sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Lula quer voar, mas terá asas?

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Recentemente Lula disse em um seminário em São Bernardo do Campo que voltou a voar. Ele estava ao lado do ex-presidente do Uruguai, José Mujica, e a plateia o interrompeu com aplausos e o tradicional grito “Olê, Olê, Olá, Lula, Lula”.
Antes disso, Lula falara da necessidade de dar um sossego a Dilma, que ele queria se aposentar mas seus adversários não deixam, citou a esposa, Dona Marisa, que estava na plateia, para então emendar: “Você só consegue matar um pássaro se ele ficar parado no galho olhando para você. Se ele ficar voando ou pulando é difícil. Então é o seguinte: eu voltei a voar outra vez”.
O que isto significa pertence ao reino das ambiguidades que marcam a atividade política em geral. Pode ser que voar seja percorrer o país para ajudar aliados em disputas locais (ano que vem tem eleição para prefeitos), pode ser que seja para melhorar o ânimo de governistas acuados com a situação política-econômica, pode ser qualquer coisa. Mas, mesmo que Lula queira, terá asas para tanto?
Uma pesquisa do Ibope feita em agosto, perguntando em quem a pessoa votaria se o segundo turno fosse hoje entre Lula e uma trinca de tucanos (Aécio, Alckmin e Serra), indica que Lula perdeu muita popularidade, mas que ainda é um jogador de peso na política. Como estamos bem longe de 2018, e como as dificuldades do país são prementes e urgentes, uma pesquisa como esta do Ibope serve, sobretudo, para indicar tendências (ainda em formação) de opinião. O desgaste do governo é enorme, mas até que ponto inviabiliza Lula como liderança futura?
Lula, enfim, perderia para Aécio (50% X 31%) e também para Alckmin, este com margem mais apertada (41% X 37%), se o segundo turno fosse hoje.
Mas, mesmo apesar do desgaste de Dilma (economia em baixa), do PT (seguidas denúncias) e do próprio Lula (que afinal avalizou Dilma), o ex-presidente ainda venceria Aécio no Nordeste (43% a 39%) e empataria entre eleitores muito pobres, os que ganham até um salário mínimo de renda familiar. Os números bons para Lula, e tendo em vista a conjuntura, param por aí: em todos os outros segmentos e regiões do país, Lula encolheu. E muito. A pesquisa sugere, sobretudo, que as bases sócio-eleitorais e regionais do chamado “lulismo” – os mais pobres e o nordeste, que lhe garantiram expressivo apoio de 2005 em diante – podem estar migrando de opinião, pelo menos por ora.
Mas é no confronto com Alckmin, o governador de SP,  que Lula mostra o seu potencial. Ganha disparado no Nordeste (51% X 29%) e também no Norte/Centro-Oeste (42% X 39%). Também leva mais vantagem entre os mais pobres que ganham um salário mínimo: 50% X 32% empatando na faixa que vai até dois mínimos. Com Alckmin, a disputa não seria apenas parelha, mas ressuscitaria algo das bases do lulismo.
Lula pode, sim, voltar a voar. A questão é saber a extensão de suas asas.
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