Braço-direito de Geddel Vieira Lima (PMDB), o ex-diretor-geral da Defesa Civil de Salvador (Codesal), Gustavo Ferraz (PMDB), era a pessoa encarregada pelo ex-ministro da Secretaria de Governo de definir quais candidatos a prefeito e vereador seriam apoiados com recursos do PMDB baiano, segundo reportagem do portal Uol.
“Gustavo acompanhava Geddel nas viagens pela Bahia. Ele cuidava das articulações políticas, agenda e logística no interior do Estado, inclusive na campanha eleitoral de 2012″, contou a advogada e consultora política Daniele Barreto, em entrevista à publicação.
“O nível de confiança que Geddel tem com Gustavo, ele só tem com o irmão Lúcio [Vieira Lima, deputado federal]”, afirmou ao Uol uma fonte próxima aos dois, sob a condição de sigilo.
O ex-diretor da Codesal foi preso, na última sexta-feira (8), na operação da PF que também levou o ex-ministro Geddel.
Os irmãos Geddel
Os irmãos Geddel são
três: Geddel, Lúcio e Afrísio. Intriga-me o esquecimento de Afrísio nas
notícias sobre a família. Fala-se até da mãe, do pai falecido, mas não do
terceiro irmão. Pois bem: Afrísio Vieira Lima Filho é diretor legislativo da
Câmara.
Geddel Vieira Lima
virou um astro pop às avessas. Sintetiza como poucos essa geddelização da
política brasileira. Com seu olhar meio assustado. É um corrupto que dá para
imaginar no churrasco mais próximo, quebrando um copo, gargalhando.
Lúcio Vieira Lima, o
Bitelo da Odebrecht, opera como deputado. Condenado a ser o "irmão do Geddel".
Esse está enrolado nas investigações sobre o apartamento dos R$ 51 milhões em
Salvador. É uma versão menos espalhafatosa de Geddel.
E Afrísio?
Afrísio passa batido.
Como se não fosse um Afrísio, um Lúcio, um Geddel. Os três, no entanto, dividem
as propriedades rurais da família. Atuam juntos como pecuaristas e produtores
de cacau. Só que ele é blindado. Por quê?
Afrísio também é um
homem público. Repito: é diretor legislativo da Câmara. Isso significa...
poder. Significa que sabe de muita coisa. Significa que os corredores do
Congresso são conhecidos palmo a palmo pela família Vieira Lima.
Afrísio é tesoureiro
da Fundação Ulysses Guimarães. Presidida por quem? Moreira Franco (PMDB-RJ).
Vice-presidida por quem? Eliseu Padilha (PMDB), ministro-chefe da Casa Civil.
Um dos diretores chama-se Romero Jucá (PMDB-RR).
(E Afrísio é um
colecionador de obras de arte. Gostava de vender seus quadros em pleno espaço
da Câmara. Sua mulher trabalhou na primeira secretaria com o deputado Heráclito
Fortes, conhecido na Odebrecht como Boca Mole.)
A geddelização da
política brasileira não é fruto de um "doente" temperamental e com
covinhas. A geddelização é um movimento racional. A geddelização instala-se. Um
é deputado, o outro é um burocrata, enquanto a matriz dá a cara para bater.
Sim, o poder dos
Vieira Lima começa lá atrás. Com o primeiro Afrísio, também deputado. O
problema de tratar esse clã como expressão de uma única pessoa é que a gente
elimina a história. Geddel foi preso, Lúcio talvez o seja. Afrísio continuará
lá.
Ou, em outras
palavras: o PMDB continuará lá, com vários pés em várias canoas. É um polvo.
Tem o braço Geddel, o braço Jucá, o braço Padilha, o estômago Michel, a cabeça
Sarney, o intestino Calheiros. Corta-se um órgão, crescem os outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário