País - Sociedade Aberta
O Ano Litúrgico
Cardeal Orani Tempesta
Entre o Tempo do Natal, na terça-feira antes da Quaresma e após Pentecostes, até no sábado antes do Advento, celebramos os Domingos do Tempo Comum, perto de 34 semanas. O Ano Litúrgico encerra-se com a proclamação de Cristo como nosso Rei, quando apresentamos nossa expectativa da feliz Esperança e Vinda do Senhor.
Podemos resumir assim os passos do Ano Litúrgico:
• Ciclo do Mistério da Encarnação – neste ciclo encontram-se o Tempo do Advento e o Tempo do Natal, que se estende até a celebração do Batismo do Senhor (celebrado no domingo após a Epifania do Senhor).
• Ciclo do Mistério da Redenção – neste ciclo encontram-se o Tempo da Quaresma, o Tríduo Pascal (quinta-feira santa, sexta-feira santa e sábado até a missa da “Noite Santa” – Vigília Pascal) e o Tempo Pascal, que começa no Primeiro Domingo da Páscoa, determinado pelo primeiro domingo de lua cheia da primavera em Roma, e encerra-se com a Solenidade de Pentecostes.
Entre os dois ciclos citados acima, encontra-se o Tempo Comum, que, à luz do Espírito Santo, foi assim denominado pelos decretos do pós Concílio Vaticano II, tendo tal Concílio iniciando-se em 1962 sob o pontificado de João XXIII, e encerrando-se em 1965 sob o pontificado de Paulo VI. No próximo ano celebraremos o jubileu de ouro de seu encerramento e a aprovação da maioria dos seus documentos.
O Tempo Comum divide-se em duas partes. A primeira inicia-se na segunda-feira depois do domingo em que celebramos o Batismo do Senhor e encerra-se na terça-feira antes da Quarta-feira de Cinzas (terça-feira de carnaval). A segunda parte inicia-se na segunda-feira após o domingo em que celebramos o dia de Pentecostes e termina no sábado seguinte à festa de Cristo Rei. O domingo seguinte já será o primeiro domingo do Advento, o qual marca o início de um novo Ano Litúrgico.
Considerando que não há tempo suficiente em apenas um Ano Litúrgico para serem lidos os quatro evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João) em profundidade nas missas dominicais, a reforma litúrgica determinou que o fizéssemos em três anos. Assim sendo, temos os anos litúrgicos A, B e C. No Ano Litúrgico A, meditamos o Mistério do Cristo à luz do evangelho de São Mateus. No ano B, meditamos à luz do evangelho de São Marcos e do sexto capítulo do evangelho de São João. Por fim, no ano C, meditamos à luz do evangelho de São Lucas. O evangelho de São João, chamado de Quarto Evangelho, é lido em todos os três anos nos tempos festivos de Natal e Páscoa. Todo ano cujo número seja divisível por 3 é o ano C, e os consecutivos serão o A e o B. Iremos iniciar agora o ano B.
E como vivenciamos o Ano Litúrgico? Obedecendo ao 3º. Mandamento: Guardar domingos e festas. De acordo com o Catecismo da Igreja Católica, “aos domingos e nos outros dias de festa de preceito, os fiéis têm a obrigação de participar da missa”. “Satisfaz ao preceito dominical quem participa da missa celebrada, segundo o rito católico, no próprio dia da festa ou à tarde do dia anterior”.
É válido lembrar que no folheto de missa, distribuído nas Igrejas para que possamos acompanhar a celebração, encontra-se, no alto da primeira página, a descrição do domingo que estamos vivendo, por exemplo: 20º. Domingo do Tempo Comum, ou 3º. Domingo do Tempo Pascal. Dessa forma poderemos nos situar no calendário do Ano Litúrgico. As cores, os cânticos, os gestos, os sinais que acompanham também fazem parte dessa riqueza da Igreja que nos ajuda a viver a vida cristã na história de hoje.
Além disso, temos os anos temáticos, ou seja, escolhe-se um tema para viver durante um ano. Isso acontece com meses, semanas e dias também. Isso contribui para a educação do nosso povo e para ajudar a caminhar com as necessidades de nosso tempo. Viver o ano litúrgico inculturando em nossa vida e situação, mas também com às necessidades de nosso tempo.
Com o Advento deste ano que ora iniciamos iremos celebrar na Igreja Católica, a pedido do Santo Padre, o ano da Vida Consagrada ou vida Religiosa. Tempo de aprofundamento, reavivamento, aprofundamento do carisma dessa vocação tão importante para a |Igreja. Aqui no Brasil conforme decisão da CNBB viveremos o Ano da Paz! “É possível percorrer o caminho da Paz? Podemos sair desta espiral de dor e de morte? Podemos a\prender de novo a caminhar e percorrer o caminho da Paz?... Sim, é possível para todos” (Papa Francisco). Em nossa Arquidiocese viveremos o ano da Esperança dentro do planejamento do Plano de Pastoral. Caminhemos e acolhamos as propostas da Igreja procurando viver hoje a fé em meio a tantas situações que necessitam de nosso testemunho e presença.
Uma grande riqueza! Um grande dom! Vivamos intensamente o Ano Litúrgico e caminhemos na fé. Iniciemos com muita confiança e esperança o novo ano litúrgico neste tempo do Advento que se inicia com a Campanha para a Evangelização: Cristo é a nossa Paz!
Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist. - Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
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