Após a divulgação catártica do balanço da Petrobras reconhecendo prejuízos de mais de 6 bilhões de reais com desvios de corrupção, o Governo da presidenta Dilma Rousseff corre para montar uma agenda positiva que reverta o pessimismo com o futuro. A grande aposta, que será anunciada no início de maio, é um pacote de concessões em infraestrutura que pode movimentar 150 bilhões de reais.
Esse seria o valor sobre o qual se especula desde sábado, depois de uma reunião de dez horas entre Rousseff, 13 ministros, além dos presidentes de dois bancos públicos (BNDES e Caixa). Seriam concessões para novos aeroportos, ferrovias, rodovias e portos. A presidenta afirmou, nesta terça-feira em visita a Polo Automotivo em Pernambuco, que sua equipe estuda incluir no pacote o lote 1 da construção do arco viário de 77 quilômetros para conectar o litoral o norte de Pernambuco ao Porto de Suape.
Junto com as novas concessões, o Governo também pretende anunciar medidas de aperfeiçoamento no mercado de capitais que permitam maior participação de recursos do setor privado, segundo informações do secretário executivo do Ministério do Planejamento, Dyogo Oliveira.
O Ministério dos Transporte é um dos que já parece sentir as consequências dos cortes do Governo. O ministro da pasta, Antônio Carlos Rodrigues, afirmou, nesta quarta-feira, que a falta de recursos vai parar "várias obras no país" e que ele "não pode esconder o que está acontecendo no ministério". Segundo ele, ainda não se sabe o quanto poderá ser investido na pasta, o que dificulta o desenvolvimento dos projetos. Mesmo com essa injeção importante na economia brasileira, notícias como o aumento do desemprego, o maior desde 2011, e a queda da renda nas principais regiões metropolitanas do país evidenciam a desaceleração da economia e mostra que o desafio de voltar a crescer,enquanto o Governo tenta implementar um um amplo ajuste nas contas públicas, é enorme.
A equipe econômica se comprometeu como uma economia de 66 bilhões de reais dos gastos públicos para 2015- o que equivale a um superávit fiscal de 1,2% do PIB - implementado por meio de aumento de tributos e corte de gastos. Agora, o programa de cortes entra na fase de negociação com o Congresso.
"Cortando na carne" e Selic
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, admitiu, nesta quarta-feira em audiência pública na Câmara dos Deputados, que o Governo terá que fazer "um grande esforço" para cumprir a meta. "É um esforço que faremos todos os dias", ressaltou o ministro que afirmou ainda que o Governo está "cortando na carne" suas despesas.
Ele destacou também a necessidade da aprovação da MP 668, que trata da incidência do PIS/Cofins sobre importados, que ainda está em tramitação no Congresso Nacional. De acordo como Levy, a medida vai aumentar a competitividade do produto nacional.
O ministro explicou também que a disciplina fiscal é insubstituível para que a inflação volte para o centro da meta e para que os juros voltem a cair no Brasil. "A gente não pode esquecer toda a parte de convergência macro, inclusive com a inflação convergindo para a meta para dar segurança para o investidor e baixar a curva de juros de médio prazo", afirmou.
No fim da tarde desta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central se reúne e deve subir a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 12,75% ao ano. Se confirmada será a quinta elevação consecutiva da taxa, o que prejudicaria ainda mais o crescimento da economia brasileira. Se por um lado, controla o consumo segurando a inflação, por outro, deixa os créditos e os investimentos mais caros.
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