sábado, 5 de novembro de 2016

Detido na França o atual líder máximo do ETA


Pichações em apoio ao ETA em Oquendo em 23 de março de 2010


AFP/Arquivos / Rafa Rivas

A organização separatista basca ETA sofreu neste sábado um duro revés com a detenção no sul da França de Mikel Irastorza, considerado o atual líder máximo do grupo armado.
Irastorza, que "permanecia foragido da justiça", foi detido na região francesa de Ascain, no Departamento dos Pirineus Atlânticos, perto da fronteira com a Espanha, informou o ministério do Interior espanhol em um comunicado.
Segundo o ministério espanhol, Irastorza é o "atual líder máximo" do ETA.

Foi detido "no interior de uma casa" durante uma operação dirigida "contra a estrutura da direção do ETA".
A operação "continua aberta e não são descartadas mais detenções", acrescentou.
O casal que o alojava, o espanhol Xabi Arin Baztarica e Denise, uma mulher francesa cujo sobrenome não foi revelado, também foi detido.
A polícia seguia realizando buscas na residência do casal, constatou a AFP.
Xabi Arin Baztarica, de 59 anos, é um basco espanhol instalado há tempos no País Basco francês, onde trabalhava como diretor em uma empresa de móveis em Hendaya. Denise tem 56 anos.
Mikel Irastorza, de 41 anos, de nacionalidade espanhola e originário de San Sebastián (província de Guipúzcoa, norte), "atualmente ocuparia as mais altas responsabilidades" na organização independentista basca, indicou o ministério do Interior espanhol.
Segundo uma fonte próxima ao caso na França, seria o sucessor de Iratxe Sorzabal e David Pla, detidos no dia 22 de setembro de 2015 na França.
A operação foi realizada pela Direção Geral de Segurança Interior (DGSI) francesa, em colaboração com a Guarda Civil espanhola, afirma o comunicado do ministério.
As detenções foram realizadas sob a autoridade da Procuradoria antiterrorista de Paris e os três suspeitos precisam ser levados à capital francesa para ser apresentados ante um magistrado deste órgão.
Na sexta-feira foi aberta uma investigação preliminar por "associação de malfeitores com fins terroristas".
- Capacidade operacional reduzida -
O ETA, fundado em 1959, é considerado responsável pela morte de ao menos 800 pessoas em mais de 40 anos de luta armada pela independência do País Basco e de Navarra.
Nos anos 1970-1980, comandos para-policiais criados pelo governo espanhol, como o GAL (Grupos Antiterroristas de Libertação), travaram uma guerra suja contra o grupo armado.
Em 2010, o ETA anunciou o fim dos atentados e um ano depois renunciou à luta armada, mas se negou a entregar as armas e a se dissolver, como exigem os governos espanhol e francês.
No dia 12 de outubro, França e Espanha anunciaram o desmantelamento de um esconderijo com armas do ETA em Carlepont, 120 km ao norte de Paris.
Em um comunicado com data de 18 de outubro, o ETA acusou Espanha e França de não querer "buscar soluções razoáveis" para a paz no País Basco.
Sua capacidade operacional estaria bastante reduzida, após anos de ações policiais em ambos os lados da fronteira franco-espanhola e depois de perder parte do apoio na sociedade basca.
A grande maioria de seus membros estão presos, com 400 detidos, 90 deles na França. Apenas vinte seguem foragidos, segundo as forças antiterroristas espanholas e francesas.




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