sexta-feira, 25 de setembro de 2015

MPF quer prisão preventiva para suposto operador do PMDB Pedido foi protocolado no último dia da prisão temporária de João Henriques. Decisão cabe a Sérgio Moro, responsável em 1ª instância pela Lava Jato.

João Rezende Henriques fez exame de corpo de delito no IML, em Curitiba, nesta terça-feira  (Foto:  Rodrigo Félix Leal/  Futura Press/ Estadão Conteudo )Henriques está preso em Curitiba (Foto: Rodrigo
Félix Leal/ Futura Press/Estadão Conteudo )
O Ministério Público Federal (MPF) pediu a conversão da prisão temporária de João Rezende Henriques em preventiva. Apontado pela Operação Lava Jato como o maior operador de propina na Diretoria Internacional da Petrobras, a prisão temporária de Henriques vence nesta sexta-feira (25).
Cabe ao juiz Sergio Moro, responsável pelos processos de primeira instância da Lava Jato, decidir sobre o pedido. Dentre as possibilidades está o fim da prisão temporária e a liberação do preso, a prorrogação da temporária em mais cinco dias, ou, conforme o pedido do MPF, a conversão em preventiva – sem prazo para terminar.
Entre os dados que embasam o pedido está um depoimento prestado por Henriques à Polícia Federal na manhã desta sexta. Segundo o MPF, ele reconheceu que operava contas no exterior e que fazia alguns pagamentos para "amigos". Ele não informou os nomes, no entanto.
"Trata-se   na   realidade   de   uma   espécie   de   confissão   parcial   e   qualificada   do
investigado. Ele não trata dos fatos na completude e nega as consequências jurídicas ilícitas
de sua conduta", afirmaram os procuradores.
O MPF sustenta ainda que Henriques ainda mantém influência dentro da Petrobras através de amigos com cargos na estatal, e que ele também confirmou ter conhecimento de bastidores políticos envolvendo o PMDB.
19ª fase
A 19ª etapa da Lava Jato, deflagrada na segunda-feira (21), foi considerada um avanço em relação à investigação de outras três etapas da operação. A Polícia Federal associa o nome de João Henriques ao PMDB, uma vez que ele agiria como operador do partido. A direção do PMDB afirma que jamais autorizou ninguém a agir como intermediário, lobista ou operador junto à Petrobras.

Henriques está detido na carceragem da Polícia Federal (PF), na capital paranaense. Também foi detido nesta etapa, José Antunes Sobrinho, que é um dos donos na Engevix.
“Esse operador é investigado por intermediar o pagamento de propinas com destaque, especificamente, por um contrato de compra de navios-sonda pela Petrobras no valor de mais de 1,8 bilhão de dólares, em que a propina ultrapassa 30 milhões de dólares”, disse o delegado Igor Romário de Paula.

Henriques já é réu em uma ação penal da Lava Jato que tramita na primeira instância da Justiça Federal em Curitiba.

Ele responde por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na mesma ação em que Jorge Luiz Zelada, ex-diretor da área Internacional da Petrobras. As acusações partiram da 15ª fase da Lava Jato.
Avanço
De acordo com a PF, os trabalhos da 19ª etapa são considerados avanços das fases 15ª, 16ª e 17ª.
A 15ª fase foi batizada de Conexão Mônaco e prendeu ex-diretor da área Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada. Ele está detido no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. A fase teve como foco o recebimento de vantagens ilícitas na diretoria da Petrobras.
A 16ª etapa da operação foi chamada de "Radioatividade" e prendeu Othon Luiz Pinheiro da Silva, diretor-presidente licenciado da Eletronuclear, e Flávio David Barra, ex-executivo da Andrade Gutierrez. Othon está detido em um quartel em Curitiba, e Flávio Barra também está no Complexo Médico-Penal.
Entre os presos da 17ª fase, batizada de "Pixuleco", está o ex-ministro José Dirceu. Ele está detido na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Esta etapa se concentrou em pagadores e recebedores de vantagens indevidas oriundas de contratos com o poder público, alcançando beneficiários finais e “laranjas” usados nas transações.

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