em posto Apuração do caso, em 2015, está em andamento na Corregedoria, diz SSP. Investigador foi flagrado dando socos em iraniano em janeiro deste ano. Cíntia Acayaba e Isabela Leite Do G1 São Paulo

Policial civil José Camilo Leonel durante ocorrência em loja de tapetes nos Jardins, em São Paulo (Foto: Reprodução TV Globo)Policial civil José Leonel durante ocorrência em loja de tapetes nos Jardins (Foto: Reprodução TV Globo)
O policial civil José Camilo Leonel, que espancou o comerciante iraniano Navid Saysan, dono de uma loja de tapetes nos Jardins, área nobre da cidade de São Paulo, também é investigado pela Corregedoria da Polícia Civil por uma agressão em um posto de combustíveis, em 2015, na capital paulista. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) disse que a apuração está em andamento, mas não deu detalhes sobre o caso.
No dia 14 de fevereiro, o programa Fantástico, da TV Globo, mostrou imagens de câmeras de segurança da loja do comerciante sendo agredido pelo policial (veja abaixo). O investigador também ameaçou Navid Saysan e um funcionário com uma arma. Leonel trabalhava na Corregedoria da Polícia Civil e pode responder por abuso de autoridade. Após a divulgação das imagens, o policial foi afastado e precisou entregar a arma e o distintivo.
O comerciante, no entanto, sugeriu um crédito no mesmo valor, para a compra de outros produtos. Segundo ele, a estudante recusou a proposta e disse que chamaria a polícia. Ela foi até o lado de fora da loja, faz uma ligação pelo celular e, instantes depois, um carro da polícia, dirigido por Leonel, chegou ao local, que agride a aponta a arma para Navid Saysan.O motivo da briga seria a devolução de um dos tapetes da loja. José Camilo Leonel foi chamado até o local pela estudante universitária Iolanda Delce dos Santos, de 29 anos, que pretendia devolver um tapete comprado em dezembro. Ela pagou R$ 5 mil pelo produto e queria o dinheiro de volta.
O investigador disse que não conhecia Iolanda. Em entrevista ao Fantástico, ela também negou conhecer o policial civil. A estudante, no entanto, foi vista descendo de um carro da polícia antes de ir até a loja de tapetes. "Os empregados souberam por funcionários de outras lojas que viram ela chegando na viatura, e ela desceu na esquina, mas essa pessoa se recusa a contar o fato ou testemunhar, de medo", explicou a advogada Maria José Costa Ferreira, que defende o comerciante agredido pelo investigador.
Já a advogada de defesa do policial civil, Eliana Rasia, disse ao G1 que não vai comentar a investigação ou outros casos que envolvem o investigador.
VEJA A CRONOLOGIA DO CASO:
21 de janeiro: A universitária Iolanda Delce dos Santos foi à loja do iraniano Navid Saysan tentar recuperar o dinheiro da compra de um tapete. Ela pagou R$ 5 mil pelo produto e queria o dinheiro de volta. Ela saiu da loja dizendo que iria chamar a polícia. O policial civil José Camilo Leonel chegou em seguida e agrediu o comerciante. Ele chamou o reforço do GOE. O iraniano deixou o local algemado.
14 de fevereiro: Reportagem do Fantástico mostra imagens das câmeras de segurança da loja de tapetes que mostram a agressão do policial civil ao comerciante. Após a confusão, os envolvidos foram pra delegacia do consumidor e para a corregedoria, onde foi feito um boletim de ocorrência.
15 de fevereiro: A Secretaria de Segurança Pública diz que o policial civil será afastado até o final da apuração dos fatos e que iria abrir inquérito contra a mulher.
16 de fevereiro: O policial civil é afastado por 180 dias.
18 de fevereiro: O iraniano Navid Saysan presta depoimento na Corregedoria da Polícia Civil e sai sem falar com a imprensa.
19 de fevereiro: Em entrevista ao G1, a advogada do comerciante diz que Iolanda foi vista em viatura da Polícia Civil antes de o policial agredir o iraniano.
22 de fevereiro: Reportagem do G1 revela que o policial civil José Camilo Leonel é sócio de uma empresa de segurança. Ele é um dos donos da Pentalpha Consultoria Técnica de Segurança e Investigação em Fraudes Contra Seguros Ltda., que tem como sócia administradora uma parente do policial, Zenaide Leonel dos Santos. Segundo a SSP, os policiais civis podem ser cotistas ou acionistas de empresas, de acordo com a Lei Orgânica da Polícia do Estado de São Paulo, mas não podem ser sócios administrativos ou gerentes. No mesmo dia, a secretaria recolhe o distintivo e a arma do policial.
Agressão em loja
No começo de janeiro, o iraniano Navid Saysan, dono do comércio, levou socos e foi ameaçado com uma arma após discutir com o policial José Camilo Leonel. O motivo da briga seria a devolução de um dos tapetes da loja. Leonel foi chamado até o local pela estudante universitária Iolanda Delce dos Santos, de 29 anos, que pretendia devolver um tapete comprado em dezembro. Ela pagou R$ 5 mil pelo produto e queria o dinheiro de volta.
O comerciante, no entanto, sugeriu um crédito no mesmo valor, para a compra de outros produtos da loja. Segundo ele, a estudante recusou a proposta e disse que chamaria a polícia. Ela foi até o lado de fora do comércio, faz uma ligação pelo celular e, instantes depois, um carro da polícia, dirigido por José Camilo Leonel, chegou ao local.
Estudante universitária conversa com policial civil em frente a loja de tapetes nos Jardins, em São Paulo (Foto: Reprodução TV Globo)Estudante universitária conversa com policial civil em frente a loja de tapetes (Foto: Reprodução TV Globo)
Depois de uma conversa rápida com a estudante, o policial civil entra na loja e exige a nota fiscal do tapete. Em seguida, o policial tenta algemar o proprietário e começa a agredi-lo. Ele também ameaça o comerciante com uma arma. Câmeras de segurança registraram toda a agressão. As imagens foram divulgadas pelo Fantástico (assista ao vídeo acima).
No vídeo, é possível ver que a estudante universitária assiste à agressão e não tenta impedir o policial. "Eu penso que ela cometeu uma incitação ao crime. Ela demonstrou uma frieza muito grande. Isso me causou estranheza. Se a gente tivesse pedido a ajuda de um policial e visse esse tipo de reação, a gente não ia deixar prosseguir", disse a advogada Maria José Ferreira.
Durante o registro do boletim de ocorrência na Corregedoria da Polícia Civil, após a agressão, o investigador disse que não conhecia Iolanda. Em entrevista ao Fantástico, ela também negou conhecer o policial civil.

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