domingo, 23 de novembro de 2014

Com Kátia Abreu e aceno pró-mercado, novo ministério é a antítese da Dilma-candidata.

Com Kátia Abreu e aceno pró-mercado, novo ministério é a antítese da Dilma-candidata

Foto: Waldemir Barreto/Agência SenadoFoto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Amigo petista, amigo tucano. Tente puxar pela memória o que você fazia na manhã de 22 de outubro de 2014. Há exato um mês, se bem nos ajuda a memória, os primeiros pegavam em armas para defender as conquistas sociais, a estrada rumo ao igualitarismo, a vitória dos trabalhadores contra o capital.
Os últimos, por sua vez, espalhavam adesivos e empunhavam bandeiras contra o Estado Máximo e o tal bolivarianismo, esse risco enorme de dormir num quarto pago a prestações e acordar com dois ou três sem-tetos cubanos na sala de visitas.
A batalha retórica, alimentada por militantes e candidatos, recolheu os panos tão logo foi encerrada a campanha. O líder oposicionista fez um ou outro discurso anti-tudo isso que está aí e tirou férias. Aos vencedores sobraram as batatas e o abacaxi, ilustrado pela posição do noticiário em 22 de novembro do mesmíssimo ano. Neste dia, quem quisesse saber das noticias de política tinha de ler o caderno de economia. E quem quisesse saber dos desdobramentos da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, tinha de ler o caderno de política. É como se, encerradas as eleições, o noticiário político puro evaporasse para um plano ideal. No chão, ele se divide entre o dinheiro e o caso de polícia. Daí talvez o estranhamento de quem condena as supostas malversações entre público e privado, mas aceita de bom grado dações empresariais para campanha.
Durante a eleição, Dilma e o estafe petista atacaram com todas as armas as relações dos oposicionistas com o mercado. Marina Silva foi metralhada por sua proximidade com uma herdeira do Itau e sua proposta de independência do Banco Central. Aécio Neves foi triturado por resgatar o “cozinheiro” da recessão: corte de despesas, aumento de juros, retração do consumo, redução dos salários e do poder de compra. Quem acompanhou os debates na tevê tinha a impressão de estar diante de um embate de modelos bem claros de desenvolvimento: mal resumindo, um pró-patrão, outro, pró-trabalhador. O nó é que sem os primeiros não se governa, e sem os segundos, não se ganha eleição.
Mas quem ganha a eleição precisa governar, e isso em si despacha a principal dúvida sobre o caminho a ser seguido pela presidenta reeleita neste segundo mandato que já começou: se ela radicalizaria as mudanças exigidas pelos movimentos que aderirem em peso à sua campanha (reforma política, lei da mídia, reforma agrária, taxação de grandes fortunas, mais regulação do sistema financeiro, punição a desmatadores, etc) ou se levantaria a bandeira branca ao mercado que a rejeitava. 
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