Ucrânia e Médio Oriente no centro das preocupações de Bartolomeu e Francisco
Papa Francisco e Patriarca Bartolomeu, de Constantinopla, juntos Foto: EPA/Tolga Bozoglu
Os dois líderes religiosos manifestaram a sua confiança no trabalho da comissão mista de diálogo ecuménico e apelaram também ao investimento no diálogo inter-religioso para a resolução dos conflitos no mundo.
30-11-2014 11:00 por Filipe d’Avillez
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O Papa Francisco e o Patriarca Bartolomeu, de Constantinopla, assinaram este domingo uma declaração comum em que apelam de forma muito insistente pela intervenção da comunidade internacional para resolver os conflitos no Médio Oriente e, de modo particular, ajudar as comunidades cristãs.
“Expressamos a nossa preocupação comum pela situação no Iraque, na Síria e em todo o Médio Oriente. Estamos unidos no desejo de paz e estabilidade e na vontade de promover a resolução dos conflitos através do diálogo e da reconciliação. Ao mesmo tempo que reconhecemos os esforços que já estão a ser feitos para dar assistência à região, apelamos a quantos têm a responsabilidade dos destinos dos povos que intensifiquem o seu empenho a favor das comunidades que sofrem, consentindo a todas, incluindo as cristãs, de permanecerem na sua terra natal.”
“Não podemos resignar-nos com um Médio Oriente sem os cristãos, que ali professaram o nome de Jesus durante dois mil anos. Muitos dos nossos irmãos e irmãs são perseguidos e, com a violência, foram forçados a deixar as suas casas. Até parece que se perdeu o valor da vida humana e que a pessoa humana já não tem importância alguma, podendo ser sacrificada a outros interesses. E, tragicamente, tudo isto se passa perante a indiferença de muitos”, afirmam ainda os hierarcas que este domingo estiveram juntos e falaram os dois no final de uma celebração eucarística ortodoxa, presidida por Bartolomeu.
Nesses discursos foi feita referência ao ecumenismo que resulta do sofrimento, uma vez que os perseguidores dos cristãos “não lhes perguntam a que Igreja pertencem”. O tema ressurge na declaração conjunta.
“Podemos dizer que há também um ecumenismo do sofrimento. Tal como o sangue dos mártires foi semente de fortaleza e fecundidade para a Igreja, assim também a partilha dos sofrimentos diários pode ser um instrumento eficaz de unidade. A dramática situação dos cristãos e de todos aqueles que sofrem no Médio Oriente exige não só uma oração constante, mas também uma resposta apropriada por parte da comunidade internacional.”
Mas não foi só o Médio Oriente a preocupar Francisco e Bartolomeu. A Ucrânia é um país importante na cena cristã internacional, uma vez que se trata simultaneamente do segundo maior país ortodoxo, em termos de população, e também na sede da maior Igreja Católica de Rito Oriental. “Em particular rezamos pela paz na Ucrânia, país com uma antiga tradição cristã, e apelamos às partes envolvidas no conflito para que procurem o caminho do diálogo e do respeito pelo direito internacional para pôr fim ao conflito e permitir que todos os ucranianos vivam em harmonia”.
Nesta declaração conjunta lê-se ainda um apelo ao diálogo inter-religioso, sobretudo com o Islão, “assente no respeito mútuo e na amizade” e um apoio claro e inequívoco ao processo de diálogo realizado pela comissão mista, composta por especialistas ortodoxos e católicos, que aborda os temas mais complexos que separam as duas igrejas.
Esta foi a segunda vez que Francisco e Bartolomeu assinaram uma declaração conjunta. A primeira foi aquando da visita que ambos fizeram, em simultâneo, à Terra Santa, em Maio deste ano.
“Expressamos a nossa preocupação comum pela situação no Iraque, na Síria e em todo o Médio Oriente. Estamos unidos no desejo de paz e estabilidade e na vontade de promover a resolução dos conflitos através do diálogo e da reconciliação. Ao mesmo tempo que reconhecemos os esforços que já estão a ser feitos para dar assistência à região, apelamos a quantos têm a responsabilidade dos destinos dos povos que intensifiquem o seu empenho a favor das comunidades que sofrem, consentindo a todas, incluindo as cristãs, de permanecerem na sua terra natal.”
“Não podemos resignar-nos com um Médio Oriente sem os cristãos, que ali professaram o nome de Jesus durante dois mil anos. Muitos dos nossos irmãos e irmãs são perseguidos e, com a violência, foram forçados a deixar as suas casas. Até parece que se perdeu o valor da vida humana e que a pessoa humana já não tem importância alguma, podendo ser sacrificada a outros interesses. E, tragicamente, tudo isto se passa perante a indiferença de muitos”, afirmam ainda os hierarcas que este domingo estiveram juntos e falaram os dois no final de uma celebração eucarística ortodoxa, presidida por Bartolomeu.
Nesses discursos foi feita referência ao ecumenismo que resulta do sofrimento, uma vez que os perseguidores dos cristãos “não lhes perguntam a que Igreja pertencem”. O tema ressurge na declaração conjunta.
“Podemos dizer que há também um ecumenismo do sofrimento. Tal como o sangue dos mártires foi semente de fortaleza e fecundidade para a Igreja, assim também a partilha dos sofrimentos diários pode ser um instrumento eficaz de unidade. A dramática situação dos cristãos e de todos aqueles que sofrem no Médio Oriente exige não só uma oração constante, mas também uma resposta apropriada por parte da comunidade internacional.”
Mas não foi só o Médio Oriente a preocupar Francisco e Bartolomeu. A Ucrânia é um país importante na cena cristã internacional, uma vez que se trata simultaneamente do segundo maior país ortodoxo, em termos de população, e também na sede da maior Igreja Católica de Rito Oriental. “Em particular rezamos pela paz na Ucrânia, país com uma antiga tradição cristã, e apelamos às partes envolvidas no conflito para que procurem o caminho do diálogo e do respeito pelo direito internacional para pôr fim ao conflito e permitir que todos os ucranianos vivam em harmonia”.
Nesta declaração conjunta lê-se ainda um apelo ao diálogo inter-religioso, sobretudo com o Islão, “assente no respeito mútuo e na amizade” e um apoio claro e inequívoco ao processo de diálogo realizado pela comissão mista, composta por especialistas ortodoxos e católicos, que aborda os temas mais complexos que separam as duas igrejas.
Esta foi a segunda vez que Francisco e Bartolomeu assinaram uma declaração conjunta. A primeira foi aquando da visita que ambos fizeram, em simultâneo, à Terra Santa, em Maio deste ano.
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