Delatores da operação Lava Jato ficarão frente a frente na CPI da Petrobras. Políticos citados por réu confesso recorrem ao Judiciário. E o Governo Dilma Rousseff e seu partido agindo em um claro contra-ataque. Os últimos dias da crise política que envolve a gestão do PT foram uns dos mais movimentados desde que a Polícia Federal e o Ministério Público revelaram a existência de um esquema que desviou ao menos 6 bilhões de reais da Petrobras, com o pagamento de propinas para partidos e políticos, além da formação de cartel entre empreiteiras.
Nesta segunda-feira, o juiz federal Sergio Moro autorizou que a comissão de deputados que investiga o caso faça a acareação entre cinco pessoas. Pela decisão, estão autorizadas três confrontos: entre o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco e o ex-tesoureiro do PTJoão Vaccari Neto; entre Barusco e o ex-diretor da estatal Renato Duque; e entre o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da petroleira Paulo Roberto Costa. Desses cinco, apenas Duque e Vaccari não são delatores do esquema. Pelo contrário, ambos negam qualquer envolvimento nas fraudes.Muito disso tem a ver com as informações vazadas nos últimos dias pelo sócio majoritário da fornecedora da Petrobras UTC Engenharia, Ricardo Pessoa. Ele acusou ao menos 16 políticos de terem envolvimento direto com os pagamentos de propinas. Entre eles estão os tesoureiros das campanhas de Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dois ministros e até um senador da oposição, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB).
Barusco era subordinado a Duque e admite ter recebido mais de 100 milhões de reais em propinas. Youssef e Costa eram o braço do Partido Progressista dentro do esquema, segundo confessaram aos investigadores. Os cinco estão presos. Barusco e Costa, em prisão domiciliar. As acareações ocorrerão nos dias 8 e 9 de julho e em 6 de agosto.
Recurso judicial
Ao mesmo tempo, os ministros petistas Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Edinho Silva (Comunicação Social), além do senador Aloysio Nunes, recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF) para obter todas as informações dadas por Pessoa nos depoimentos que este prestou a procuradores da República na semana passada. Seus advogados querem preparar os argumentos de suas defesas. O empreiteiro disse, conforme a imprensa brasileira, que Mercadante recebeu 500.000 reais na campanha dele ao Governo de São Paulo em 2010 como pagamento de propina e Silva, 7,5 milhões de reais em 2014, quando foi tesoureiro da candidatura de Rousseff. Ambos dizem que os recursos foram declarados oficialmente em suas prestações de contas. Já Nunes, um dos oposicionistas mais atuantes, foi acusado pelo delator Pessoa de ter recebido 500.000 reais como propina. A defesa dele é a mesma dos petistas.
Ainda na esfera judicial, nos últimos dias Marcelo Odebrecht, presidente da maior empreiteira brasileira que tem o sobrenome de sua família teve sua liberdade negada. Ele está presos desde o dia 19, sob a suspeita de participar do esquema que desviou recursos da Petrobras.
Contra-ataque petista
No fim de semana, após a revelação das acusações feita pelo empreiteiro da UTC, o Governo Rousseff iniciou a sua defesa. O primeiro passo foi evitar que Mercadante acompanhasse a presidenta Rousseff em viagem oficial aos Estados Unidos para que a crise não fosse o foco das reuniões e discussões em solo americano. Os dois ministros citados concederam entrevistas coletivas para se defenderem das acusações.
Outro passo, foi o ex-presidente Lula seguindo de São Paulo para Brasília nesta segunda-feira para se reunir com lideranças do PT para alinhar o discurso e preparar a defesa da legenda. Enquanto isso, nos Estados Unidos, a presidenta Rousseff subiu o tom para falar das declarações de Ricardo Pessoa, garantindo que a doação a sua campanha foi legal.
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