quarta-feira, 1 de abril de 2015

Sentenças de morte aumentam 28% no mundo em 2014, segundo Anistia

Relatório mostra que no ano passado 607 pessoas foram executadas.

Maior parte das execuções ocorreu na China, no Irã e na Arábia Saudita.

Câmara da morte no Texas, estado americano que mais aplicou a pena de morte no ano passado (Foto: AP)Câmara da morte no Texas, estado americano que mais aplicou a pena de morte no ano passado (Foto: AP)
Ao menos 2.466 pessoas receberam penas de morte em 22 países em 2014, informa um estudo divulgado nesta terça-feira (31) pela organização humanitária Anistia Internacional. Segundo a organização, o número de mortes representa um aumento de 28% em relação à 2013. O número de execuções efetivadas no ano passado, no entando, teve uma diminuição de 22% em relação ao ano anterior - a Anistia registrou 607 pessoas executadas em 2014, e 778 execuções em 2013.
Apenas sete estados americanos executaram condenados em 2014, contra nove em 2013. Quatro deles - Texas, Missouri, Flórida e Oklahoma - acumularam 89% das execuções. As sentenças de morte também registraram queda nos Estados Unidos, de 95 em 2013 a 77 em 2014.Os países que mais executam prisioneiros são, respectivamente, China (dados não divulgados), Irã (289 oficialmente reconhecidas e 454 não declaradas), Arábia Saudita (pelo menos 90), Iraque (ao menos 61) e Estados Unidos (35). A Anistia diz que a China executou mais pessoas que o restante dos países do mundo juntos, embora não se saiba oficialmente o número de mortos, pois os dados são considerados segredos de Estado - o número de 607 execuções excluí as mortes na China.
A organização destaca os casos da Nigéria e do Egito, que enfrentam um período de instabilidade política.
Das 2.466 condenações à morte em 2014, 659 foram decididas na Nigéria e 509 no Egito. Nos dois países foram mais de 500 sentenças a mais que no ano anterior.
Pena de morte não é solução
"Quando os governos afirmam que usam a pena de morte em resposta ao crime e ao terrorismo, se equivocam; a pena de morte não é a solução", disse Audrey Gaughran, diretora da AI, em uma entrevista coletiva em Londres, segundo a agência de notícias Frane Presse (AFP).
"A pena de morte não é mais dissuasória de crimes graves que outras formas de punição", completou a ativista. Além disso, um erro é fatal, segundo a organização, que recorda que 113 pessoas equivocadamente condenadas foram libertadas em 2014. "Este número é muito perturbador porque revela a frequência com que inocentes são condenados", afirmou Gaughran.
"Nos preocupamos muito com o Egito, porque as sentenças de morte em grupo foram o resultado de julgamentos muitos injustos. Na Nigéria estamos preocupados com o modo como os tribunais militares anunciaram as sentenças", disse à AFP.
Entre os métodos usados nas execuções foram registrados: decapitação (Arábia Saudita), enforcamento (Afeganistão, Bangladesh, Cingapura,Egito, Iraque, Irã, Japão, Jordânia, Malásia, Paquistão, Territórios Palestinos, Sudão), injeção letal (China, Estados Unidos, Vietnã) e arma de fogo (Arábia Saudita, Belarus, China, Coreia do Norte, Emirados Árabes Unidos, Guiné Equatorial, Palestina, Somália, Taiwan, Iêmen).
A AI não recebeu notícias de execuções judiciais por apedrejamento, mas uma mulher foi condenada a morrer desta maneira por "adultério" nos Emirados Árabes Unidos.

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