Centenas de pessoas passaram a noite ao relento em Katmandu, a capital do Nepal, após o devastador terremoto que sacudiu o país no sábado, atingindo também regiões da Índia, da China e de Bangladesh e que provocou a morte de cerca de 2.200 pessoas, segundo o último balanço oficial, além de inúmeros danos ao patrimônio histórico do país. Os serviços de emergência e voluntários continuam retirando escombros, às vezes com as próprias mãos, para tentar localizar sobreviventes, enquanto novos abalos atingem o país. Um deles, de 6,7 graus na escala Richter, provocou novas avalanches na área do Everest neste domingo. Com o tremor do sábado, deslizamentos atingiram a montanha mais alta do mundo justamente no início da temporada de escalada. Em um dos incidentes, 17 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas no acampamento-base no lado sul da montanha.
Com seu epicentro a cerca de 150 quilômetros a noroeste de Katmandu, o terremoto foi sentido principalmente no vale no qual se situa a capital nepalesa, que viu cair por terra boa parte de seu patrimônio histórico, como a torre Dharahara. Outros edifícios de Katmandu vieram abaixo ou ficaram gravemente danificados, e as tarefas de resgate se concentram em localizar sobreviventes entre as montanhas de escombros. Enquanto isso, os mortos são colocados lado a lado nas ruas.“Tanto os hospitais públicos como particulares estão destruídos, e muitos pacientes estão sendo tratados ao ar livre”, informou o embaixador nepalês na Índia. “Estou exausto, mas temos que continuar”, declarou à agência Reuters um policial cuja equipe transferiu 166 feridos e mortos aos centros médicos. “Precisamos de ajuda”, afirmou o ministro da Informação, Minendra Rijal.
O oficial militar Santosh Nepal disse à Reuters que trabalhou durante toda a noite nas ruínas de um prédio de três andares derrubado no centro de Katmandu usando picaretas porque as escavadeiras não conseguiam passar pelas ruas estreitas do bairro histórico da cidade. “Acreditamos que ainda haja pessoas presas lá dentro”, declarou. Muitas construções foram reduzidas a um amontoado de tijolos, enquanto outras ficaram inclinadas, em um equilíbrio precário e ameaçando despencar a qualquer momento. Outros ainda sofreram quedas parciais e exibiam abertamente os pertences de seus habitantes.
Milhares de pessoas passaram a noite ao relento com temperaturas abaixo de zero e sob uma leve garoa, com medo de voltar a suas casas, destruídas. Muitos vagavam pelas ruas cobertos com mantas ou se sentavam nas calçadas com seus filhos pequenos no colo e carregando pequenas malas com seus pertences. Os novos tremores estão sendo sentidos desde o sábado.
Segundo a polícia, até 200 pessoas ficaram presas na torre Dharahara, uma das atrações turísticas mais importantes da cidade, construída em 1832 pela rainha do Nepal, e da qual restou apenas um pequeno pedaço de uma das paredes. Com a chegada do bom tempo, cerca de 300.000 turistas estavam no país quando, ao meio-dia do sábado (hora local, 3h em Brasília), a terra tremeu como não fazia desde 1934, quando um abalo de 8,1 graus deixou mais de 8,5 mil mortos (o de sábado alcançou 7,9 graus). O último balanço feito pelas autoridades nepalesas calcula 1.953 mortos, além de 53 na Índia e 17 no Tibete. O número de feridos passa de 4.500.
Muitos feridos continuam chegando aos hospitais, além de corpos retirados das montanhas de escombros. O oficial de polícia Sudan Shreshtha disse à Reuters que transportou durante a noite um total de 166 cadáveres ao Hospital Universitário de Tribhuvan. Ali os corpos ficaram armazenados, cobertos apenas por um pano. Outros, nem isso tiveram. Os suprimentos médicos estão se esgotando.
Com o governo nepalês sobrecarregado pela dimensão da tragédia, a Índia enviou suprimentos médicos e equipes de salvamento, um total de 285 membros de sua Força de Resposta a Desastres, enquanto a China mandou uma equipe de emergência de 60 pessoas. Organizações internacionais estão, ainda assim, reunindo voluntários para ajudar o Nepal e colaborar com as tarefas de resgate. Países como os Estados Unidos, o Reino Unido e o Paquistão também ofereceram ajuda.
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