Informação foi divulgada no pedido de prorrogação feito pela PF à Justiça.
João Santana é marqueteiro do PT e foi preso pela 23ª fase da Lava Jato.
João Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura, foram presos pela PF na 23ª fase da Operação Lava Jato (Foto: Cassiano Rosário/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Uma planilha mencionada pela Polícia Federal (PF), no pedido da prorrogação da prisão temporária do marqueteiro do Partido dos Trabalhadores (PT) João Santana e da mulher Mônica Moura, aponta sete pagamentos que somam R$ 4 milhões da Odebrecht a João Santana entre 24 de outubro e 7 de novembro de 2014. A informação foi divulgada pela Revista Época na manhã desta sexta-feira (26).
De acordo com os investigadores, os valores foram debitados de um saldo de origem ainda não esclarecida que eles acreditam ser à margem da contabilidade oficial da Odebrecht. A Polícia Federal diz chamar atenção os valores e os períodos do pagamento.
"Chama a atenção não só a quantidade e os valores vultuosos dos pagamentos feitos em favor de Feira, mas também o fato de que se tratam de pagamentos recentes, realizados já posteriormente ao início da Operação Lava Jato, e também posteriores à primeira medida de busca e apreensão executada em sedes do Grupo Odebrecht no âmbito desta operação", afirma a PF.
A planilha também associa o casal a R$ 23 milhões referentes ao ano de 2008 e correspondentes a eleições municipais no Brasil. São citados os nomes de Gleisi Hoffmann, Marta Suplicy, e Vander Loubet, à época todos no PT. Também é citada a eleição em El Salvador.
Já no ano de 2011 a referência ao casal aparece ligada a pagamentos que somam R$ 26 milhões. Segundo as investigações, os pagamentos em reais desqualificam a argumentação de João Santana e Monica Moura de que os valores pagos pela Odebrecht eram referentes apenas a campanhas no exterior.
Prisão prorrogada
Nesta tarde, após o pedido de prorrogação prisão feito pela PF e também pelo Ministério Público Federal (MPF), o juiz federal Sérgio Moro, que é responsável pelos processos oriundos da Lava Jato na primeria instância,prorrogou por cinco dias a prisão temporária do casal e de Maria Lúcia Tavares, funcionária da Odebrecht.
Nesta tarde, após o pedido de prorrogação prisão feito pela PF e também pelo Ministério Público Federal (MPF), o juiz federal Sérgio Moro, que é responsável pelos processos oriundos da Lava Jato na primeria instância,prorrogou por cinco dias a prisão temporária do casal e de Maria Lúcia Tavares, funcionária da Odebrecht.
Os três foram presos nesta semana pela 23ª fase da Operação da Lava Jato e estão detidos na carceragem da PF, em Curitiba. A prisão de Maria Lúcia Tavares venceria nesta sexta, já a do casal no sábado (27).
"Os documentos analisados não só demonstram que Maria Lúcia em algum grau gerenciava a contabilidade paralela da Odebrecht, destinada ao pagamento de vantagens indevidas, mas também que Maria Lúcia [funcionária da Odebrecht] tem pleno conhecimento de que o codinome FEIRA – referido na planilha e também nas anotações de Marcelo Bahia Odebrecht – se refere ao casal João Santana e Monica Moura”, diz a Polícia Federal em documento que pede a prorrogação da prisão do trio.
João Santana foi marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff (PT) e da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2006.
Já Marcelo Bahia Odebrech é presidente afastado da holding Odebrecht. Ele foi detido na 14ª etapa da Operação Lava Jato, em junho de 2015, e, desde então, continua preso. O executivo responde a duas ações penais originadas a partir da Lava Jato por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro.
Casal mentiu, diz MPF
O MPF também citou no pedido à Justiça Federal, pela prorrogação da prisão temporária do casal e de Maria Lúcia Tavares, o valor de R$ 4 milhões entregues pela Odebrecht a João Santana e Mônica Moura.
O MPF também citou no pedido à Justiça Federal, pela prorrogação da prisão temporária do casal e de Maria Lúcia Tavares, o valor de R$ 4 milhões entregues pela Odebrecht a João Santana e Mônica Moura.
A tabela relata a existência de sete pagamentos em que o status da planilha aponta estar "totalmente atendida" – o que demonstra, segundo o MPF, que dos de R$ 24,2 milhões, pelo menos R$ 4 milhões foram entregues pela Odebrecht a João Santana e Mônica Moura, referidos como "Feira", até o dia 3 de julho de 2014.
Inclusive, por essa razão, o MPF afirma que João Santana e Mônica Mourra mentiram nos interrogatórios, já que a tabela apreendida e analisada em conjunto com as anotações manuscritas revela que o casal recebeu efetivamente valores em reais, no Brasil, em 2014. "Valores estes evidentemente vinculados a crimes praticados por executivos do grupo Odebrecht contra a Petrobras", dizem os procuradores no documento.
Outro ponto de mentira do casal, ainda conforme o MPF, seria a negação de ambos sobre o apelido "Feira". "Apesar de João Santana e Mônica Moura terem negado veemente utilizarem o apelido 'Feira' para o recebimento dos valores, as anotações manuscritas apreendidas na residência de Maria Lucia revelaram claramente que a menção 'Feira-Mônica' corresponde ao casal João Santana e Mônica Moura, uma vez que os telefones anotados abaixo de 'Feira' correspondem aos números utilizados por ambos", diz um trecho do documento protocolado no processo eletrônico na Justiça Federal.
Outro lado
A construtora Norberto Odebrecht informou que não tem conhecimento da planilha apresentada pela autoridade policial e que não tem como comentar a veracidade ou o significado.
A construtora Norberto Odebrecht informou que não tem conhecimento da planilha apresentada pela autoridade policial e que não tem como comentar a veracidade ou o significado.
Por meio de nota, o advogado Fábio Tofic, que defende João Santana e Mônica Moura, afirmou que a polícia está desviando o foco do principal – o de que cada centavo que receberam é fruto de trabalho lícito, fruto de trabalho honesto que realizaram. A defesa ainda disse que o casal não é operador de proprina, nem lavador de dinheiro e que nunca teve qualquer contato com o poder público.
O deputado Vander Loubet não quis comentar a denúncia.
A senadora Gleisi Hoffmann disse que desconhece o material citado e não tem nenhuma informação a respeito.
A defesas de Maria Lúcia Tavares não foi localizada.
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