Scott e Mark Kelly, 51 anos, são dois irmãos gémeos, norte-americanos, que estão a participar em várias experiências inéditas promovidas pela NASA.
Os dois irmãos efetuaram um exame médico e foram considerados aptos para uma missão que pode contribuir com avanços científicos importantes na área da medicina.
Os gémeos foram vacinados contra a gripe e sete dias depois realizaram análises ao sangue. Scott Kelly é astronauta, o seu irmão Mark está reformado da mesma profissão. A diferença entre estes dois irmãos gémeos é que um deles, o Scott, encontra-se, desde março, na Estação Espacial Internacional a uma altitude de aproximadamente 360 quilómetros. Mas mesmo assim, separados, vão contribuir para uma experiência nunca antes feita. 
A longa exposição à micro-gravidade, mais conhecida por gravidade zero, leva a que o sistema imunitário não funcione como deveria. Uma vez que as naves espaciais são quentes, seladas e com um clima controlado, as bactérias fazem delas um ambiente propício a possíveis infeções. É aqui que entra a National Aeronautics and Space Administration (NASA) com um importante e inovador estudo que visa resolver este tipo de problemas, avançou o periódico americano TIME. 
No espaço, alguns dos milhares de milhões de células do nosso sistema imunitário começam a redefinir-se na forma e na função, especialmente as células T - células com a função de defesa imunológica. E nenhuma destas alterações são para melhor. 
"Há uma supressão das vias de ativação das células-T", refere Dr. Emmanuel Mignot, especialista no assunto e dos principais médicos investigadores das missões da NASA que duram mais de um ano. "Estas células, são os generais que coordenam a resposta de todo o sistema imunitário". 
A Estação Espacial Internacional é pouco propícia à criação de germes o que a torna mais prepotente à prevenção ou ao combate de infeções. Isto leva a que, ao fim de algum tempo, o corpo se esqueça de fortalecer o organismo, ficando mais imune a doenças. "O sistema imunitário precisa de ser desafiado" defende o especialista imunológico. Assim poderá ultrapassar futuras infeções. 
Fases da experiência 
O sangue dos irmãos Kelly foi recolhido sete dias depois de terem tomado a vacina - altura em que os picos de resposta e o maior número de células que foram reunidos para reagir à vacina se encontram mais presentes. 
Em novembro, altura em que a gripe está em alta na Terra, ambos os irmãos vão tomar outra dose da vacina contra a gripe. Scott irá tomar a segunda dose no espaço. Depois será recolhido mais sangue e o de Scott vai ser congelado até voltar para a casa. Ainda haverá uma terceira e última dose da vacina e outra recolha de sangue em novembro de 2016. 
Em todas as análises, Mignot vai examinando as respostas imunológicas dos irmãos gémeos com uma "nova" e "sofisticada tecnologia que reconhece partes de vírus", antecipou o médico investigador ao jornal TIMES. 
Os investigadores da NASA, também, vão estar atentos a possíveis alterações do sistema imunitário do astronauta, principalmente durante a sua estadia no espaço mas também após o seu regresso. 
Para os investigadores da central espacial americana perceber o sistema imunitário humano é uma questão importante. Durante longas missões, como é o caso das tão desejadas a Marte, uma pequena infeção pode tornar-se num grave problema, visto que o retorno de uma dessas missões pode demorar até oito meses. 
Esta experiência não servirá apenas para salvar a vida dos astronautas, pode também ajudar a melhorar a saúde dos sete biliões de humanos que vivem no planeta azul.