Fotografia © Esgar Acelerado
Brasil. Ex-presidente quer ser futuro presidente. Aproxima-se ou afasta-se do governo do seu partido, consoante as conveniências
"Eu estou aqui quietinho no meu canto sem querer brigar mas parece que me estão chamando para a briga e olha que eu sou bom de briga", gritou com a sua tradicional voz rouca Luiz Inácio Lula da Silva no 1º de Maio, horas depois de as manchetes de duas revistas semanais brasileiras, a Época e a Veja, o terem colado ao escândalo de corrupção da Petrobras.
O discurso, feito no palanque da Central Única de Trabalhadores (CUT), o braço sindical do Partido dos Trabalhadores (PT), e acolhido com delírio pela multidão soou como anúncio oficial. Lula, de 69 anos e recuperado de um cancro, marca território rumo ao Palácio do Planalto para, então já septuagenário, suceder à sucessora Dilma Rousseff em 2018.
Meses antes, durante o período escaldante das manifestações pró-destituição de Dilma, Lula já se disponibilizara para a luta num evento do PT. Chamou a seu lado João Pedro Stédile, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e desafiou: "Quero paz e democracia mas se eles [oposição e manifestantes] não quiserem, o Stédile disponibiliza o exército dele e estamos aí na luta".
Mais do que dizer que vai à luta, aquele que foi o presidente do Brasil entre 2003 e 2011 explica com quem vai à luta - com os sindicatos e os sem-terra, ou seja, com a esquerda mais à esquerda do país.
E vai com a esquerda porque sente que as elites lhe são ingratas:"As elites ficam loucas quando falam no meu nome para a presidência, mesmo tendo em conta que nunca ganharam tanto dinheiro como quando eu estava no Planalto".
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