Velório de criador de Chaves e Chapolin será no estádio Azteca
Roberto Bolaños morreu na sexta-feira aos 85 anos.
Ele tinha saúde 'frágil' e vivia com a esposa Florinda Meza em Cancún.
O corpo do artista mexicano Roberto Gómez Bolaños, famoso por ter criado e interpretado os personagens Chaves e Chapolin, será levado para a Cidade do México para que seus fãs possam se despedir de seu ídolo, no domingo (29), no estádio Azteca.
Bolaños morreu na sexta-feira, aos 85 anos, em sua casa no balneário de Cancún, onde se refugiou os últimos anos para diminuir os efeitos de uma insuficiência respiratória e de outras doenças.
O ator estava aposentado há dez anos, mas isso não impediu que se adaptasse aos meios de comunicação mais modernos e se tornou um grande fã das redes sociais, tornando-se o mexicano com mais seguidores no Twitter - mais de 6,6 milhões.
Após sua morte, a televisão mexicana emitiu mensagens de luto com um "Obrigado para sempre, Chespirito (seu apelido no México)", como despedida a um comediante que engrandeceu sua história com os personagens da vila do Chaves e as aventuras do heroico Chapolin Colorado.
Enquanto isso, muitos fãs, tanto mexicanos como estrangeiros, estão se aglomerando em frente à casa do comediante, famoso por frases como "foi sem querer querendo" e "palma, palma, não criemos pânico".
"Era autêntico, engraçado", disse - com o rosto coberto de lágrimas - Sonia, uma turista chilena que chegou até a casa, localizada na região hoteleira de Cancún, após saber da morte do artista.
Sonia contou aos jornalistas que assistia às séries de Bolaños desde os 9 anos e lembrou a sala de aula do Professor Girafales, a vila do Chaves e o barril onde o personagem morava.
O menino pobre do barril, que usava boné com tapa orelhas, foi lembrado por muitas personalidades mexicanas, desde o presidente do país, Enrique Peña Nieto, até seus companheiros de viagem na vila, Édgar Vivar (Senhor Barriga), María Antonieta de las Nieves (Chiquinha) e Rubén Aguirre (Professor Girafales).
"Roberto, não se vá, você permanece em meu coração e nos corações de todos aqueles a quem você levou alegria. Adeus ''Chavinho', até sempre", disse Vivar.
Aguirre, por sua vez, disse estar 'estarrecido' pela morte de quem qualificou como o melhor escritor de comédia da televisão mexicana, enquanto María Antonieta agradeceu Bolaños "por ter feito tanta gente feliz e pelos maravilhosos momentos que compartilhamos no grupo".
Bolaños nasceu em 21 de fevereiro de 1929 na Cidade do México. Era filho de Elsa Bolaños-Cacho, secretária, e Francisco Gómez, pintor, desenhista e cartunista em jornais. Ele estudou engenharia, mas nunca seguiu a carreira.
Começou a trabalhar em uma agência de publicidade aos 22 anos e, muitos outros mais tarde, começou no cargo de roteirista escrevendo para programas de rádio e televisão, além de filmes para o cinema.
O apelido "Chespirito", um diminutivo espanholizado do sobrenome do dramaturgo inglês Shakespeare, foi dado pelo diretor de cinema Agustín Delgado por sua inesgotável imaginação e sua baixa estatura, de pouco mais de 1m60.
Em 1968, conseguiu seu primeiro espaço próprio na TV, de meia hora aos sábados à tarde, onde nasceram suas primeiras séries: "Los Supergenios de la Mesa Cuadrada" e "El Ciudadano Gómez".
Para o ano de 1970, seu espaço se duplicou com a série "Chespirito", de esquetes de humor. Foi ali que nasceram personagens como Chapolin Colorado e Chaves.
Tanto o personagem do super-heroi como o do menino peralta tiveram tanto sucesso que passaram a protagonizar suas próprias séries. Em 1973, os dois programas já eram exibidos em quase toda a América Latina.
Entre os personagens que criou se destacam o Seu Madruga, a Bruxa do 71, a Chiquinha, Quico, Jaiminho "o Carteiro", o Professor Girafales, o Botijão, assim como a Dona Florinda e Chimoltrúfia, ambas interpretadas por sua esposa, Florinda Meza.
Nesta sexta-feira, a centenas de quilômetros de Cancún, uma vizinha da casa que Bolaños tinha na Cidade do México foi a primeira a se aproximar do local para expressar seu pesar.
"Sinto como se um familiar tivesse morrido e isso não aconteceu comigo com nenhum outro artista", afirmou à Efe a senhora, que preferiu não se identificar e deixou uma mensagem junto a um ramo de crisântemos brancos com os dizeres: "se cada flor significasse um sorriso que o senhor nos presenteou, todas as flores do mundo não seriam suficientes".
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