O mote é dado no prefácio: "Os políticos deste calibre correm o risco de acabar os seus dias em Vale de Lobos. Para bem de Portugal, isto é, de todos nós, seria bom que Rui Rio não tivesse esse destino. Portugal e os portugueses precisam dele", escreve Eugénio Lisboa. Uma posição da qual o ensaísta e crítico literário se defende, nestes termos: "Não somos animais da mesma capoeira política, mas não retiro uma vírgula ao que acabo de dizer."
Raízes de Aço (Verso da História), retrato intimista da personalidade e do percurso pessoal e político do antigo presidente da Câmara do Porto, chega às livrarias a 6 de maio, estando a apresentação agendada para dia 14, ainda sem confirmação do local. São mais de 350 páginas a que o amigo e psiquiatra Carlos Mota Cardoso se atirou, sem descurar o recorte literário, para desvendar os traços afetivos e éticos da figura a que muitos auguram futuro político de Estado. "Apesar da amizade que nos une, ao analisar a vida íntima, as vivências infantis e da adolescência, fui descobrindo aspetos do comportamento dele que me ajudaram a perceber melhor como foi talhado o seu caráter", explica o autor à VISÃO.
Para Carlos Mota Cardoso, "um homem define-se pelos inimigos que cria", parafraseando um dito popular da Beira Baixa, de onde é natural. Goste-se ou não, "a personalidade de Rio é fraturante na sociedade portuguesa", em contraste com as figuras descomprometidas com a coisa pública, pastosas ou consensuais, "porém apenas nos andares inferiores dos valores, sejam eles morais, sociais ou económicos". Querendo manter a obra à margem da futurologia a propósito dos cargos a que Rui Rio poderá estar destinado, o psiquiatra analisa o percurso pessoal e político do ex-autarca, demorando-se nas marcas dos mandatos municipais. Um livro assumidamente cúmplice e comprometido onde Carlos Mota Cardoso faz emergir o homem que considera "muito mais exigente com quem é detentor de um poder amplo do que com aqueles que têm ao seu abrigo um poder escasso. Por outras palavras: é muitíssimo mais duro para cima do que para baixo", remata.
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