terça-feira, 20 de março de 2018

Lula diz que o Ministério Público é como um cão que late, mas não morde



 

Lula, com Dilma ao lado, no encontro com reitores na Universidade de Santa Maria
Por Joaquim de Carvalho, de Santa Maria, em reportagem financiada pelos leitores do DCM, através do projeto de crowdfunding
No encontro que teve há pouco com os reitores das instituições federais do Rio Grande do Sul, no segundo dia da Caravana pelo sul do País, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Ministério Público Federal é como o cachorro que late, mas não morde.
O encontro de Lula com os reitores foi a portas fechadas. A imprensa só pode entrar no começo, para registrar imagens, e também no final, para fazer os mesmos registros.

Lula fez um balanço de sua atuação no ensino superior, com destaque para o número de universidades federais que criou. Ele também destacou a importância de outras ações na educação, como o combate ao analfabetismo.
Falou também sobre o pré-sal:
“Hoje, passados dez anos, o nosso petróleo colocado em terra, sem os impostos, custa 8 dólares  e cinquenta o barril. O petróleo da Arábia Saudita, que é quase à flor da terra, custa 6 dólares e meio. Isso se chama investimento em pesquisa.
Tem corrupção na Petrobras? Tem. Prende o corrupto. Mas não acaba com a empresa.
“Não há exemplo na história da humanidade de algum país que se desenvolveu sem antes investir na educação.”, disse Lula.
Em seguida, relacionou as vantagens geradas pela educação:
“Nos dá competitividade tecnológica, nos dá competitividade em preço, nos dá oportunidade de competir no mercado e nos dá a oportunidade de deixar de ser exportador de matéria-prima ou in natura para sermos exportadores de conhecimento ou de inteligência”, destacou.
Lula lembrou que, em 12 anos, os governos dele e de Dilma, colocaram 4 milhões de brasileiros na universidade, quando, no século passado, eles só conseguiram colocar 4 milhões.
“Temos orgulho de, em apenas 12 anos, termos feitos quatro vezes mais escolas técnicas do que eles fizeram entre 1909, com Nilo Peçanha, até 2003. Temos orgulho de termos feitos, em 12 anos, 18 universidades federais novas e e 173 campus espalhados pelo interior do País’, afirmou.
Segundo ele, isso é resultado da proibição feita no governo dele de considerar que a educação fosse considerada gasto.
“Eu posso emprestar um bilhão para o Gerdau, com cinco anos de carência, para pagar uma merreca de juro, e isso é considerado investimento. Já emprestar 3 mil reais para o estudante fazer o curso é considerado gasto”, disse.
O Estado tem que arcar com a responsabilidade de educar a população “porque o ensino é perene, não acaba nunca. E esse jovem pode, com esse investimento, ser o motivo, o motor do desenvolvimento deste País”.
Foi por isso que o governo criou, na administração dele, o Fies e o Pro-uni e fez esforço para quintuplicar o orçamento da Educação e da Ciência e Tecnologia. Mas, mesmo assim, o governo foi criticado.
“Não tem outra explicação: a elite brasileira nunca gostou de fazer investimento em educação. Nunca acreditou que o povo pobre pudesse fazer doutorado, pudesse ter um diploma, e não acredita até hoje. Quem teve um ministro como Fernando Haddad, Aloizio Mercadante e Janine  e tem agora Mendoncinha como ministro sinceramente não acredita na educação”, observou.
Lula explicou por que, em toda viagem que faz, visita uma universidade. “Eu quero passar esperança”, afirmou. Fazer universidade custa caro. “Mas quanto custa não fazer?”, indagou.
Lula diz que, às vezes, é criticado por ir à universidade e tem gente que pede para ele não ir. “Eu não ficou bronqueado. Eu fico com pena. Porque essa gente não está precisando de universidade. Está precisando de educação de berço, que deveria ter aprendido quando era pequeno”, afirmou.
Depois, se dirigindo ao representante da Unipampa, onde esteve ontem, avisou:
“Diga ao reitor que eu vou voltar para a Unipampa e eu quero que ele me receba. Que ele me receba como reitor, para a gente discutir a educação neste país”, afirmou. E afirmou que ele não deve temer os promotores e procuradores.
“O Ministério Público late, mas não morde. Valeu a pena caminhar e, se a gente não reagir, a gente vai ficar refém de pessoas que acham que, por ter feito um concurso, são mais do que aqueles que não fizeram concurso. Eu sou um político que faço concurso a cada quatro anos. Sou político fazendo concurso sendo xingado pelo povo na rua e aprovado na eleição”, disse.
Em seguida, bateu na mão do reitor da Universidade de Santa Maria, Paulo Afonso Burmann, e agradeceu:
“Eu espero que o Ministério Público não venha aqui te encher o saco. E espero que o Mendoncinha também não venha. Se vier, nos comunique, porque nós seremos parceiros nesta briga para defender a autonomia da universidade no Brasil”,
Foi aplaudido de pé, enquanto lá fora, um pequeno grupo de manifestantes tentava forçar a invasão do prédio da reitoria e xingava o ex-presidente, sendo contido pela Brigada Militar e também por manifestantes pró-Lula, em maior número.

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