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O enviado especial da ONU à Líbia, Bernardino Leon, em Argel, no dia 3 de junho de 2015
Os parlamentos rivais líbios iniciaram nesta segunda-feira uma nova rodada de negociações no Marrocos, considerada "decisiva" pela ONU, sob a pressão dos líderes do G7 que pedem "decisões políticas corajosas" para acabar com a guerra civil que assola o país.
Mergulhado no caos desde a queda de Muammar Gaddafi em 2011 e devastado pelos combates entre milícias armadas, o país está dividido entre duas autoridades e enfrenta a ascensão do grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
O país tem agora dois governos e parlamentos rivais: um em Trípoli, dominado pelas milícias da Fajr Libya, e outro para o leste, em Tobruk, a única liderança reconhecida pela comunidade internacional.
Há um mês a ONU tenta iniciar um compromisso de ambos os lados para formar um governo de unidade nacional contra o aumento do jihadismo. O objetivo do seu enviado, Bernardino Leon, é chegar a um acordo antes do início do Ramadã, que começa em 17 de junho.
"Hoje, os olhos do povo líbio convergem para vocês (...), com a esperança de que suas ações silenciem as armas (...). Está em suas mãos evitar novas tragédias aos líbios", afirmou o diplomata espanhol.
"Os recentes ataques terroristas deveriam agir como um gatilho. A luta deve parar", acrescentou.
Os negociadores vão trabalhar nesta rodada um quarto projeto de acordo, que inclui as "últimas observações das partes", segundo a Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia Unidas (Minul), após a rejeição das três anteriores.
A Minul chamou na última sexta-feira de "decisiva" esta nova rodada, salientando que as negociações estão em um "ponto de viragem " e exortou "todas as partes" para "assumirem suas responsabilidades perante a história", recordando que "não há solução militar" possível no conflito.
Nesta segunda-feira, durante a reunião do G7 na Alemanha, os países também pressionaram as delegações da Líbia, instando-as a tomarem "decisões políticas corajosas" em sua declaração final.
- "Salvar a Líbia" -
"As autoridades líbias devem aproveitar a oportunidade para concluir estas negociações e formar um governo de unidade nacional e atenda primeiramente aos líbios", afirmaram os G7, antes de oferecerem apoio para ajudar este governo hipotético a "criar instituições públicas eficazes" e se livrarem dos "terroristas e as redes criminosas" que operam no país.
Segundo Bernardino Leon, o quarto projeto de resolução inclui alterações que consagram o "princípio do equilíbrio entre todas as instituições na Líbia e de consenso". "Ainda é possível salvar a Líbia", disse o emissário.
A ONU está pronta para fornecer uma lista de nomes de pessoas dispostas a integrar o governo de unidade nacional, logo que chegar a um acordo, disse Leon.
AFP / Fadel Senna
O enviado especial da ONU à Líbia, Bernardino Leon, participa de coletiva de imprensa, em Skhirat, Marrocos, no dia 15 de abril de 2015
Paralelamente às negociações no Marrocos, os representantes líbios de diferentes facções discutem periodicamente na Argélia. Na última quarta-feira e quinta-feira, 27 autoridades líbias se encontraram em Argel, na presença do enviado da ONU.
Eles exortaram as partes a "formar rapidamente um governo de unidade" para resolver os problemas do país nas áreas de "segurança, economia e política".
Reunidas no Cairo no último domingo, autoridades egípcias, argelinas e italianas também deram seu "apoio" às negociações. A Itália anunciou que um acordo na Líbia iria parar o fluxo de migrantes que deixam as costas deste país para chegar à Europa.
O Egito teme que as milícias jihadistas que ocupam uma parte do leste da Líbia, em especial as que estão ligadas ao grupo EI, coloquem em risco a fronteira ocidental, forçando-a a abrir uma segunda frente. O exército egípcio combate no Sinai um grupo muito ativo que jurou fidelidade ao EI.
O EI, essencialmente implantado na Síria e no Iraque, se aproveitou no caos reinante para se instalar na Líbia no ano passado, e no final de maio tomou o controle do aeroporto internacional de Sirte (sul).
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