A comovente história da amizade entre um médico brasileiro e um menino africano. O doutor Ivan trouxe Sumba para o Brasil, salvou a vida dele e, agora, Sumba está pronto para voltar pra casa.
Quando Sumba rouba a bola do adversário, arranca para o contrataque, e chuta de esquerda entre as pernas do goleiro, faz o gol mais bonito de todas as peladas do mundo. Porque o gol de Sumba é a vitória da cura.
“Sumba chegou aqui um menininho de 13 anos. Finalmente ele tá curado, podendo voltar pra casa”, conta o médico anestesiologista Ivan Vargas.
E agora, aos 15, quem segura esse garoto?
Para entender o salto que o livrou da morte é preciso voltar à aldeia de Iemberem, em Guiné Bissau, na costa oeste da África, onde Sumba vivia com a mãe.
O pai tinha morrido em combate. Os irmãos, de doenças desconhecidas. Foi neste país de língua portuguesa, devastado pela guerra civil, que o médico brasileiro Ivan Vargas decidiu trabalhar como voluntário.
“E como lá não tem energia elétrica, eu tinha um termômetro, um aparelho de pressão, um estetoscópio e uma lâmpada. É o que eu tinha para fazer diagnóstico”, relembra Ivan.
Então lhe trouxeram um garoto que havia perdido o olho esquerdo por causa de um tumor. Estava claro que Sumba podia morrer se ficasse ali. Estava claro que o doutor Ivan não podia hesitar: “E eu falei: isso aqui é câncer, tem que trazer para o Brasil e a gente vai tratar”.
Então lhe trouxeram um garoto que havia perdido o olho esquerdo por causa de um tumor. Estava claro que Sumba podia morrer se ficasse ali. Estava claro que o doutor Ivan não podia hesitar: “E eu falei: isso aqui é câncer, tem que trazer para o Brasil e a gente vai tratar”.
O que houve a partir desta decisão, o Fantástico mostrou no ano passado: a história do afeto gratuito de um médico por um garoto desconhecido que ele resolveu salvar.
“Eu falo para ele em crioulo: 'Nhafidi Sumba, meu filho Sumba"”, conta o médico.
A mulher de Ivan foi a segunda mãe de Sumba. Os filhos de Ivan, foram os irmãos brasileiros de Sumba. A casa de Ivan, foi a casa de Sumba.
Assim que chegou a São Paulo, ele foi diagnosticado com um tipo agressivo de câncer: linfoma de grandes células B. Foi operado em janeiro de 2014. Começaria aí um longo tratamento feito de remédios e doses maciças de passeios no shopping, matinês no cinema e de muitas outras descobertas que o garoto da aldeia faria na cidade imensa.
Assim que chegou a São Paulo, ele foi diagnosticado com um tipo agressivo de câncer: linfoma de grandes células B. Foi operado em janeiro de 2014. Começaria aí um longo tratamento feito de remédios e doses maciças de passeios no shopping, matinês no cinema e de muitas outras descobertas que o garoto da aldeia faria na cidade imensa.
O tratamento durou um ano e oito meses. O garoto passou por oito sessões de quimioterapia, 30 sessões de radioterapia, incontáveis exames e consultas. Até que a boa notícia chegou afinal: Sumba está curado. É hora de voltar para casa.
Fantástico: E aí, Sumba? Como é que vai rapaz? Beleza?
Sumba: Beleza!
Fantástico: É isso aí!
Sumba: Beleza!
Fantástico: É isso aí!
Os preparativos incluem a compra de um sítio na África para a família de Sumba se sustentar.
Ivan fechou negócio por telefone, depositou o dinheiro e deu de presente ao garoto.
Fantástico: Comprou de porteira fechada?
Ivan Vargas, médico anestesiologista: De porteira fechada.
Fantástico: Sem saber o que tem lá dentro?
Ivan Vargas: Sem saber o que tem lá dentro.
Ivan fechou negócio por telefone, depositou o dinheiro e deu de presente ao garoto.
Fantástico: Comprou de porteira fechada?
Ivan Vargas, médico anestesiologista: De porteira fechada.
Fantástico: Sem saber o que tem lá dentro?
Ivan Vargas: Sem saber o que tem lá dentro.
“Eu vou sentir saudades deles”, conta Sumba.
Ana, de 3 anos, e Daniel, de 8, sabem que estão se despedindo de Sumba. A festa de despedida é na sede da missão humanitária onde Ivan trabalha como voluntário.
O carinho dos amigos vai chegando um a um.
“É um moleque com o coração puro, sabe?”, afirma um voluntário.
A família que o acolheu tem de dizer adeus. Dona Daysi, de 88 anos, a avó do doutor Ivan. “Eu te amo tá?”.
Os pais do médico contam que também vão sentir saudades de Sumba. Daniela, a mulher de Ivan: “Quero mandar um beijo para a mãe dele. Foi um privilégio para mim cuidar do seu filho e é triste deixar ele embora, mas eu sei que seu coração deve estar apertado. Então um beijo pra você e é isso aí”, diz a artista plástica Daniela Rodrigues.
E, por fim, o próprio Ivan: “Tá um misto de emoção. Eu sinto alegria, de missão cumprida, mas eu sinto dor de deixar ele ir. Acabou? Sem mais remédio? Chega de remédio! Chega”.
O dia da partida, no Aeroporto internacional de São Paulo. “Eu te amo muito. Que você seja muito feliz”, diz Daniela para Sumba.
“Até mais, meu amigão. Dá um abraço em mim também. Boa sorte lá. Deus te abençoe”, diz Ivan para Sumba.
O retorno é feito de ansiedade... E festa. Do reencontro com a mãe, Samia. Do acolhimento dos aldeões, que o recebem como se testemunhassem um milagre. Em Iemberem, não há quem não se espante com a história do garoto que voltou à vida pela mão de um médico estrangeiro.
“Eu me sinto satisfeito, eu me sinto feliz. Ele me deu um outro olhar de vida, me deu um outro olhar com a família. Foi como deixar um filho indo embora”, comenta Ivan.
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