sexta-feira, 19 de junho de 2015

'NÃO DORME DIREITO', DIZ MARIDO DE ADVOGADA TUTORA DE CÃO MORTO POR PM

Seis dias após crime, casal continua morando na casa de amigos por medo. Caso ocorreu no sábado (13) e chocou vizinhos e moradores na Bahia.
BA cao morto PM1Dona de cão morto por PM na Bahia (Foto: Reprodução/TV Bahia)
O casal tutor do buldogue morto a tiros por um policial militar não dorme no condomínio onde mora desde o domingo (14). O fisioterapeuta Bruno Medeiros afirmou nesta quinta-feira (18) que a esposa, a advogada tributarista Bruna Holtz, permanece em estado de choque.
O crime ocorreu no sábado (13), em um condomínio de Teixeira de Freitas, no extremo sul da Bahia. No dia, a dona passeava com o animal e ele teria feito xixi no gramado da casa do PM.
Os tutores do cachorro e o tenente responsável pela morte são vizinhos. "Ela não dorme direito e tem medo de andar pela rua", detalha o marido da advogada. Ele também conta que a outra cadelinha, que estava com a proprietária, foi atingida por estilhaços da bala.
"Ela [cachorrinha] brinca pouco e se isola muito. Fica sempre na porta, como se estivesse esperando pelo irmão. Quando ela chegou para nós, aos dois meses, ele [o buldogue] já tinha dois anos. Eles viveram muitos anos juntos e brincavam sempre", lembra.
Medeiros conta que está na casa de amigos desde que ocorreu o crime. "Mas as nossas coisas continuam no apartamento. Nossa vida mudou completamente", destaca Bruno Medeiros sobre a mudança de rotina, seis dias após o assassinato do animal de estimação
Conforme o fisioterapeuta, a família está apreensiva com a permanência no condomínio e organiza a mudança de cidade. "Nenhuma providência foi tomada. O cara [policial] prestou depoimento e voltou para o condomínio. Não temos segurança para voltar para lá, ainda mais sabendo que ele está armado. Temos certeza de que vamos nos mudar, ainda não sabemos como", destaca. O casal morava no Rio Janeiro e se mudou para a cidade de Teixiera de Freitas há pouco mais de um mês.
Militar abalado
Segundo o comandante Valci Góis Serpa, o tenente Wilson Pedro dos Santos Júnior, que matou a tiros o cão buldogue francês, está abalado e com problemas por causa da pressão após tudo o que aconteceu. Uma câmera de segurança flagrou o momento do crime, que ocorreu no sábado (13), no condomínio residencial em que mora.
O tenente de 40 anos, que trabalha há dois no Colégio da Polícia Militar (CPM) do município, foi afastado das funções. Serpa assumiu a função de diretor do colégio em março desse ano e disse que, durante o tempo em que está no cargo, não teve conhecimento de nenhum problema envolvendo o tenente suspeito. Conforme Valci Góis, o militar é casado e pai de dois filhos - um de dois e outro de um ano. Uma sindicância foi instaurada pela PM para apurar as responsabilidades nos fatos.
BA cao morto PM2Foto: Reprodução vídeo
Relato do caso
O casal mora na cidade há cerca de um mês e o crime aconteceu no condomínio. Holtz disse que recebeu recado do policial, que se dizia incomodado pela presença dos dois cachorros na vizinhança. O bilhete teria sido enviado um dia antes, na sexta (12).
O animal assassinado era um buldogue francês e ela tem outro, da raça golden retriever, com quem também passeava quando ocorreu a situação. No dia do crime, a cadela golden retriever teria feito cocô em outro jardim do condomínio, o que teria deixado o policial chateado e motivado a agressão.
Segundo ela, para não ser atingida pelos tiros, ela precisou pular um muro do condomínio. De acordo com ela, a cadela da raça golden retriever ficou ferida com os resíduos da pólvora, como se fosse tiros de raspão, na região do pescoço, mas passa bem.
Nota do Olhar Animal: Abalado? A ação totalmente desequilibrada deste 'policial' pôs fim á vida de um cão e, pelo relato, por pouco não resultou na morte de outro cão e da tutora. Abalados estão ela, sua família, seus vizinhos. Abalada está a sociedade, com o fato e principalmente com a permissão dada a alguém com este perfil para portar uma arma e, pior, para continuar portando a mesma após o ocorrido, com as bençãos das autoridades. Caso aconteça mais alguma tragédia, a responsabilidade será total de quem permitiu que este indivíduo continuasse perambulando armado. 

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