segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Reintegração deixa centenas de cães e gatos abandonados no ABC Cerca de duzentos animais permanecem em escombros em Santo André. Acusada de descaso, prefeitura afirma que responsabilidade era de famílias.

Centenas de cães e gatos foram abandonados na região do lixão do bairro Cidade São Jorge, em Santo André, no ABC Paulista, depois da reintegração de posse de uma área invadida ilegalmente.
Moradores da região disseram que as autoridades viraram as costas para a situação. A prefeitura afirmou que as famílias assinaram um termo se comprometendo a não abandonar os animais, garantiu ter vacinado e castrado 102 animais e prometeu que fará uma vistoria na área nesta terça-feira (27).
"Isso aqui é um setor de guerra, um descaso total dos animais, nós não estamos dando conta de tantos animais abandonados nesse local, tanto com ajuda financeiras de ração, medicação, castração, pra nós q somos protetoras independentes tá muito difícil, muito difícil mesmo", disse a protetora voluntária de animais Sheila Maia Matovani ao SPTV.
Junto de outros voluntários, Sheila encontra, todos os dias, cães e gatos entocados, machucados ou tentando se alimentar pela área. A proximidade entre animais e protetores é tanta, que os bichos já respondem ao som das vozes das pessoas.
"É só eu chamar que eles vêm comer, porque eles passam muita fome, né? Eu pego alguns pra mandar castrar, quem tem tumor vai pra cirurugias também", comentou Gisélia Gomes Bonfim, protetora há 12 anos.
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Gato animais abandonados (Foto: TV Globo/Reprodução)Animais se escondem entre escombros, dizem voluntários (Foto: TV Globo/Reprodução)
Para a Médica Veterinária Ana Lúcia Oliveira Meira, a questão implica mais problemas do que o simples abandono dos bichos. "Também é uma questão de saúde pública porque os animais transmitem doenças para população, que são as zoonoses. Esses animais estão migrando em busca de comidas e eles transmitem doenças pra outras regiões", afirmou.
No total, os voluntários já resgataram mais de 70 animais. Número pequeno, perto dos quase duzentos que permaneceram na área.
"Não damos conta. É muito animal. Eles vão brotando nos escombros. Cada vez que a gente vem aqui a gente leva uns dez ou quinze mas o custo disso é muito alto. As ONGs não têm como bancar tudo isso e a prefeitura, infelizmente, não faz a parte dela", disse a protetora Roseli Denaldi.
O problema chegou até à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), já que existe uma lei municipal que prevê o acolhimento de animais que estão em locais públicos. "A obrigação mínima que a gente quer que a prefeitura assuma é fazer o recolhimento desses animais e que ela disponibilize um local onde eles possam ser acomodados", afirmou Fernando Torres de Almeida, integrante da Comissão de Proteção ao Animal da OAB de Santo André.

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