Luiz Carlos Azedo , Julia Chaib
Pisando em ovos para não agravar suas tensas relações com a presidente Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) divulgou ontem o documento “Uma ponte para o futuro”, elaborado pela Fundação Ulysses Guimarães, sob a coordenação do ex-ministro Moreira Franco. O documento faz uma análise da situação do país e apresenta propostas de saída para a crise que são, ao mesmo tempo, a negação do projeto de Dilma e do PT e uma clara tentativa de posicionar o PMDB como alternativa de poder.
“Essas são as nossas propostas para o país fazer o ajuste fiscal e voltar a crescer. É o início de um grande debate no partido. Vamos distribuí-los para os militantes e discuti-lo até 17 de dezembro. O que o PMDB quer é ter um projeto para o Brasil. Não estamos olhando o passado, estamos olhando para o futuro”, justifica Temer. O vice-presidente garante que o partido terá candidato a presidente em 2018. O documento também servirá para posicionar o partido em relação às propostas enviadas pelo governo ao Congresso.Como tudo que envolve o vice-presidente da República, a divulgação do texto num almoço com jornalistas no Palácio do Jaburu foi motivo de fricção com o Palácio do Planalto. Temer chegou a ligar para o ministro de Comunicação Social, Edinho Silva, e para o presidente do PT, Rui Falcão, para desmentir trechos atribuídos ao documento com duras críticas ao governo e ao PT que foram divulgados pela Folha de S. Paulo. “Esse texto não passou pela minha mesa, é apócrifo”, disse o ex-ministro Moreira Franco. No fim da tarde, Temer encaminhou o documento oficial à presidente Dilma Rousseff.
O PMDB faz um contraponto às propostas do PT e uma crítica aberta às concepções econômicas de Dilma. “A presente crise fiscal e, principalmente, econômica, com retração do PIB, alta inflação, juros muito elevados, desemprego crescente, paralisação dos investimentos produtivos e a completa ausência de horizontes estão obrigando a sociedade a encarar o seu destino”, afirma. E conclui: “Não temos outro caminho a não ser procurar o entendimento e a cooperação.”
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