- 05/09/2017
De Paris, onde está em viagem oficial como presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o ministro do STF Gilmar Mendes comentou o envolvimento do seu nome nos áudios agora entregues pelo delator Joesley Batista, da JBS. Na sua fala, ele atacou diretamente o trabalho do Procurador Geral da República, dizendo que o Supremo não tem nada a ver com os delírios de Rodrigo Janot, falando ainda que o procurador está tentando dividir a responsabilidade de uma operação mal sucedida com a Suprema Corte. Conclui que o único erro do Supremo foi não ter colocado limites no trabalho da procuradoria.
— Eu tenho a impressão que houve a tentativa por parte do PGR que tentou trazer o Supremo para auxiliá-lo nessa operação Tabajara. Quer dizer, no fundo a coisa foi muito mal sucedida e ele está tentando dividir a responsabilidade com o Supremo e o Supremo não tem nada com isso. Pode ter errado e não ter feito avalições e não ter colocado limites, o que eu defendi. Mas o Supremo não tem nada a ver com isso. Está tentando envolver ministros, tentando envolver José Eduardo Cardozo, ministros do PT, mas o Supremo não tem nada com isso. Se houve erro do Supremo foi em não colocar limites aos delírios do Janot.
Sobre a revelação, agora, dos novos áudios de Joesley, Gilmar Mendes fala que isso mostra o verdadeiro desastre que foi a atuação de Janot na Procuradoria: “ele se serviu da instituição para envolver outras pessoas”.
— Na minha visão isso foi um desastre, a revelação de um desastre, a crônica de uma morte anunciada. Algo mal conduzido desde o início, sem parâmetros técnicos. Isso a Polícia Federal vem apontando e mostrou uma profunda desinstitucionalização. A missão da nova procuradora geral é imensa. Ela tem que reconstruir todo esse aparato de investigação. Inclusive a junção da procuradoria com a Polícia Federal. Se a Lava Jato corre risco? Trabalho mal feito é sempre arriscado. É o que eu tenho falado sempre. Imaginar que se vai fazer um jogo de esperteza… O caso específico, por exemplo, sugere arranjos, mutretas, para obter aquele resultado. Envolvendo inclusive um procurador, que era da equipe, braço direito do procurador geral. O nome disso, é grave, tem, inclusive no código penal. Atuando de um lado e de outro para envolver uma série de pessoas, e um dos objetivos inclusive era me gravar, entregar a minha cabeça, porque era assim que o Janot operava. Alguém pode se servir de uma instituição dessa forma? Quer dizer, é um desastre. Isso é maior tragédia que ocorreu na PGR em todos os tempos. Não tem nada igual.
O ministro conclui dizendo que os áudios revelados mostram que a procuradoria estava usando o instituto da delação premiada para outros fins.
— A rigor eles brincam, no que está saindo, eles dizem: “estamos entregando a cabeça do governador, mas tem que atender o procurador”. Quer dizer, isso tudo mostra que estão usando a delação premiada para outra finalidade. Para a vingança política, para delírios, talvez. Talvez ele tenha imaginado que possa ser presidente da República, governador de Minas, ou coisa do tipo. Faltou, na verdade, o uso na institucionalidade. Sorte do Brasil que isso ocorreu. Certamente essa delação terá que ser completamente revista. Sobre invalidar provas, isso vai ter que ser analisado. Mas é necessário remontar todo o sistema de investigação do País. A Lava Jato prossegue com os seus trabalhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário