Desde o rompimento de Celina com o governo local, no início do mês, o governador tem feito diversos gestos para restabelecer a relação com a pedetista a fim de viabilizar que os PLs de aumento de arrecadação passem pela Casa. Agora, porém, Celina, que tinha ensaiado uma reaproximação após a demissão de Doyle, voltou a disparar contra Rollemberg. “Esse governo é uma extensão do de Agnelo Queiroz (PT). Aliás, é pior do que o anterior”, afirmou ontem à tarde, insatisfeita com o vazamento dos áudios. Horas antes, pela manhã, ela se sentou ao lado de Rollemberg em um evento público.
Ontem à noite, a presidente da Câmara pediu audiências com a Procuradoria-Geral de Justiça do DF, com a Polícia Civil do DF e com a Polícia Federal. Ela vai entregar um pedido dos 24 distritais para que seja aberta uma investigação sobre o caso. Segundo ela, as gravações estão editadas, mostram apenas áudios dos deputados e desgastam a imagem da Casa.
Juarezão (PRTB) é outro integrante da base aliada que tem demonstrado insatisfação com o GDF. Agora, deve endurecer o discurso contra o socialista. Ele também teve uma gravação vazada, mas afirmou que “não se lembrava do encontro”. É ele quem cita a divisão da “fatia do bolo” (leia ao lado).
A reunião alvo da polêmica ocorreu em 14 de maio, no Buriti, pouco antes da coletiva em que Rollemberg anunciou o segundo pacote de medidas para aumentar a arrecadação do GDF. O objetivo do encontro era conquistar o apoio dos parlamentares para a aprovação dos projetos na Casa. Estavam presentes cerca de 30 pessoas, entre assessores, secretários do GDF e 11 distritais. Naquele dia, ficou decidido que o projeto de aumento do IPTU seria enviado à Câmara apenas no segundo semestre, pois os distritais haviam demonstrado contrariedade à proposta. Na ocasião, além de cargos, o Correio apurou que os deputados teriam cobrado a liberação de emendas parlamentares do governador.
O deputado Dr. Michel (PP) era um dos presentes no encontro no gabinete do governador. Ontem, na 5ª edição do Câmara em Movimento, em Brazlândia, ele reafirmou ser importante a distribuição de cargos. “Se tem cargos para uns, tem de ter para outros. Se não tem, não tem. Não pode haver desigualdade, simples assim”, opinou.
Celina criticou o vazamento: “Como um áudio de dentro do gabinete do governador vaza assim?” Na gravação, a trabalhista questiona o fato de não haver deputados, locais ou federais, no primeiro escalão do GDF. Celina disse não ver problema na afirmação e classificou a conversa como “absolutamente republicana”. “Ter um representante da classe política à frente de uma secretaria não é nenhuma novidade”, argumentou.
“Doyle é passado”
Segundo o secretário de Relações Institucionais e Sociais do Distrito Federal, Marcos Dantas, o governo “condena a prática da arapongagem”. “Como essa conversa foi parar na internet, não sei. Havia, além dos secretários e dos deputados, outras pessoas dentro do gabinete. Não é possível apontar o dedo para ninguém”, avaliou. Questionado sobre as declarações do ex-chefe da Casa Civil Hélio Doyle — que deixou o governo em 10 de junho e, em coletiva convocada para oficializar a saída, citou as negociações por cargos, anteriormente negada por parlamentares —, Dantas limitou-se a dizer que o ex-colega de governo “é passado”. “Não podemos criminalizar as conversas. O tom do encontro foi absolutamente republicano”, afirmou.
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