Na falta de coração, como bombeiam as plantas o seu "sangue"? A resposta a esta pergunta só foi descoberta nos finais de século XIX. No entanto, dois séculos antes o filósofo e físico Isaac Newton descreveu este mecanismo num texto durante os tempos em que era, ainda, um estudante. Esta situação intriga, ainda hoje, a comunidade científica.
A botânica moderna defende que a seiva circula pela planta através de um circuito duplo à semelhança do sangue nos animais e seres humanos, sem a força mecânica de impulsão oferecida pelo coração. Com a teoria da coesão-tensão, vários cientistas explicaram, entre os séculos XIX e XX, como a seiva se movia das raízes para as folhas. No entanto, e nos dias de hoje, ainda há quem questione esta explicação, que é a dominante entre os botânicos.
David Beerling, botânico da Universidade de Sheffield, defende que Newton já teria chegado a uma conclusão similar há 350 anos atrás. Relendo as suas notas num caderno dos tempos de estudante, Beerling encontrou uma breve reflexão em que o físico, filósofo, matemático e até alquimista inglês invadia o mundo da botânica e explicava como funcionava a circulação da seiva.
O caderno do jovem estudante Newton, onde se pode ler esta reflexão botânica, foi utilizado pelo físico de 1661 a 1665.
"Entre os epígrafes
Filosofia e
Filtração e
Atração Elétrica, há uma página sobre as funções das plantas," escreve o investigador britânico." Debaixo da rubrica
Vegetais, escrita na sua característica letra ordenada e legível, aparece um registo de ideias de Newton sobre como os poros dos caules (órgão condutor da seiva) permitem a elevação da matéria e como este movimento eleva a seiva das raízes das árvores," acrescenta Beerling.
De acordo com o que conta David Beerling na revista Nature Plants, na terminologia moderna, Newton estava a detalhar como funciona a transpiração das plantas, chave na circulação da seiva. O texto do seu caderno estudantil vem acompanhado por um desenho onde o processo aparece esquematizado.
Para desgraça da botânica, Newton nunca mais aprofundou o tema das plantas. Nos anos seguintes iria dedicar-se todo o tempo a estudar as suas ideias sobre a gravidade e as leis da dinâmica.
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